A repórter Jéssica Dias, que fazia uma transmissão ao vivo para o canal ESPN, foi assediada por um torcedor rubro-negro na entrada do Maracanã na quarta-feira à noite. O homem foi detido e teve a prisão preventiva decretada após passar pelo Juizado Especial Criminal. Nesta quinta-feira, a jornalista afirmou que o gesto "não foi apenas um beijinho no rosto". "Eu sofri importunação sexual enquanto trabalhava e isso é crime", disse a jornalista. "Eu não queria beijo, não queria carinho, não queria passar três horas em uma delegacia. Eu só queria trabalhar."
Jéssica fazia uma passagem ao vivo junto a diversos torcedores pouco antes do início do jogo entre Flamengo e Vélez Sarsfield, quando o homem se aproximou e lhe deu um beijo no rosto, deixando-a visivelmente constrangida. O torcedor foi preso pouco depois. Jéssica afirmou que não pretende dar entrevistas por enquanto porque está focada em seu casamento, marcado para o próximo sábado. Mas escreveu sobre o caso em uma rede social.
"Antes (do beijo) tiveram muitos xingamentos e importunação porque o ao vivo demorava. Pedi calma e para que não ficasse xingando, não precisava. Vieram os 'pedidos de desculpas' com alisamentos nos ombros e um beijo no local", contou a repórter.
"Eu estava prestes a ser chamada para o link e mantive a posição. Existe uma logística que exige concentração. Outra tentativa de beijo no ombro. Me esquivei e meu câmera chamou a atenção dele. O último ato foi o beijo no rosto. Que poderia ter sido na boca, e não mudaria nada. Eu sofri importunação sexual enquanto trabalhava e isso é crime. Eu não queria beijo, não queria carinho, não queria passar três horas em uma delegacia. Eu só queria trabalhar."
A repórter contou ainda que o filho do torcedor, um adolescente, pediu desculpas a ela pelo gesto do pai. E encerrou a nota falando sobre o seu casamento, no próximo sábado. "O ser humano que fez isso estava com um filho menor de idade que se desculpou pelo pai. O menino não tem culpa, não punam a família dele", escreveu a jornalista.
"Eu agradeço todo apoio e carinho dos meus chefes, colegas, torcedores, telespectadores e ouvintes. Agradeço em especial ao Bandeira e ao André, minha equipe na pauta. Dois homens de caráter, que foram atrás do cara e ficaram comigo o tempo todo. Sábado eu me caso e, no altar, vou beijar o homem que eu permiti que o fizesse. Ficarei uns dias longe daqui e dos canais. Obrigada a todos."
O CASO
A informação foi confirmada pela jornalista Isabelle Costa, da S1 Live, que acompanhou o caso de perto e divulgou as atualizações do ocorrido pelo Twitter. A foto compartilhada pela comunicadora mostra o torcedor na delegacia, acompanhado do filho. "O cinegrafista e o auxiliar da emissora seguraram o rapaz para que ele não fosse embora. Por trás das câmeras, o cidadão estava passando a mão na repórter, além do beijo", escreveu Isabelle em um dos tuítes.
Pelas redes sociais, a ESPN repudiou o episódio e informou que está tomando as providências necessárias. A repórter também recebeu apoio de outras emissoras de TV e clubes de futebol. No Twitter, o Flamengo lamentou o ocorrido e reforçou que "atos repugnantes como esse não representam a Nação Rubro-Negra".
"O Clube de Regatas do Flamengo repudia o assédio cometido por um torcedor rubro-negro com a jornalista da ESPN Jéssica Dias durante reportagem antes da partida desta noite. É lamentável que atos repugnantes como este, que não representam a Nação Rubro-Negra, ainda aconteçam", registrou o clube em seu perfil nas redes sociais.
O Vasco, rival do Flamengo no Rio de Janeiro, também prestou solidariedade à jornalista da ESPN. Outros veículos esportivos, como SporTV, TNT Sports e GE.com, também saíram em defesa da repórter e repudiaram a atitude do torcedor rubro-negro. O torcedor terá de responder criminalmente.