O astro brasileiro Vinicius Junior foi, mais uma vez, alvo de racismo na Espanha. Diante do Valencia, pelo certame nacional, na rodada do final de semana, o camisa 20 teve que escutar torcedores adversários chamando-o de "macaco" nas arquibancadas. Indignado, o atleta paralisou a partida e sua ação, seguida de indignação própria e dos companheiros de time, mobilizou o futebol mundial.
Isso ocorreu porque Vini Junior vive, de maneira reincidente, uma perseguição na Europa. Desde a temporada 2018/2019, quando estreou com a camisa do Real Madrid, que o atleta tem que lidar com os mais diferentes tipos de ataque racistas e xenofóbicos vindo de torcedores adversários antes, durante e após as partidas. Cansado de ser alvo, o camisa 20 do Real Madrid publicou um texto após o jogo, no qual lamentou a normalização que a liga responsável pelo Campeonato Espanhol dá ao crime.
"O racismo é o normal na La Liga. A competição acha normal, a Federação também e os adversários incentivam. Lamento muito. O campeonato que já foi de Ronaldinho, Ronaldo, Cristiano e Messi, hoje é dos racistas. Uma nação linda, que me acolheu e que amo, mas que aceitou exportar a imagem para o mundo de um país racista", escreveu o atleta.
Em defesa a um de seus principais atletas, o Real Madrid informou a apresentação de uma queixa à Procuradoria-Geral do Estado espanhol por crime de ódio e discriminação, com base no artigo 124 da Constituição local.
Em resposta, o presidente da La Liga, Javier Tebas, acusou o jogador de não comparecer a duas reuniões em que a instituição pretendia conversar com o camisa 20 sobre o assunto. Prontamente, Vinicius o respondeu.
"Mais uma vez, em vez de criticar racistas, o presidente da La Liga aparece nas redes sociais para me atacar. (...) Omitir-se só faz com que você se iguale a racistas. Não sou seu amigo para conversar sobre racismo. Quero ações e punições. Hashtag não me comove", reiterou.
A Fifa também se manifestou. Por meio de um comunicado, o presidente Gianni Infantino prestou solidariedade ao jogador e detalhou o protocolo recomendado pelo órgão em casos de racismo no futebol.
No Brasil, além do apoio dos clubes — inclusive Ceará e Fortaleza — e da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Vinicius Júnior também recebeu amparo do presidente Lula e dos Ministérios de Igualdade Racial e da Justiça. A ministra Anielle Franco, da pasta da Igualdade Racial, ressaltou que acionou o Ministério Público da Espanha para que o torneio seja investigado. Já Flávio Dino, ministro da Justiça, não descartou a possibilidade de recorrer a uma medida jurídica excepcional caso nada seja feito em terras europeias.
“Estamos, no âmbito do Ministério da Justiça, estudando a possibilidade de aplicação de um princípio chamado da 'extraterritorialidade’. O Código Penal prevê que, em algumas situações excepcionais, é possível que, nos casos de crimes contra brasileiros", explicou o ministro. Além disso, o Itamaraty cobrou a embaixadora da Espanha.