Correspondente do O POVO na Copa do Mundo do Catar, o jornalista Victor Pereira foi atacado durante cobertura na área externa do Lusail Stadium, palco do jogo Argentina x Arábia Saudita, e teve o celular apreendido por policiais após confundirem a bandeira de Pernambuco com o arco-íris símbolo LGBTQIA+.
O repórter filmava voluntárias pernambucanas no Mundial, que exibiam a bandeira do estado natal, quando foi abordado por membros da segurança local. Em vídeo gravado após o episódio, Victor relatou o nervosismo com o ocorrido.
“Estou nervoso, estou tremendo. A gente estava com a bandeira de Pernambuco aqui. Estou aqui com alguns voluntários de Recife. Fui atacado por alguns integrantes do Catar e policiais achando que era bandeira LGBT. Fui filmar e eles pegaram meu telefone e só devolveram obrigando a deletar o vídeo que eu fiz. Só consegui meu celular de volta quando eu deletei o vídeo. Isso é um absurdo. Nós temos autorização da Fifa para filmar absolutamente tudo aqui no estádio”, relatou Victor.
Victor denunciou o caso para o chefe de comunicação do estádio e chegou a falar com funcionários da Fifa, organização responsável pelo torneio mundial. “Algumas pessoas vieram e pediram desculpas e disseram que nenhuma pessoa tinha direito de tomar o celular. Se eu quisesse poderia denunciar ao chefe da comunicação aqui do estádio, que eles têm câmeras de segurança. A gente estava entre dois postes e os dois têm câmeras. Eles disseram que eu poderia fazer isso e eu vou fazer”, disse.
Até o fechamento desta matéria, porém, a maior entidade do futebol não deu qualquer desfecho ao caso. Na internet, as imagens repercutiram a nível nacional. O episódio foi reproduzido por portais esportivos e também de entretenimento.
O Catar é um país que criminaliza a homossexualidade, com penas que vão desde a prisão à possibilidade de pena de morte. O Governo local não flexibilizou as medidas para o Mundial e símbolos LGBTQIA+, como bandeiras com arco-íris, estão proibidas.
O movimento de seleções como Inglaterra, França e Dinamarca de apoio à comunidade LGBTQIA+ durante a Copa do Mundo foi vetado pela Fifa. Os capitães destas equipes tinham se planejado para usar braçadeiras com arco-íris e a mensagem "One Love", mas após ameaças de punição da entidade acabaram desistindo.