A história entre o ex-zagueiro Tiago Alves e o Ceará, iniciada em 2017, ganhou novo capítulo desde a semana passada, quando o mineiro de 39 anos assumiu o comando do time sub-15 do Alvinegro.
Em entrevista ao O POVO, o ex-atleta relembrou a chegada ao clube há seis anos para disputar a Série B do Campeonato Brasileiro, pontuando o desempenho de oscilação que a equipe vivia, cenário semelhante ao do time de Guto Ferreira nesta temporada. Naquela ocasião, o Vovô conseguiu o acesso à elite nacional.
“Em 2017, eu cheguei já tinha algumas rodadas. Não me lembro qual era a rodada, mas, se não me engano, já tinham mais de 10 a 15 rodadas da Série B. (...) Tive a felicidade de participar daquele grupo que fez história aqui, de conseguir um acesso depois de alguns anos que o Ceará estava na Série B, e foi muito legal. Tivemos uma arrancada, estávamos oscilando bastante no campeonato e conseguimos uma série de vitórias que culminou nesse acesso, que ficou marcado na minha vida”, contou.
Na avaliação do agora treinador, é imprescindível uma sequência de vitórias na reta final da Série B. Atualmente, o clube cearense ocupa a 10ª colocação, estando a nove pontos do G-4. Com 14 rodadas a disputar, Tiago Alves acredita que o acesso ainda é possível, desde que o Alvinegro conquiste novamente, a partir dos triunfos, a confiança para a continuidade da competição.
“A Série B, quando você chega nessa reta final, é muito importante você ter uma série de vitórias. E nós conseguimos, naquela época (em 2017), encaixar essa série de vitórias, o time deu uma liga necessária e conseguimos, nos proporcionando brigar lá em cima. Na Série B, é tão importante você estar pontuando a cada rodada, quanto você não perder a conexão com o G-4. A Série B, a gente brinca que são quatro títulos, são quatro taças, que são as quatro primeiras posições. Quanto mais perto você está desse grupo, mais você tem essa missão de chegar perto. Creio que o Ceará atingindo uma série de vitórias, duas ou três vitórias, não somente em pontuação, mas em questão de confiança, de ambiente de grupo, tudo melhora", destacou o ex-atleta.
"Nossa torcida é para o grupo conseguir essa série de vitórias, embalando novamente, para não perder essa distância com o G4 e, até o final do campeonato, brigar por esse acesso que ainda é palpável. Não tem nada definido. As próximas rodadas dirão muito sobre isso […] Fica nossa torcida e oração para que eles consigam fazer, porque o profissional estando na Série A, voltando para onde efetivamente deve estar, pelo investimento do clube, por tudo que o Ceará cresceu nesses últimos anos. A gente brinca que o Ceará, de 2017 a 2023, é um novo clube. Teve uma ascensão muito grande. E nós torcemos para o clube voltar, porque a base, puxando para o meu lado, colhe frutos, quando o profissional tem bons resultados”, comentou o treinador.
A passagem pelo sub-15 do Ceará será a primeira experiência como treinador de Tiago Alves. Para o ex-zagueiro, o Vovô é sinônimo de recomeço e, a partir dos laços criados entre 2017 e 2019, o clube voltou a abrir as portas.
“O Ceará foi um recomeço na minha vida. Passei entre quatro e cinco anos na Ponte Preta, desfrutando da Série A. Logo depois saí, vivi no Náutico, vivi no Red Bull Brasil. Com 34 para 35 anos, a gente já pensa na fase decrescente da carreira. E eu tive o convite do Ceará e pude voltar a me sentir um jogador da Série A novamente. Fiquei três anos aqui", recordou.
"Creio que essa lembrança que tive por parte da diretoria foi mais por um bom relacionamento que tive do que de resultados efetivos. Sempre tratei todo mundo bem, sempre fiz meu melhor nas condições que tive. Sou muito grato pelo que o Ceará fez. O pessoal está sempre mandando mensagens legais. Tive contato com o João, com o Sandro, a gente teve reuniões, assisti uns jogos e culminou com uma brecha, uma lacuna que teve no Sub-15 e me fizeram o convite. Mostrei para eles que vinha me preparando, me capacitando para poder aproveitar uma oportunidade. A oportunidade foi me dada, agora é trabalho de campo e poder devolver. Preciso devolver muito, eu tenho muito débito com o Ceará e tenho que pagar, devolver resultados, a confiança que me foi depositada”, explicou.
Tiago Alves está morando na Cidade Vozão, em Itaitinga, onde treinam as equipes de base do clube, desde a oficialização como comandante do sub-15. A ideia é estar próximo dos atletas e dos profissionais visando o Campeonato Cearense da categoria, que tem início marcado para 9 de setembro.
Atual campeão, o Ceará busca o tricampeonato do torneio, que é realizado desde 2011. Para assumir o papel de treinador, o ex-zagueiro realizou cursos da CBF Academy e fez estágios no Palmeiras e no Mirassol, além de passar por uma série de entrevistas com os gestores das categorias de base do alvinegro.
STJD pune Ceará com multa de R$ 40 mil por cânticos homofóbicos da torcida
O Ceará foi julgado na manhã de ontem pela 3ª Comissão Disciplinar do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) por conta dos cânticos homofóbicos da torcida e arremesso de objeto no gramado na partida diante do Vila Nova, pela Série B.
Denunciado pela Procuradoria, o clube foi absolvido da perda de mando de campo e foi multado apenas no valor de R$ 40 mil. Com isso, o Vovô seguirá tendo a presença da sua torcida nas partidas disputadas como mandante no restante da competição nacional. No julgamento, o clube alvinegro foi representado pelo diretor jurídico Fred Bandeira e o executivo jurídico Ranieri Mena Barreto.
No duelo contra o Vila Nova, disputado no dia 19 de julho, parte da torcida do Ceará vaiou um aviso da Arena Castelão repudiando os cânticos homofóbicos que vinham das arquibancadas. A praça esportiva tomou essa atitude após alguns alvinegros presentes cantarem músicas de tom preconceituoso.
O Vovô reuniu líderes de organizadas para conscientização dos torcedores sobre homofobia e racismo. A reunião aconteceu no CT de Porangabuçu e teve a presença de representantes do Ministério Público do Estado do Ceará (MP-CE) e membros da diretoria alvinegra.
Posteriormente, o clube foi notificado pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) por conta dos cânticos. A denúncia foi registrada pelo Coletivo de Torcidas Canarinhos LGBTQ. A arbitragem não relatou o episódio na súmula da partida. No documento, a CBF demonstrou preocupação com os cânticos entoados e solicitou campanhas e outras medidas de cunho educacional para prevenir e combater a descriminação de qualquer natureza nos estádios.