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Trio brasileiro junta dinheiro por 4 anos e vive Copa no exterior pela primeira vez
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Trio brasileiro junta dinheiro por 4 anos e vive Copa no exterior pela primeira vez

Com poupança mensal, Bruno Rocha, Djalma Maciel e Murilo Medeiros passam dez dias no Catar e assistem a quatro jogos do Mundial 2022
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brasileiros Bruno Rocha, Djalma Maciel e Murilo Medeiros viajaram para a Copa do Mundo (Foto: Divulgação/Acervo pessoal)
Foto: Divulgação/Acervo pessoal brasileiros Bruno Rocha, Djalma Maciel e Murilo Medeiros viajaram para a Copa do Mundo

Esta história começa na final da Copa do Mundo de 2018, na Rússia. A aproximadamente 11,8 mil quilômetros do Estádio Lujniki, onde a França bateu a Croácia e sagrou-se bicampeã mundial, o gestor de carteiras Bruno Rocha teve a ideia de jogar no grupo de WhatsApp com outros 19 amigos a proposta de juntarem dinheiro, a partir daquele dia, para curtirem a copa seguinte.

“Pensei: 'Pô, a gente tem quatro anos para se programar, é mais uma questão de disciplina financeira do que qualquer outra coisa'”, conta o paulista, que, de forma unânime dentro do grupo, é considerado o mais organizado no quesito finanças. Bruno usou dos conhecimentos técnicos que tem para fazer uma projeção do que era necessário para a viagem e, depois de alguns cálculos, chegou ao valor mensal de R$ 300.

Mas nem todo mundo achou uma boa ideia. “Ninguém acreditou que iria dar certo. Só dois aderiram à minha ideia”, comenta Bruno, corinthiano roxo, que, por ironia do destino, recebeu a bordo um são-paulino e um palmeirense. “Rola uma zoação entre a gente, mas nossa amizade está acima disso”, brinca o analista financeiro Djalma Maciel, palmeirense, que há um ano vive no Texas (EUA).

“Bruno é o mais organizado, a gente só jogava o dinheiro na mão dele, e ele administrava. Costumo brincar que poupávamos uma pizza por semana, porque é basicamente isso mesmo”, explica o empresário Murilo Medeiros, torcedor do São Paulo e dono de uma escolinha de futebol na capital paulista.

Durante os quatro anos de preparativos, o projeto fez também com que os amigos estivessem ainda mais próximos uns dos outros. “Como é um prazo longo, de quatro anos, a cada nova notícia sobre a Copa a gente já se juntava ali. Início da venda dos ingressos, discutindo passagem, vendo opções de hospedagem”, comenta Bruno, o dono da ideia.

Um ponto importante é que ficou definido, desde o início, que só fariam o que estivesse dentro do orçamento estipulado pelo grupo, estando inclusos a passagem aérea, a hospedagem e os ingressos. “A gente acordou que o dinheiro era dos três. Se a passagem do Bruno fosse R$ 2 mil e a do Murilo R$ 3 mil, o dinheiro saía desse fundo coletivo, para que seja de uma forma igualitária”, explica Djalma.

Alimentação e outras despesas pessoais não estavam inclusas neste orçamento maior, mas cada um dos três levou a mesma quantia destinada para esses tipos de gasto e a dinâmica segue a mesma. “A gente vai comer, todo mundo no mesmo lugar e a conta é paga desse dinheiro, para que todos vivam exatamente a mesma experiência”, conclui o palmeirense.

Com o dinheiro foi possível estar no Catar por uma semana. O trio desembarcou em Doha na madrugada do dia 3 deste mês, um pouco depois da derrota do Brasil para Camarões na primeira fase. Depois, foi possível ir para três jogos: a vitória da Inglaterra por 3 a 0 sobre Senegal, a goleada brasileira por 4 a 1 diante dos coreanos e Portugal 6x1 Suíça.

Para Djalma, valeu a pena. “A gente tem uma frase: ‘É épico!’. É indescritível o que estamos vivendo aqui. Acabamos de sair do Lusail (estádio de Portugal x Suíça), olhamos para trás, ficamos olhando o estádio lá, bonitão, falei: ‘Nem foto e nem vídeo consegue mostrar o que foi isso aqui’. É de arrepiar”.

Diante do case de sucesso, os amigos prometem repetir o feito já a partir do retorno às respectivas casas, pensando na próxima Copa do Mundo, que terá três sedes, em 2026: Estados Unidos, Canadá e México. “A gente já sabe quais são os problemas, onde pode dar problema, onde não pode, então a gente consegue melhorar ainda mais o planejamento”, confessou Bruno.

De acordo com Bruno, o case não será restrito a eles e nem a projetos envolvendo futebol. “Inclusive, as nossas esposas vão começar a fazer uma coisa bem parecida. Ainda não sabemos exatamente para o quê farão, mas sabemos que vai ser um modelo a ser seguido para que elas tenham também o momento de diversão delas com as amigas”.

Sobre os outros amigos, acompanham o Mundial do Brasil pela TV e, através das redes sociais, a jornada do trio em terras cataris. “Faltando 15 dias para Copa começar, teve dois ou três que falaram: ‘Ah, mas se tivesse me falado, eu tinha ido também’. Aí a gente responde: ‘Não, a gente falou para todo mundo’!”, comenta Djalma, em tom de brincadeira.

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