São apenas três vitórias nos 16 jogos mais recentes da temporada. Além disso, o Fortaleza perdeu o Campeonato Cearense para o maior rival, o Ceará, pelo segundo ano consecutivo. Essa soma de fatores, na maioria dos clubes brasileiros, seria suficiente para causar a demissão do treinador. Prova disso é que, em apenas quatro rodadas da Série A, quatro técnicos já foram desligados de seus cargos.
O Leão, no entanto, caminha na contramão dessa lógica — e não pretende entrar para essa estatística. A coluna Afonso Ribeiro, do Esportes O POVO, apurou que a diretoria do Tricolor do Pici mantém total confiança no trabalho de Juan Pablo Vojvoda.
Internamente, o departamento de futebol entende que o treinador argentino, mesmo em meio às dificuldades e pressões por resultados, tem demonstrado capacidade de buscar soluções e vem sinalizando uma reação após promover mudanças táticas e dar novas oportunidades a atletas do elenco. Um exemplo é o jovem Gustavo Mancha, visto como uma aposta acertada da comissão técnica.
A convicção da diretoria leonina se sustenta, sobretudo, no histórico construído por Vojvoda no comando do clube. Desde que desembarcou em solo cearense, em 2021, o argentino transformou a equipe. Logo em sua primeira temporada, foi campeão cearense e recuperou um elenco sem confiança, imprimindo um estilo de jogo competitivo, organizado e, sobretudo, intenso.
Sob sua batuta, o Fortaleza alcançou feitos inéditos. Ainda em 2021, terminou o Brasileirão na quarta colocação, garantindo uma histórica vaga na Copa Libertadores de 2022 — a primeira da história do clube. Contudo, a temporada seguinte não começou bem. Focado na estreia continental, o time sofreu um baque e virou o turno do Brasileirão afundado na lanterna.
Mas Vojvoda não se entregou. Com reforços pontuais e uma reestruturação tática — abandonando o tradicional esquema 3-5-2 em favor de um 4-4-2, com variações ao 4-3-3 —, conduziu uma recuperação impressionante. O Tricolor escapou do rebaixamento com sobras e, mais do que isso, voltou à Libertadores no ano seguinte, algo impensável na metade daquela campanha.
Em 2024, o clube voltou a enfrentar uma espécie de “minicrise”, ainda sob o impacto emocional do vice-campeonato na Copa Sul-Americana de 2023. O início do ano foi irregular: perda do Campeonato Cearense e uma campanha abaixo do esperado na fase de grupos da Copa do Nordeste — posteriormente, conquistou o título. O desempenho em campo não agradava ao torcedor.
Ainda assim, como já virou rotina, Vojvoda reagiu. Encontrou soluções dentro do elenco, ajustou o time e liderou mais uma campanha sólida no Brasileiro. O Fortaleza voltou a brigar na parte de cima da tabela e, pela terceira vez em quatro temporadas, garantiu vaga na Libertadores — consolidando-se como uma das equipes mais consistentes do futebol brasileiro recente.
Assim, mesmo com o início abaixo das expectativas em 2025, a confiança em Vojvoda permanece inabalada. A história recente mostra que, com ele, o Fortaleza sempre dá resposta — e a diretoria aposta que desta vez não será diferente.