O dia de ontem no Pici foi movimentado. Pela tarde, Matheus Pereira, contratado para reforçar o meio-campo, deu sua primeira entrevista coletiva como atleta do Leão. À noite, o clube anunciou, em um comunicado oficial, a rescisão do contrato com o argentino Pol Fernández, um dos nomes mais badalados do futebol cearense para a temporada de 2025. Assim como prometido pela diretoria em meio à crise, as mudanças estão acontecendo.
Acompanhado da esposa e dos dois filhos na sala de imprensa, Matheus demonstrou confiança quanto à sua capacidade de ser protagonista no setor central da equipe comandada por Vojvoda — algo que Pol, em nenhum momento enquanto esteve na capital cearense, conseguiu. O camisa 80 ainda revelou que recebeu propostas de clubes da Europa e que não tinha pretensão de retornar ao Brasil, cenário que mudou quando o Leão entrou em contato.
“O peso da instituição foi o que mais me motivou. Eu estava em final de contrato com o Eibar e tinha ofertas de outros clubes europeus. Anteriormente, já tive ofertas de times brasileiros, mas voltar para o Brasil não era uma opção — isso até o Fortaleza me chamar. Quando o Fortaleza me chamou e tive essa possibilidade de defender essas cores, sabendo da história e do tamanho do clube, de tudo que tem conquistado nos últimos anos, não hesitei em vir. Estou muito feliz com a minha decisão”, disse.
Com boa parte da carreira profissional desenvolvida na Europa, Matheus Pereira chega ao Fortaleza disposto a ajudar, seja onde for. No meio-campo, o jogador disse poder desempenhar qualquer função, seja como volante ou armador — algo que fez com frequência nos seus clubes anteriores, sobretudo no Eibar, da Espanha. O paulista de 27 anos, bem-humorado, brincou: “Só não jogo de goleiro”.
“Eu comecei como meia, no Corinthians, um camisa 10, mas, com o passar dos anos, na Europa, o sistema mudou muito. Então fui me adaptando, jogando também como primeiro ou segundo volante. Acho que hoje sou um jogador mais completo e posso fazer as três funções do meio-campo [...] Se for para ajudar o clube, eu só não jogo de goleiro. De resto, estou à disposição (técnico do Juan Pablo Vojvoda)”, contou.
De imediato, Matheus pode se encaixar no espaço vago deixado por Pol Fernández, que, em geral, no Fortaleza, atuou como segundo volante. A passagem do argentino pelo Pici foi completamente desastrosa. De principal reforço do ano, o camisa 5 tornou-se peça indesejada por boa parte dos torcedores. Não à toa, em mais de uma ocasião no Castelão, foi vaiado individualmente a cada toque na bola durante jogos do clube.
Foram 25 partidas com a camisa vermelho-azul-e-branca, recorte em que contribuiu com três assistências. Dentro de campo, a imagem deixada por Pol foi a de um jogador pouco combativo, displicente e sem criatividade. Na negociação para rescindir o contrato — que iria até o final de 2026 — o volante abriu mão de receber o valor pela quebra do vínculo, atitude destacada pelo Fortaleza na curta e objetiva nota de despedida.
É o início de um necessário processo de reformulação no Tricolor. Mais saídas devem ser anunciadas em breve, assim como chegadas — entre elas, dois estrangeiros: o meia chileno Diego Valdés, ex-Club América, do México, e o atacante argentino José María Herrera, ex-Argentinos Juniors.