Um dos protagonistas da seleção brasileira nesta Copa do Mundo, Vinícius Junior afirmou que o Brasil ainda vai "bailar" muito no Catar. O atacante disse o estoque de danças é grande. Ele contou que existem outras dancinhas engatilhas e rebateu os críticos, como o ex-jogador irlandês Roy Keane, que considera um desrespeito esse tipo de comemoração.
"O gol é o momento mais importante do futebol, não só nós ficamos muito felizes, como agora na Copa, um país inteiro torce por nós. Temos muitas comemorações para fazer ainda", prometeu Vini Jr., em entrevista coletiva ontem.
Uma das expressões culturais do Brasil, a dança não será abolida na seleção brasileira. A ideia é repetir o que foi feito após os quatro gols na vitória sobre a Coreia do Sul. Na ocasião, até mesmo Tite entrou na roda e participou de um dos festejos, a "dança do Pombo", comemoração tradicional de Richarlison.
"Que a gente siga fazendo muitos bailes e jogando bem para chegar até a final nesse ritmo", disse o astro do Real Madrid. "A galera gosta de reclamar quando vê o outro feliz, e o brasileiro é sempre muito feliz. Que a gente possa seguir com a nossa alegria, porque tem muito mais gente por nós do que contra nós".
O atacante assumiu o protagonismo quando Neymar estava ausente e continuou sua jornada de brilho quando o camisa 10 retornou para a partida contra a Coreia do Sul. Vini Jr. é o atleta com mais participação em gols do Brasil no Mundial.
Ele marcou um e participou de seis dos sete gols que a equipe marcou no Catar. Saíram de seus pés a assistência de trivela para Richarlison ir às redes contra a Sérvia e o cruzamento para Paquetá selar o baile diante dos sul-coreanos, que garantiu o time nas quartas de final.
O atacante do Real tem o apoio de Neymar para continuar a jornada de brilho. Ele revelou uma conversa que teve com o ídolo que virou amigo e explicou como ele lhe ajuda em campo e fora dele. "Ele me falou que a Copa do Mundo é diferente de qualquer outra competição. Agora estou vivendo, sei quanto a Copa é importante para o nosso país, para todos. Ele me falou isso e sempre levei comigo, não sabia o tamanho, mas quando tocou o hino vi a diferença que é jogar uma Copa pelo seu país", contou.
"Eu fico feliz de estar aqui representando cada brasileiro, estar jogando com meu ídolo, com amigos que tenho aqui, e que essa união que temos possa nos levar para um lugar muito alto", completou.
Vini Jr. é novo. Aos 22 anos, já experimentou ganhar a maior competição de clubes da Europa graças a um gol seu e ostenta uma extensa galeria de troféus em Madrid. Mas ainda falta a mais cobiçada das taças para ele erguer, o que faria riscar em seu caderno as metas que traçou quando se tornou profissional no Flamengo.
"Fico muito feliz de ter alcançado as metas que coloquei na minha vida com apenas 22 anos. Tenho os melhores jogadores ao meu lado, na seleção e no Real. Se Deus quiser, até dia 18 colocamos mais um na lista, e depois vou tentar ganhar tudo outra vez".
Apenas Carlo Ancelotti foi mais vezes citado que Neymar na entrevista de Vini Jr. O atacante explicou como o treinador italiano foi importante em seu desenvolvimento. O atleta chegou aos Real Madrid aos 18 anos e sentiu dificuldade para se adaptar assim que chegou na Espanha.
Acostumado a trabalhar com craques do quilate de Ronaldo Fenômeno e Zinedine Zidane, Ancelotti conseguiu potencializar o futebol de Vini Jr. "Sempre me deu a confiança que preciso, os esporros que preciso também no momento certo. É como um pai pra mim, dá o carinho e a responsabilidade", descreveu sobre o seu comandante no Real Madrid. "Faz isso comigo e com todos os jovens. O Ronaldo sempre fala que foi o melhor treinador dele, pela parte tática, técnica e também por saber lidar com grandes jogadores".
Ele vê semelhanças entre Ancelotti e Tite no "lado humano". "Eles têm a consciência do que é o melhor para o jogador. De entregar tudo muito fácil para quando chegar em campo ter muitas opções, saber o caminho do gol. Não só o improviso".
Vini Jr. foi um dos atletas que Ronaldo convidou para comer o controverso bife folhado a ouro estimado em R$ 9 mil no restaurante Nusr-Et, do famoso chef turco Salt Bae, em Doha. Ele rechaçou as críticas que recebeu pela presença no restaurante.
"Acredito que na folga posso fazer o que bem entender. Quando estou de folga tento me distrair ao máximo e fazer o que acho que é melhor pra mim. Não acredito que devam falar sobre o que a gente tem que fazer fora de campo, sim cobrar o que fazemos dentro de campo".