O "Super Mundial" de Clubes não chega para ocupar o lugar do já tradicional Mundial de Clubes anual, que reúne os campeões de cada continente no fim do ano e que agora se chamará Copa Intercontinental. É algo que se propõe como novidade dentro de uma proposta já praticada há muito tempo no nicho de seleções.
O novo torneio, com participação dos brasileiros Botafogo, Flamengo, Fluminense e Palmeiras, traz, sobretudo, aporte financeiro, representatividade esportiva e, principalmente, um atrativo divertido para o público.
O investimento de 1 bilhão de dólares que a Fifa fará na edição de estreia do certame — equivalente a R$ 5,5 bilhões na cotação atual — é um demonstrativo de que a entidade quer emplacar o novíssimo Mundial no calendário global do futebol. Este enorme montante de dinheiro, vale ressaltar, é referente às premiações que serão distribuídas aos times.
Ao molde das Copas do Mundo de seleções, o torneio se propõe ser quadrienal — isto, é, realizado uma vez a cada quatro anos.
O primeiro país-sede do Mundial será os Estados Unidos. A competição, cujo início acontece neste sábado, 14, com a insossa partida entre Al Ahly, do Egito, e Inter Miami, dos EUA — time do argentino Lionel Messi —, terá seus jogos distribuídos em 11 cidades diferentes. Os quatro representantes brasileiros vieram aos moldes da agora chamada Copa Intercontinental. Venceram as últimas quatro edições da Copa Libertadores: Flamengo (2021), Palmeiras (2022), Fluminense (2023) e Botafogo (2024).
Há outros 28 clubes de 19 países diferentes. Dentre eles, gigantes como Real Madrid (Espanha), Manchester City (Inglaterra), Inter de Milão (Itália), Bayern de Munique (Alemanha) e o atual campeão da Champions League, Paris Saint-Germain (França), que está no grupo do Botafogo.
Clubes participantes da Copa do Mundo de Clubes da Fifa
O formato do torneio é simples e familiar: são oito grupos com quatro equipes, e os dois melhores colocados de cada avançam ao mata-mata. Caso haja igualdade de pontuação, o primeiro critério de desempate será o confronto direto. Semelhantes às Copas do Mundo de 1998 a 2022.
Os times jogam em turno único dentro do grupo. A primeira fase será encerrada em 26 de junho, uma quinta-feira, enquanto as oitavas de final começam em 28 de junho, um sábado. Se um jogo do mata-mata terminar empatado, o duelo será decidido na prorrogação, com disputa de pênaltis na sequência. Não haverá disputa de terceiro lugar na competição. Assim, serão 63 confrontos ao todo.
O caminho 1 no mata-mata terá o enfrentamento dos vencedores dos grupos A, C, E e G com os segundos colocados dos grupos B, D, F e H. Já o caminho 2 colocará frente a frente os líderes dos grupos B, D, F e H com os segundos colocados das chaves A, C, E e G.
Caso liderem seus respectivos grupos, os dois clubes com melhor ranking da Uefa (Manchester City e Real Madrid) só podem enfrentar os dois melhores colocados da Conmebol (Flamengo e Palmeiras) em uma eventual semifinal. O mesmo vale para os times 3 e 4 das duas confederações.
Calendário de jogos da Copa de Clubes da Fifa
Estádios da Copa de Clubes da Fifa
O vencedor do Super Mundial poderá ganhar até US$ 125 milhões (R$ 696 milhões). Cerca de metade do total de US$ 1 bilhão (R$ 5,57 bilhões) será dividida entre os 32 clubes, com o valor exato baseado em critérios esportivos e comerciais, o que significa que clubes como Manchester City e Real Madrid, por exemplo, receberão uma porcentagem maior.
Outros US$ 475 milhões (R$ 2,7 bilhões) serão concedidos com base no desempenho, ou seja, a equipe com o maior número de vitórias em sete partidas poderá receber o valor máximo de US$ 125 milhões (R$ 696 milhões).
Para os clubes brasileiros, a competição é extremamente rentável. Além da cota de participação de US$ 15,21 milhões — cerca de R$ 85 milhões —, os clubes podem aumentar a receita a depender dos resultados na fase de grupos. Uma vitória representa US$ 2 milhões (R$ 11 milhões), enquanto o empate rende US$ 1 milhão (R$ 5,5 milhões).
Premiação detalhada da competição
O Super Mundial não substituirá o tradicional Mundial anual, que agora se chama Copa Intercontinental. O formato se mantém quase idêntico, com o campeão da Liga dos Campeões entrando diretamente na final. Os demais clubes disputam a fase eliminatória desde as quartas de final.
A edição deste ano ocorrerá em dezembro, com possível conflito de calendário para clubes brasileiros ainda na disputa do Campeonato Brasileiro.
A nova disputa tem um peso extra para clubes como Real Madrid, Juventus, Inter de Milão e Manchester City conquistarem um título após terminarem a temporada europeia sem conquistas.
Curiosamente, Liverpool, Barcelona e Napoli, campeões nacionais de Inglaterra, Espanha e Itália, respectivamente, estão fora do torneio. Apenas Paris Saint-Germain e Bayern de Munique representarão as ligas dominantes.
O Real Madrid fracassou na Champions League e no Campeonato Espanhol, perdendo todos os confrontos diretos com o Barça. O Manchester City também não venceu títulos, algo incomum desde a chegada do técnico Pep Guardiola. A Inter de Milão perdeu o Scudetto na rodada final e foi goleada na decisão da Champions diante do PSG. Já Juventus e Borussia Dortmund se classificaram no limite para a próxima Liga dos Campeões, enquanto até mesmo Benfica e Porto foram superados pelo Sporting, em Portugal. Até o RB Salzburg, que ganhou 10 Bundesliga austríacas entre 2014 e 2023, vem de dois vices seguidos, ficando atrás do Sturm Grazm
A possibilidade de poder assistir um Botafogo contra Paris Saint-Germain, em um domingo de noite, em junho — data em que o futebol brasileiro está fervendo, com calendário repleto de torneios —, só era possível, tempos atrás, no videogame. Esse é apenas um de tantos outros confrontos que acontecerão no Mundial de Clubes.
A ideia ousada utiliza uma fórmula que tem tudo para funcionar, mas precisa ser abraçada pelo todo do futebol. Em campo, entrega técnica, jogos competitivos e histórias que marquem os torcedores são elementos fundamentais para o sucesso de um torneio. A tendência é que aconteça isso, apesar da maior parte dos clubes viverem um momento de alto desgaste físico.
Para Fernando Graziani, colunista do O POVO e âncora do programa Esportes do POVO, da Rádio O POVO CBN, o Mundial possibilita o encontro de times do mundo inteiro.
“Deixando de lado o calendário extremamente pesado do futebol mundial, eu entendo que a criação da Copa do Mundo de Clubes da Fifa é uma grande ideia. (São) Enfrentamentos que só eram possíveis em videogame. Os valores para cada equipe são muito significativos e o prestígio é gigantesco, porque simplesmente é a reunião, durante um mês, dos principais clubes do planeta dos quatro anos mais recentes, com jogadores e técnicos enormes. Tomara que seja um sucesso”, comentou.