Vice-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e apontado pela Justiça do Rio de Janeiro como interventor após o afastamento de Ednaldo Rodrigues, Fernando Sarney definiu, nesta sexta-feira, 16, a data da eleição da entidade: a votação será no próximo dia 25, um domingo.
As 27 federações estaduais e os 40 clubes das Séries A e B escolherão o próximo mandatário e oito vice-presidentes para o quadriênio 2025–2029. A publicação do edital de convocação será neste sábado, 17. De domingo, 18, a terça-feira, 20, os candidatos poderão inscrever as chapas.
A Assembleia Geral Eleitoral será no dia 25, véspera da chegada do técnico italiano Carlo Ancelotti, que se despedirá do Real Madrid para assumir a seleção brasileira.
No fim de março, Ednaldo havia sido reeleito por unanimidade por todas as federações e pelos clubes das duas principais divisões do Campeonato Brasileiro para permanecer no cargo até o fim de 2030. No entanto, a oposição passou a fazer denúncias na Comissão de Ética da CBF e na Justiça Comum.
Em paralelo, as federações estaduais de futebol fizeram o primeiro movimento para definir o novo presidente da CBF, ainda na noite dessa quinta-feira. Um grupo de 19 entidades lançou um manifesto público, pedindo "renovação e descentralização" do futebol nacional, sem citar o nome de Ednaldo Rodrigues.
Estas 19 federações — entre elas a Federação Cearense de Futebol (FCF) — estiveram entre o grupo que apoiou de forma maciça Ednaldo na eleição realizada em março. Ednaldo foi destituído da presidência da CBF por decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ).
Poucas horas depois, o movimento político teve início nos bastidores. "O futebol brasileiro vive um momento decisivo. É urgente enfrentar desafios estruturais que há anos limitam o potencial do nosso futebol. Precisamos de um calendário equilibrado, arbitragem profissionalizada, gramados de qualidade, segurança nos estádios e competições fortalecidas", inicia o documento.
Os dirigentes estaduais pedem estabilidade à CBF e criticam a "estrutura excessivamente centralizada" da entidade atualmente. "É fundamental garantir estabilidade institucional à CBF. Precisamos virar a atual página de judicialização e instabilidade que há mais de uma década compromete o bom funcionamento da entidade e o avanço do futebol brasileiro. É também momento de resgatar a autonomia interna da CBF, hoje sufocada por uma estrutura excessivamente centralizada e desconectada das instâncias que compõem o ecossistema do futebol nacional."
O documento não cita nomes, mas nos bastidores se fortalece o nome de Samir Xaud, presidente eleito da Federação Roraimense (FRF). O dirigente tem 41 anos e nasceu em Boa Vista, em Roraima. Ele é médico especialista em infectologia e medicina esportiva. Além disso, Samir é empresário, proprietário de um centro de treinamento que oferece atividades voltadas à vida fitness, saúde e bem-estar. É ainda filho do ex-presidente da FRF.
Segundo apurou a o Estadão, o perfil jovem de Samir é um ponto favorável na avaliação dos dirigentes que o apoiam. Por outro lado, o nome gerou reações negativas entre alguns clubes consultados. Existe a preocupação de que haja interferência política na indicação. A pouca relevância de Roraima no cenário do futebol nacional também é fator de preocupação. Apenas o GAS (Grêmio Atlético Sampaio) disputa o Campeonato Brasileiro, na Série D.