O dia de ontem foi agitado no Pici. Em meio à crise dentro de campo, mudanças drásticas aconteceram no clube. Alex Santiago, então chefe do departamento de futebol, e Bruno Costa, executivo, foram demitidos. Ambos faziam parte da equipe comandada por Marcelo Paz, CEO da SAF do Fortaleza — figura que, inevitavelmente, está interligada às decisões pelos desligamentos.
O primeiro a ter sua saída confirmada foi Alex Santiago, que, na última temporada, havia exercido o cargo de presidente da Associação do Fortaleza e, neste ano, passou para a função de diretor de futebol da SAF, a convite do próprio Paz. A convivência entre os dois em 2025, porém, foi conturbada. Conflitos de ideias e insatisfações de ambas as partes criaram um ambiente de atrito no dia a dia.
Esse contexto, inclusive, não passou despercebido pelos jogadores do Fortaleza. O elenco sentiu, sobretudo, as ausências de Paz — devido a viagens, palestras, eventos e reuniões — e de Alex Santiago, que não estava integralmente no clube por conta de outras atividades, como seu escritório e suas aulas, já que é professor.
Mas o motivo exposto pelo Fortaleza como justificativa para a saída de Alex Santiago foi outro. Em comunicado à imprensa, o Fortaleza explicou que a decisão “decorre, principalmente, de uma conduta considerada incompatível com os princípios de governança e integridade que regem a administração do Fortaleza Esporte Clube – SAF”, um contexto atrelado à premiação do título do Campeonato Brasileiro de Futsal, conquistado pelo Leão em 2024.
O fato de o pagamento da premiação pelo título ter sido feito pela Confederação Brasileira de Futsal (CBFS) diretamente para a conta de um jogador, em vez de passar pelos cofres do clube, foi a motivação exposta pelo Fortaleza para justificar a saída de Alex Santiago — que, na época, era presidente da Associação e principal defensor do projeto.
O ex-dirigente, em vídeo gravado para anunciar sua saída do Leão, confirmou o formato do repasse do dinheiro aos atletas, mas ressaltou que optou por deixar o Tricolor por conta própria, em razão de ter sua honra questionada. O atual presidente, Rolim Machado, em pronunciamento oficial, destacou que Alex não consultou ou informou nenhum órgão do clube sobre sua decisão e que seu desligamento ocorreu com consenso unânime da Diretoria Executiva e do Conselho de Administração.
Mas essa foi a “ponta do iceberg”. Internamente, o Esportes O POVO apurou que havia mais insatisfações em relação a Alex Santiago: o fato de ele ter ultrapassado o orçamento previsto para o futsal em 2024, que era de R$ 1,5 milhão, e de não ter realizado algumas obras esperadas no CT Ribamar Bezerra, em Maracanaú, porque o dinheiro foi realocado para a modalidade de quadra, também no ano passado.
No fim do dia de ontem, após reunião no Pici, foi a vez de Bruno Costa ser demitido. O executivo, contratado em 2023 e que tinha vínculo com o Leão até o próximo ano, também tinha um convívio conturbado internamente — o dirigente, por exemplo, não tinha prestígio com parte do elenco. O ex-dirigente também teve alguns atritos em sua passagem pelo Leão, inclusive com Alex Santiago.
É um momento de colapso no Fortaleza, dentro e fora de campo. A crise interna, agora exposta, escancara uma imagem diferente do clube, não tão transparente e harmoniosa.