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Vencendo ou não a Copa, Messi merece estar ao lado de Pelé e Maradona na história
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Vencendo ou não a Copa, Messi merece estar ao lado de Pelé e Maradona na história

Título do Mundial coroaria a brilhante carreira do craque, mas não é obrigatória para que esteja na mesma prateleira que os eternos camisas 10 de Brasil e Argentina
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Ídolo argentino almeja igualar Maradona (Foto: Anne-Christine POUJOULAT / AFP)
Foto: Anne-Christine POUJOULAT / AFP Ídolo argentino almeja igualar Maradona

A história do futebol foi modelada por muitos craques, com carreiras brilhantes e conquistas eternas. Nas prateleiras imaginárias dos melhores de todos os tempos, Pelé e Maradona preenchem a mais importante delas — mas há espaço para outros. Messi, genial em sua época, assim como o Rei e Dieguito, tem, por méritos, todos os pré-requisitos para integrar esta seleta posição, mesmo que não vença a Copa do Mundo.

Medir a grandiosidade de cada um dos três é subjetivo. Para nós, brasileiros — e muitos outros —, Pelé certamente é o maior que já passou por este planeta. Para os argentinos, Maradona, e agora Messi, possuem esse status. A verdade é que todos tiveram um enorme impacto no esporte e revolucionaram, dentro de campo, a forma de se jogar futebol. São talentos à frente do tempo em que atuaram, e é isso que os torna tão especiais.

"Para o mundo do futebol, a conquista da Copa do Mundo é fundamental para estabelecer o tamanho do jogador na história. Conduzir uma seleção ao título mundial é missão para poucos. As épocas de Pelé, Maradona e Messi são diferentes, é preciso notar isso. Pelé é o maior de todos, Maradona é um personagem imenso dentro e fora do campo. E Messi, se campeão, estará entre eles. Para mim, no entanto, ele estará entre os maiores com ou sem Copa”, opinou o comentarista Paulo Calçade, da ESPN Brasil.

Se Pelé e Maradona polarizaram o reinado do futebol no século passado, neste foi a vez de Messi, ao lado de Cristiano Ronaldo, dominar o cenário do esporte. O alto nível apresentado pelo argentino, aliado a uma fantástica consistência de desempenho e protagonismo com a bola, resultou em uma carreira brilhante, repleta de títulos e conquistas pessoais.

Vitorioso, o meio-campista acumula 41 títulos na carreira, sendo o segundo atleta com mais troféus conquistados na história do futebol, atrás somente do brasileiro Daniel Alves, que possui 43. Pelé, com 37, completa o pódio do ranking. Com o Barça, foram 20 anos e uma lista de triunfos extensa: La Liga (10); Copa do Rei (7); Supercopa da Espanha (8); Champions League (4); Supercopa da Uefa (3); e Mundial de Clubes (3).

Apesar de multicampeão e eleito sete vezes o melhor jogador do mundo pela revista France Football na tradicional premiação “Bola de Ouro”, discutiu-se, por muito tempo, sobre a relevância de Messi na seleção nacional, debate que aconteceu, inclusive, entre os argentinos. Sim, o atacante, que hoje é reverenciado pela torcida no Catar, já foi tratado com indiferença pelos compatriotas, cenário potencializado, sobretudo, pelos longos jejuns de títulos que assolaram a Albiceleste.

Até 2021, o camisa 10 havia conquistado pela Argentina um Mundial sub-20, em 2005, e a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de 2008, em Pequim. Na Copa do Mundo de 2014, as esperanças foram restabelecidas com a chegada na final após 24 anos sem disputar uma decisão do torneio, mas a Alemanha, com um gol na prorrogação, frustrou as expectativas — e o sonho de Messi erguer a taça.

"Ganhar a Copa para ser considerado um dos maiores jogadores do mundo era importante para jogadores sul-americanos que não atuavam pelos grandes clubes europeus antes da globalização do futebol. Pelé é o exemplo supremo. Foi muito mais pela seleção do que pelo Santos, embora tenha sido bicampeão mundial de clubes, que o Rei mostrou sua majestade a quem detém o poder sobre o esporte mais popular do planeta. Puskás, Eusébio e Cruyff não precisaram da Copa para ser reconhecidos, porque já estavam na Europa, onde se dá o reconhecimento. Messi é de uma nova geração e, mesmo nascendo do nosso lado do oceano, como fez toda a carreira por lá e teve praticamente todos os seus lances exibidos pela TV e pela internet para todos os cantos, tornou-se um ícone global. Se for campeão pela Argentina, terá uma realização pessoal e fechará com uma conquista merecida sua trajetória nos Mundiais. Mas não precisa do título para mudar de status", avaliou o jornalistas Marcelo Barreto, do SporTV.

A angústia de não comemorar um título importante desde 1993 acabou em 2021, quando a Argentina, em pleno Maracanã, derrotou o Brasil e consagrou-se campeão da Copa América com Messi sendo o grande protagonista da campanha. Desde então, o clima pelas bandas de Buenos Aires mudaram.

Com 35 anos, Messi confessou que esta será a sua última Copa do Mundo. E por ser a última, o meia tem entregado tudo de si em campo.

Muito além dos números, a postura de Messi nesta Copa tem sido diferente. Vibrante e aguerrido, resgatou o espírito adormecido de Maradona. Até provocações, algo que nunca foi habitual em sua carreira, ele tem protagonizado — como no jogo contra a Holanda. Na final contra a França, o camisa 10 terá uma nova oportunidade de conquistar o título que lhe falta para coroar a fantástica trajetória que construiu no futebol. Na prateleira dos gênios, porém, ele já está.

“Para mim, Lionel Messi já é tão grande quanto Pelé ou Maradona. Acho que a consagração, se acontecer, será uma ratificação do quão imenso ele é como jogador, de tudo que deu ao futebol mundial. Logicamente, não ter Copa ainda é uma grande conta pendente, mas nem por isso ele é menos jogador que Pelé ou Diego”, disse o jornalistas argentino Nico Villarruel, do jornal Crack Deportivo.

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