O que no ano passado era sinônimo de vitórias, grandes atuações e casa cheia, nesta temporada o fator casa deixou de ser uma força para o Fortaleza. A crise acentuada do clube em 2025, marcada por maus resultados e desempenhos decepcionantes em campo, passa também pelas atuações no próprio quintal, contexto que impacta diretamente na atual relação conturbada do time com a torcida.
Foram 17 partidas ao todo como mandante em 2025, entre duelos válidos por Campeonato Cearense, Copa do Nordeste, Copa do Brasil, Libertadores e Série A. Neste recorte, a equipe comandada pelo técnico Juan Pablo Vojvoda conquistou oito vitórias, três empates e sofreu seis derrotas. Ou seja, o Tricolor soma 53% de aproveitamento.
Dessas oito vitórias, porém, cinco aconteceram contra times da Série D ou que não possuem divisão nacional, caso dos rivais cearenses Ferroviário (Série D), Maracanã (Série D) e Cariri (sem divisão), além do Moto Club-MA (sem divisão). Os outros três triunfos foram sobre Fluminense-RJ e Juventude, pelo Brasileirão, e sobre o Colo-Colo-CHI, pela Libertadores.
Em relação às derrotas, o Leão foi superado pelo rival Ceará duas vezes, ambas no Estadual, por Vitória-BA e CRB-AL, no Nordestão, pelo Racing-ARG, na Libertadores, e pelo Palmeiras-SP, na Série A. Dos três empates que contabiliza, um, em específico, foi vexatório: diante do Retrô-PE, que culminou na eliminação do Tricolor na Copa do Brasil, após derrota por 4 a 1 nos pênaltis.
Consequentemente, cria-se um distanciamento com os torcedores — um elo que, historicamente, é fundamental para o sucesso do Fortaleza. Vaias, gritos de “time sem vergonha” e protestos tornaram-se corriqueiros em jogos do clube. O bate-boca de Moisés com tricolores na arquibancada do Castelão, após a eliminação para o Retrô, é mais um exemplo do desgaste causado pelo momento.
A baixa presença de torcedores nas partidas é outro reflexo da fase ruim. Na Série A, por exemplo, o Fortaleza tem somente a 14ª média de público, com 17.852 pessoas por jogo. Na Copa do Nordeste, o número é ainda menor: 10.800. No Campeonato Cearense, a média de 22 mil é impulsionada, sobretudo, pelos dois Clássicos-Rei em que foi mandante, na fase de grupos e no jogo de ida da final. Os dados são do Sr. Goool.
"Porque 'tira 20 jogadores e traz 20', sabe como termina isso? Agora 'não paga mais salários porque não está jogando', sabe como termina? Já sabemos como termina isso. 'O torcedor não vem mais ao campo, não apoia mais porque o torcedor só gosta quando o time ganha'. Sim, é verdade. Temos que dar resultado ao torcedor. O Castelão vazio é culpa nossa", disse Vojvoda em entrevista após a derrota para o Retrô.