Com apenas três vitórias nos últimos 16 jogos disputados — duas delas contra o Ferroviário —, a crise técnica do Fortaleza segue interminável. Vojvoda, por outro lado, não abre mão do seu modelo de trabalho, baseado no rodízio de jogadores, algo que vem implementando desde que chegou ao clube, no primeiro semestre de 2021. A ideia, entretanto, não tem surtido efeito positivo na atual fase do time.
Considerando o recorte das dez partidas mais recentes do Leão do Pici, o comandante argentino não repetiu a escalação inicial entre um jogo e outro em nenhuma ocasião, seja por opção ou por lesões dos atletas. Nesta sequência, os resultados foram péssimos: uma vitória, contra o Fluminense, na estreia da Série A, cinco derrotas e quatro empates.
Dentro desse contexto dos últimos dez jogos, alguns jogadores se destacaram como os mais utilizados por Vojvoda, sendo pilares da equipe. Além do goleiro João Ricardo, titular absoluto, os meio-campistas Martínez e Lucas Sasha foram os atletas de linha que mais iniciaram partidas, sete ao todo. Os atacantes Lucero e Marinho, assim como o zagueiro Kuscevic, escalados seis vezes, também figuram com destaque.
A estratégia de mudar jogadores com frequência tende a funcionar quando o elenco possui um padrão tático coletivo e um momento de nível técnico equiparado — ou seja, mesmo com as trocas, o time consegue manter a competitividade e a qualidade. Este não é o caso do Fortaleza de 2025. Pelo contrário, o escrete não possui identidade de jogo, e o rodízio torna a busca por consolidação mais complicada.
“É difícil entender a insistência de Vojvoda no sistema de rodízio em um momento em que o time não joga bem há meses. Se a cada partida você troca peças de uma equipe já sem encaixe, como alcançar algum tipo de evolução? Ofensivamente, o Fortaleza tem enormes dificuldades para criar jogadas e envolver os adversários. A defesa é vulnerável e só não é mais vazada porque conta com um goleiro ainda inspirado”, analisou Lucas Mota, editor-chefe e colunista do Esportes O POVO.
Thiago Minhoca, da Rádio O POVO CBN, tem pensamento semelhante. Para o comentarista, o fato de o Tricolor desta temporada não ter uma ideia de jogo estabelecida é um fator que torna o rodízio inviável e ineficaz. Nos últimos dez confrontos, por exemplo, além de não ter repetido escalações, Vojvoda utilizou quatro formações táticas diferentes: 4-3-3, 4-2-4, 4-4-2 e 3-5-2.
“No momento de crise técnica acentuada dentro de campo, Vojvoda precisa dar sequência naquilo que demonstra uma melhoria. As mudanças recentes, nos últimos jogos, sem manter uma ideia de jogo estabelecida, dificultam que o elenco ganhe a confiança necessária para a recuperação. As convicções, nesse momento, ficam para alguns atletas que não estão entregando um bom futebol há um bom tempo”, concluiu Minhoca.