O relógio batia meio-dia quando a nossa reportagem chegou ao 900 Park, em West Bay, distrito comercial de Doha. Ali, algumas dezenas de torcedores já fantasiados, pintados e vestidos de verde e amarelo já estavam presentes. Havia chegado o dia da tão aguardada estreia do Brasil na Copa do Mundo do Catar. Mas faltando 10 horas para a partida começar, o que fazer? Bem, os brasileiros já sabiam bem desta resposta.
O fluxo de chegada da torcida canarinha só aumentava. Ainda estava sendo transmitido o jogo entre Uruguai e Coreia do Sul no telão (apenas o 2º jogo do dia), quando o ambiente já estava cheio. Torcedores de diversos locais do Brasil e do mundo se juntaram para fazer o famoso esquenta.
Axé, samba, batucada e cânticos de exaltação da história do Brasil em copas e de provocação aos argentinos, tudo isso regado com comidas brasileiras, como feijoada e churrasco, e a tão cobiçada cerveja, que tem venda proibida nos perímetros dos estádios.
Quatro horas antes da partida começar, boa parte da torcida iniciou o caminho rumo ao Estádio de Lusail, onde o Brasil venceu a Sérvia por 2 a 0. A multidão com as cobres brasileiras tomaram conta das plataformas de metrô e o barulho era ensurdecedor. A ponto que fez os seguranças e funcionários do metrô se renderem e posarem para fotos e filmarem o cenário arrepiante.
Para o paulista Conrado Macedo, a experiência de viver esta Copa do Mundo está sendo especial, principalmente pelas distâncias menores e uma maior possibilidade de encontrar “todo tipo de torcedor”.
“É a minha primeira Copa e está sendo muito legal. A gente encontra uma galera mais festeira aqui, de outras culturas ali, mas esse é o diferencial desta copa”.
Sobre a ausência de bebida alcoólica nos estádios, Conrado minimizou: “No hotel em que a gente está ficando, tem bebida alcoólica. Consegui beber também no FIFA Fan Fest. E não achei tão caro”, confessou o paulista que mora nos Estados Unidos há 24 anos.
O empresário goiano Murilo Brito arrumou uma maneira de ingerir bebida alcoólica no estádio, mas, além de ter um custo altíssimo, ainda assim teria que seguir algumas existências. É que ele comprou o ingresso na modalidade Hospitality, que prevê serviço de buffet e open bar totalmente gratuitos.
“Para nós, brasileiros, é uma experiência difícil. Já fomos em 3 cCopas e esta é a mais diferente. A bebida faz falta no estádio e, por isso, optamos por essa categoria de ingresso, que nos permitia beber até duas horas antes da partida e uma hora depois”, completou Murilo, confessando que cada ingresso custou em torno de R$ 6 mil.
No entanto, há quem acredita que a presença ou ausência de bebida alcoólica não interfere no ânimo da torcida. O acreano Lucas Callegari, de 28 anos, acredita que a animação da torcida não depende da bebida.
“Eu acho que a animação está dentro da gente. Claro que a galera que curte bebida, está sentindo um pouquinho de falta. Mais dificuldade, tem que ir ao hotel, pagar mais caro, mas essa barulheira dentro do vagão do metrô é a comprovação que a animação está nas alturas”, completou.