A estrela de Hugo Calderano continua brilhando no céu de Doha, no Catar, durante o Mundial de tênis de mesa. Hoje, ele se tornará o primeiro brasileiro nas semifinais de um torneio deste tamanho — o segundo mais importante do circuito, só abaixo da Olimpíada. O brasileiro número 3 do mundo vai enfrentar o chinês Liang Jingkun, às 11h40min (horário de Fortaleza), com pelo menos uma medalha de bronze garantida, já que não há disputa pelo terceiro lugar na competição.
Calderano conquistou a vaga nessa sexta-feira, 23, ao vencer o sul-coreano An Jaehyun por 4 sets a 1 — sem dar qualquer chance de vitória ao adversário com parciais de 11/4, 11/6, 11/7 e 12/10. O rival é o 17º do ranking mundial.
O triunfo foi muito celebrado não apenas pela atuação soberana do mesatenista carioca, mas por aproximá-lo cada vez mais da possibilidade de ser primeiro atleta fora da Ásia e da Europa a ser campeão de um Mundial de tênis de mesa. Neste ano, ele levantou um inédito título de etapa de Copa do Mundo da modalidade, em Macau, na China.
Após a atuação impecável nessa sexta, ele celebrou os louros já alcançados. "Foi um grande jogo. É difícil expressar em palavras neste momento. Dou todos os créditos ao An Jaehyun, ele é muito forte, já esteve aqui antes e tem uma medalha de bronze. Parabenizo ele também. Estou muito feliz, muito agradecido por esse momento e quero continuar levando o melhor do tênis de mesa para o Brasil", afirmou o atleta, que terminou os Jogos Olímpícos de Paris-2024 na quarta colocação.
O carioca também aproveitou o momento para jogar qualquer responsabilidade sobre o próximo desafio para o adversário. "(O Liang) sabe jogar com essa pressão e tem experiência com esse tipo de competição. Vai ser um grande teste para mim", completou o medalhista brasileiro.
Apesar de ter um ranking menor atualmente, Liang representa a maior potência do tênis de mesa mundial. Dos oito semifinalistas em simples, cinco são chineses. O adversário também tem um histórico positivo contra Calderano, com quatro vitórias e apenas uma derrota na carreira. Por fim, o rival tem sete medalhas em Mundiais na carreira, sendo dois ouros (ambos por equipes) e cinco bronzes (três deles em simples).
Se o jogo da última sexta der tom ao que será disputado neste sábado, a promessa é um ritmo alucinante. Ontem, o brasileiro começou totalmente concentrado, não dando oportunidades ao sul-coreano, que foi displicente em alguns momentos. O brasileiro fechou o primeiro set com extrema facilidade por 11/4.
No segundo set, o sul-coreano chegou a reclamar do estilo de saque do brasileiro em uma tentativa de desestabilizar o adversário. Uma fiscal foi chamada para analisar, mas permitiu que Calderano continuasse com seu método. Isso fez com que ele voltasse ainda mais concentrado, vencendo por 11/6.
O terceiro set não começou tão bem para o brasileiro, que chegou a estar perdendo por quatro pontos. Hugo tirou a velocidade e usou mais efeito em suas tentativas, colocando dificuldade ao sul-coreano e chegou a diminuir para 9/8, fazendo o adversário pedir tempo. Jaehun, no entanto, conseguiu uma sobrevida ao levar por 11/9.
Calderano voltou agressivo no quarto set, largou na frente e apenas administrou a vantagem para confirmar 11/7 sem sustos. O último set não seria diferente. O brasileiro permaneceu intacto mentalmente e agressivo em suas jogadas. No entanto, o sul-coreano resolveu dificultar a vida do brasileiro, que pediu tempo e viu o jogo ser decidido no detalhe após o rival impedir três match-points, mas não o feito inédito do brasileiro no tênis de mesa: 12/10.
Na primeira rodada do Mundial, Hugo Calderano superou o mexicano Rogelio Castro. No segundo compromisso, bateu Wassim Essid, da Tunísia. No terceiro jogo, o brasileiro sofreu um pouco, mas derrotou o casaque Kirill Gerassimenko. No quarto, arrasou o nigeriano Quadri Aruna. E, agora, despachou o sul-coreano An Jaehyun.
A outra semifinal masculina é reedição de um dos resultados mais chocantes da história recente do tênis de mesa. O vice-líder do ranking, o chinês Wang Chuqin, reencontra seu algo em Paris-2024, o sueco Truls Moregard (7º do mundo). À época melhor do mundo, o asiático perdeu para o europeu nas quartas de final. O escandinavo venceu ainda Hugo Calderano, sendo parado apenas na final pelo chinês Fan Zhendong.
Já no feminino, as semifinais terão três chinesas e uma japonesa. Sun Yingsha (1ª do mundo) encara a nipônica Mima Ito (8ª), enquanto Wang Manyu (2ª) pega Chen Xingtong (3ª).
(Com André Bloc e Agência Estado)