A eleição para a presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) terá chapa única, encabeçada por Samir Xaud, presidente eleito da Federação Roraimense de Futebol (FRF). O candidato reuniu apoio de 23 federações estaduais, inviabilizando que Reinaldo Carneiro Bastos, da Federação Paulista (FPF), inscreva sua candidatura, que precisa de, no mínimo, oito entidades estaduais.
A chapa terá como candidatos a vice-presidentes Flavio Zveiter, ex-presidente do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD); Michelle Ramalho, presidente da Federação Paraibana de Futebol; José Vanildo, da Federação do Rio Grande do Norte; Ricardo Paul, da Federação do Pará; Ednailson Rozenha, da Federação do Amazonas; Rubens Angelloti, da Federação de Santa Catarina; Fernando Sarney, atual interventor da CBF e Gustavo Dias Henrique, Federação do Distrito Federal. A Federação Cearense de Futebol é uma das apoiadoras da chapa.
O mandatário da entidade do DF é um nome ligado a Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e sócio do IDP, parceiro milionário da CBF Academy. Foi Gilmar quem concedeu liminar para que Ednaldo Rodrigues voltasse à presidência após o primeiro afastamento, entre 2023 e 2024. A defesa de Ednaldo recorreu do afastamento e o ministro deu cinco dias para que a Procuradoria Geral da República (PGR) e a Advocacia-Geral da União (AGU) se manifestassem, antes que ele tomasse uma decisão sobre o pedido de impugnação.
Somente quatro federações não assinaram a candidatura: a de São Paulo (presidida por Reinaldo Carneiro Bastos), a de Pernambuco, a do Mato Grosso e a de Tocantins. Já entres os clubes, Xaud teve apoio de Grêmio-RS, Palmeiras-SP, Vasco-RJ e Botafogo-RJ (da Série A) e Remo-PA, Paysandu-PA, Athletico-PR e Volta Redonda-RJ (da Série B).
Para inscrever-se na eleição, são necessários oito federações e cinco clubes. Reinaldo Carneiro ganhou apoio público de 32 times, entre eles Ceará e Fortaleza. O nome do dirigente paulista se tornou o favorito entre as agremiações após uma reunião de membros da Liga do Brasil (Libra) e da Liga Forte União (LFU) neste sábado, 17.
A novidade da chapa de Samir Xaud é a presença de Flávio Zveiter. Ele foi pré-candidato à presidência da CBF em 2024, no primeiro afastamento de Ednaldo Rodrigues, e atuou nos bastidores pela aceitação do nome de Xaud como candidato. Zveiter deve atuar como CEO da CBF.
A Assembleia Geral Eleitoral está marcada para o dia 25 de maio, com primeira convocação às 10h30min, na sede da CBF, no Rio de Janeiro (RJ). A comissão eleitoral permitiu a participação de forma remota, já que será um domingo de rodada do Brasileirão. No dia seguinte, o técnico italiano Carlo Ancelotti fará a primeira convocação dele à frente da seleção brasileira. Xaud prometeu manter Carleto como treinador.
Os capítulos mais recentes da crise da CBF começaram quando o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro recebeu uma determinação do STF para investigar a possibilidade de a assinatura de Antônio Carlos Nunes de Lima, o Coronel Nunes, no acordo que manteve Ednaldo Rodrigues no comando da CBF ter sido falsificada.
A revista Piauí aponta relação entre a primeira destituição de Ednaldo, em 2023, e o desembargador do TJ-RJ Luiz Zveiter, pai de Flávio Zveiter, que fazia oposição a Ednaldo. O paralelo também é traçado entre o presidente afastado e Gilmar Mendes. Foi uma reportagem da revista que revelou gastanças e práticas autoritárias na gestão da CBF, o que colocou Gilmar Mendes como alvo de críticas públicas.
Em meio ao anúncio de Carlo Ancelotti como novo técnico da seleção brasileira, movimento considerado nos bastidores como uma vitória política de Ednaldo, o dirigente se tornou alvo de três denúncias na Comissão de Ética da CBF por razões distintas. Entre elas estão denúncias de assédio dentro da entidade, gestão temerária e a própria suspeita de fraude no acordo homologado pela Justiça do Rio. O TJ-RJ foi responsável pelo afastamento. (Agência Estado, com André Bloc e João Bosco Neto / Especial para O POVO)