A Argentina sofreu uma dura e inesperada derrota de virada para a Arábia Saudita, por 2 a 1, na estreia na Copa do Mundo do Catar, ontem, em Lusail, e pode se complicar no torneio.
Os sauditas, que protagonizaram a primeira grande surpresa da competição, pareciam, na teoria, a equipe mais fraca do grupo C, que é completado por México e Polônia, e tudo começou bem para a Albiceleste, com um pênalti convertido por Messi. Depois de três gols argentinos anulados por impedimento, os sauditas viraram o placar no início da segunda etapa, com Saleh Al Sheri e Salem Al Dawsari.
A torcida da Argentina, uma das mais numerosas no Catar, invadiu o Lusail Stadium mais confiante do que nunca na seleção de Lionel Scaloni, que encerrou o longo jejum de 28 anos sem títulos ao conquistar a Copa América em 2021, em pleno Maracanã, contra o Brasil.
O Mundial do Catar é também carregado de emoção para a Albiceleste por ser o primeiro desde a morte do ídolo Diego Maradona em novembro de 2020, aos 60 anos, e muitos torcedores o homenagearam desde o início da manhã com suas camisas, bandeiras, faixas e os tradicionais cantos.
Dentro do estádio, os sauditas também marcaram presença, com várias camisas verdes espalhadas pelas arquibancadas. Mas só os mais otimistas imaginavam que seriam testemunhas de um jogo tão histórico.
Em campo, a Argentina encontrou mais dificuldades desde o início diante de uma defesa bem montada pelo técnico francês Hervé Renard. O que aliviou a tensão logo no início foi o pênalti marcado aos 7 minutos. Em uma cobrança de falta de Lionel Messi na área, Paredes foi agarrado por um defensor saudita e caiu. O árbitro consultou o VAR e marcou a penalidade a favor da Argentina.
O atacante do PSG cobrou no canto esquerdo enquanto o goleiro Mohammed Al-Owais pulou para o direito. Foi o sétimo gol em Copas do Mundo de Messi, que também alcançou outra marca importante ao entrar em campo ontem: o astro argentino se juntou ao seleto grupo de jogadores que disputaram cinco Mundiais, formado pelo mexicano Carbajal (1950-1962) o alemão Lothar Matthäus (1982 a 98), o italiano Buffon (1998 a 2014) e o também mexicano Rafa Márquez (2002 a 2018).
Mas o que se seguiu ao gol de pênalti parecia um prenúncio de que nada seria fácil para os argentinos. Aos 21 minutos, Messi recebeu um lançamento e ficou cara a cara com o goleiro, mandando a bola no canto. Mas o impedimento foi marcado já que o astro estava levemente adiantado.
Papu Gómez deu outro passe em profundidade, desta vez para Lautaro Martínez, que entrou em velocidade e tocou por cobertura. O jogador comemorou muito, mas, para sua decepção, também estava em posição irregular. Aos 34 minutos, o mesmo Lautaro recebeu de Messi, driblou o goleiro e marcou. O VAR acusou novo impedimento. E assim terminou o primeiro tempo. Com 1 a 0 no marcador, mas algo de muito estranho no ar.
Logo aos 3 minutos da segunda etapa, Al-Brikan conseguiu desviar um lançamento para Saled Alshehri, que se livrou do zagueiro Cristian Romero, penetrou na área pela esquerda e chutou cruzado no canto.
O gol de empate levou os torcedores sauditas ao delírio. Mas a reação não ficou só aí. Cinco minutos depois, Al-Abida entrou na área, chutou e Romero afastou de cabeça. Salem Al Dawsari pegou a sobra no meio de vários marcadores e soltou a bomba no ângulo esquerdo, fora de alcance de Martínez.
A incredulidade ficou estampada no rosto dos jogadores da seleção argentina e seus torcedores, enquanto a euforia tomou conta da torcida saudita.
Aos 18 minutos, o goleiro saudita Mohammed Al Owais evitou o empate em um chute à queima-roupa de Tagliafico. Aos 27, Di María chutou cruzado demais e, aos 35, Lionel Messi cobrou falta por cima do travessão. O mesmo camisa 10 não conseguiu marcar em uma cabeçada muito fraca. Debaixo das traves, o zagueiro Abdulelah Al Amri evitou o gol de empate em uma última tentativa de Julián Álvarez, no início dos acréscimos.
Os nervos à flor da pele e a bem organizada defesa dos sauditas deixaram o resultado inalterado e a Argentina acabou perdida "no deserto". No sábado, 26, pela segunda rodada, o jogo contra o México já poderá ser considerado uma final para a Argentina.
Argentina
4-3-3: Emiliano Martínez; Nahuel Molina, Romero (Lisandro Martínez), Otamendi e Tagliafico (Acuña); Paredes (Enzo Fernández), De Paul e Papu Gómez (Julián Álvarez); Messi, Di María e Lautaro Martínez. Téc: Lionel Scaloni
Arábia Saudita
4-3-3: Al-Owais; Abdulhamid, Al-Tambakti, Al-Bulayhi e Al-Shahrani (Al-Burayk); Kanno, Al-Malki e Al-Faraj (Al-Abid (Al-Amri)); Salem Al-Dawsari, Al-Brikan (Asiri) e Al-Shehri (Al-Ghanam). Téc: Hervé Renard
Local: Estádio Lusail, em Lusail-QAT
Data: 22/11/2022
Árbitro: Slavko Vincic-SVN
Assistentes: Tomaz Klancnik-SVN e Andraz Kovacic-SVN
Cartões amarelos: Al-Malki, Al-Bulayhi, Salem Al-Dawsari, Al-Abid, Al-Owais (SAU)
Gols: Messi, aos 9min/1T (ARG); Al-Shehri, aos 2, e Salem Al-Dawsari, aos 7min/2T (SAU)