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Bia Souza bate número 2 do mundo no judô e conquista primeiro ouro do Brasil na Olimpíada
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Bia Souza bate número 2 do mundo no judô e conquista primeiro ouro do Brasil na Olimpíada

Brasileira despacha anfitriã na semifinal, derrota israelense Raz Hershko na grande decisão e sobe ao lugar mais alto do pódio em Paris
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Bia Souza fez trajetória perfeita até o ouro
 (Foto: Alexandre Loureiro/COB)
Foto: Alexandre Loureiro/COB Bia Souza fez trajetória perfeita até o ouro

O judô, em seu último dia de disputas individuais, reservou ao torcedor brasileiro a conquista mais aguardada dos Jogos Olímpicos de Paris-2024. Beatriz Souza, da categoria acima de 78kg, venceu a israelense número 2 do ranking mundial, Raz Hershko, e deu ao Brasil a primeira medalha de ouro na França.

A vitória é histórica também para a modalidade: pela primeira vez, uma brasileira sobe ao mais alto lugar do pódio olímpico da categoria feminina mais pesada.

Somando os quatro combates, Bia passou ilesa. Sem nenhum golpe sofrido. Caminhada histórica que, para a atleta, começou aos 13 anos, quando deixou sua casa em Itariri, no interior de São Paulo, para a capital paulista, onde permanece até então. E no pódio, dividiu espaço com as outras três judocas, que eliminou ao longo de seu último capítulo nesta jornada.

"A luta mais difícil não é nem contra minhas adversárias, mas contra mim mesmo. A gente abdica de muitas coisas para estar aqui", afirmou.

Com o resultado, o judô se torna a modalidade que mais deu ouros a mulheres brasileiras e se isola como o esporte que mais garantiu medalhas ao País. O ouro de Bia é o 27º — e o número pode aumentar ainda nesta edição dos Jogos.

Hoje acontece a disputa por equipes mistas. Bia entrará no tatame mais uma vez, assim como Larissa Pimenta e Willian Lima, que receberam respectivamente um bronze e uma prata no domingo passado, 28.

"É inexplicável, uma das melhores coisas do mundo", disse à TV Globo sobre a sensação de ser campeã olímpica. A judoca solicitou que a família não viajasse para Paris nos Jogos e, segundo ela, a estratégia deu certo. "Eu consegui, deu certo mãe, pai eu consegui! Foi pela vó, mãe. Eu amo vocês mais do que tudo", disse à família, em contato por videochamada.

Beatriz Souza junta-se às judocas Sara Menezes e Rafaela Silva como campeã da modalidade. O confronto com a israelense foi o tempo todo favorável à brasileira. Bia conseguiu um waza-ari logo no começo da luta e o carregou até o fim do tempo regulamentar. Passiva, Raz Hershko não conseguiu fazer frente à adversária.

"Eu só fiz o que a gente vinha treinando todos os dias. É uma vida por um dia, a gente abdica de muitas coisas para estar aqui, e quando a gente abre mão de tudo e é campeã olímpica, vale muito a pena. Que venham muitas mais (medalhas) e vamos continuar torcendo para a galera", afirmou a brasileira em entrevista após a vitória.

Na semifinal, a judoca já havia derrotado a primeira do ranking: a francesa Romane Dicko. Bia levou a luta para o golden score, em que qualquer ponto vale a vitória, e conseguiu encaixar uma imobilização. A oponente bateu e desistiu do confronto quando percebeu que não conseguiria escapar.

Judoca francês Teddy Riner faturou medalha de ouro nas Olimpíadas de Paris
Judoca francês Teddy Riner faturou medalha de ouro nas Olimpíadas de Paris

Em casa, Teddy Riner leva 3º ouro individual no judô e canta hino com a torcida

O francês Teddy Riner deu mais argumentos aos que o consideram o maior judoca da história. Diante das arquibancadas lotadas do Campo de Marte, que contava, inclusive, com o presidente francês Emmanuel Mácron na torcida, o atleta nascido em Guadalupe conquistou, nos Jogos de Paris-2024, seu terceiro ouro olímpico individual, ontem.

A conquista diante de sua torcida levou Riner ao posto de judoca mais condecorado na história olímpica, com seis medalhas (quatro ouros e dois bronzes) em cinco edições, iniciada com o bronze em Pequim-2008. Ele também se igualou ao japonês Tadahiro Nomura, primeiro e até então único a ganhar três ouros em Jogos (Atlanta-96, Sydney-2000 e Atenas-2004).

Na final de Paris, Riner venceu o sul-coreano Minjong Kim, líder do ranking mundial, com um ippon (o golpe perfeito) a 16 segundos do final da luta. Antes, passou pelo terceiro do ranking, Temur Rakhimov, do Tadjiquistão, na semifinal, pelo quarto do mundo, o georgiano Guram Tushishvili, nas quartas, e pelo 15º do ranking, Magomedomar Magomwedomarov, dos Emirado Árabes Unidos, na estreia.

O francês apareceu apenas na sétima posição na última lista publicada pela Federação Internacional de Judô.

A trajetória de Teddy Riner

O atleta se aventurou, na adolescência, na escalada, golfe, tênis e natação. Quando optou pelo quimono, aos 15 anos, foi treinar no Instituto Nacional de Esporte, Expertise e Desempenho (Insep), do Ministério de Esportes da França, em Paris. Agora, 20 anos depois, acumula além das medalhas olímpicas 10 títulos mundiais. No meio de todas essas conquistas, o Brasil tem um lugar especial na carreira de Riner.

Ele costuma participar de períodos de treinamento por aqui e conquistou seu primeiro título mundial no Rio de Janeiro em 2007, quando, aos 18 anos, se tornou o mais jovem campeão mundial. O Rio também presenciou o segundo ouro olímpico dele, nos Jogos de 2016.

No país em que o judô nasceu, Riner "fracassou" e terminou apenas com a medalha de bronze individual, após dois ouros seguidos e o título por equipes nos Jogos de Tóquio, em 2021. A campanha ruim para os padrões de excelência estabelecidos pelo francês veio pouco depois do fim de uma invencibilidade de 10 anos. Na terceira rodada do Grand Slam de Paris, em 2020, Riner foi derrotado pelo japonês Kageura Kokoro e viu uma série de 154 lutas seguidas com vitória chegar ao fim.

Aos 35 anos, Teddy Riner poderia optar por um final de carreira grandioso, ouvindo e cantando o hino francês (La Marseillaise) com seus compatriotas no alto do pódio olímpico, mas isso não é certo.

"Fadiga não é uma preocupação no momento, então por que eu deveria parar se sou apaixonado pelo que faço? Por enquanto estou concentrado em 2024, mas também estou considerando a possibilidade de lutar em 2028", afirmou ele, antes da Olimpíada, ao jornal L'Equipe.

A organização dos Jogos de Paris-2024 informa que o mais vitorioso judoca da história olímpica pode ainda tentar aumentar sua coleção de medalhas, já que está inscrito para a disputa por equipes, na qual a França busca o bicampeonato e acontece hoje.

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