Lucho González foi oficializado como novo técnico do Ceará na noite de ontem. Com ele, outros três argentinos vão chegar para formar a nova comissão técnica do Vovô. Todos são esperados em Porangabuçu amanhã, na véspera do jogo do Vovô contra o Athletico-PR, pela 24ª rodada da Série A.
Talvez por isso, o ex-meia argentino decidiu, junto com a diretoria, que não fará sua estreia pelo clube — e também como treinador de futebol — já no sábado, 26. O interino Juca Antonello, que vem comandando a preparação do Alvinegro para encarar o Furacão desde terça, 23, é quem estará na borda do gramado do Castelão quando a bola rolar.
Mesmo assim, Lucho já poderá contribuir com o Ceará para a partida, uma vez que até abril fazia parte da comissão técnica do Furacão, como auxiliar técnico do Alberto Valentim, e conhece o elenco que vai enfrentar, podendo passar informações e ajudar com teoria. A partir da próxima segunda-feira, 28, é que deve começar de fato o trabalho da nova comissão técnica. Será uma semana aberta até o jogo contra o Flamengo-RJ, em 4 de setembro.
Para lhe auxiliar na nova missão, Lucho trouxe seu compadre — padrinho de casamento e do filho dele —, Walter Scarcini, que tem experiências como observador técnico no futebol francês (Nice, Montpellier, Monaco e Dijon) e norte-americano (Real Salt Lake e England Revolution). O outro escolhido foi Emmanuel Depaoli, que deixou o Estudiantes-ARG, onde trabalhava com Ricardo Zielinski, que foi alvo do Ceará. Além da equipe de La Plata, ele também trabalhou no Blooming-BOL, Emelec-EQU, Tucumán-ARG e na seleção do Equador.
A terceira peça que vai chegar é o preparador físico Diego Gianecchini, que tem no currículo a seleção do Irã, entre 2014 e 2019, e depois quase dois anos na seleção da Colômbia. Em clubes, passou pelo Banfield-ARG e Independiente-ARG.
O investimento feito pela diretoria alvinegra para montar a comissão foi de 50 mil dólares (cerca de R$ 255 mil), segundo o jornalista Sérgio Ponte, da Rádio O POVO CBN, que também informou haver cláusulas de desempenho no contrato firmado até o fim de 2022 para viabilizar um esticamento do vínculo até 2023. De acordo com Ponte, há uma premiação combinada caso Lucho leve o time para a Sul-Americana e em caso de classificação para Libertadores (ou fase preliminar), o valor dobra.
O contrato foi assinado ontem, de acordo com o clube, o que justificaria a demora em oficializar, mesmo com tudo acertado entre as partes desde terça. Nas redes sociais do Ceará, Lucho González mandou um recado para a torcida. “Estou muito feliz e muito animado com esse novo desafio e contamos com o apoio de todos vocês, dessa grande torcida, para ir em busca de nossas conquistas e nossos objetivos. Até logo", disse.
Ainda não há informação sobre a coletiva de apresentação do novo técnico. Na notícia de anúncio dele, o clube frisou que o ex-meia argentino se preparou para a função, tendo licenças para trabalhar como treinador (exige cursos) da CBF e da AFA (Associação Argentina de Futebol).
Ceará volta a ter técnico estrangeiro após 23 anos; veja histórico
Oficializado pelo Ceará ontem, Lucho González tornou-se o sexto treinador estrangeiro a assumir o clube de Porangabuçu na história. Antes do argentino, o último profissional de outra nacionalidade que havia comandado o Alvinegro foi o uruguaio Sérgio Ramirez, em 1999 — ou seja, 23 anos atrás.
De acordo com Eugênio Fernandes, pesquisador da história do Ceará, a primeira experiência do clube com um técnico de um país diferente aconteceu em 1957, com Luis Comitante. Na época, o uruguaio conquistou o título do primeiro turno do Campeonato Cearense, mas não seguiu no comando do time para o restante do certame estadual — do qual o Vovô sagrou-se campeão geral posteriormente.
Em seguida, foi a vez de um húngaro assumir a beira do campo do Alvinegro. Entre as temporadas de 1960 e 1962, o time foi treinado por Janus Tratay, o estrangeiro com mais jogos pelo Vovô — 158 partidas no total. Além do escrete preto-e-branco, pelo qual venceu duas vezes o Campeonato Cearense (1961 e 1962), também dirigiu outros clubes nordestinos, como o Treze-PB, Campinense-PB, Auto Esporte-PB, Sport e Bahia.
Para fechar a lista, o Vovô contou com outros dois nomes que vieram de outro país: o também húngaro Américo Brunner, em 1963, e o argentino Dante Jorge Bianchi, em 1967. Dante, inclusive, treinou a equipe do Fortaleza antes de acertar com o Ceará.
Luiz Comitante - Uruguai (temporada de 1957)
Janos Tratay - Hungria (temporadas de 1960, 1961 e 1962)
Américo Brunner - Hungria (temporada de 1963)
Dante Bianchi - Argentina (temporada de 1967)
Sérgio Ramirez - Uruguai (temporada de 1999)
Lucho González - Argentina (temporada de 2022)