Franco e direto, como costuma ser quando aparece publicamente, o diretor de futebol do Fortaleza, Sérgio Papellin, abriu o jogo sobre o momento atual do clube. Em entrevista ao programa "Esportes do POVO", ontem, na rádio O POVO CBN, o dirigente comentou sobre diversos temas, entre eles mercado da bola, a permanência de Juan Pablo Vojvoda e os diagnósticos internos sobre o elenco.
Embora o cargo do técnico Vojvoda tenha ficado em risco após a derrota para o Santos-SP, na Arena Castelão, antes da parada para o Mundial de Clubes, a diretoria do Leão do Pici optou por mantê-lo. Papellin reforçou a confiança no comandante argentino e explicou que os jogadores, na sua percepção, não estão fazendo “corpo mole” para derrubar o treinador.
“Na minha coletiva de apresentação, falei que, se tivesse alguma maçã podre no grupo, iríamos detectar. E, se existisse, iríamos tirar. Mas, no pouco tempo que tive para conviver com o grupo, percebi que ele é bom. Não existe aquele negócio de 'estão fazendo corpo mole para derrubar o professor Vojvoda'. Eu não senti isso. Eu senti que há uma insegurança pelo momento, pela instabilidade que o clube está vivendo. E somente as vitórias vão trazer essa confiança novamente”, disse.
O dirigente ainda revelou ter tido conversas particulares com Vojvoda, o qual descreveu como “emocionalmente abalado” e “muito triste” pela má fase do Fortaleza. Papellin disse tê-lo alertado sobre algumas questões, como a frequência de trocas de jogadores entre as partidas — algo que, segundo o diretor, também é um fator que gera insegurança em parte do plantel.
Com a manutenção do técnico confirmada, o foco total da diretoria tricolor está voltado para a reformulação do elenco. Até agora, quatro jogadores deixaram o Pici: os volantes Pol Fernández e Pedro Augusto, o zagueiro Titi e o lateral-esquerdo Felipe Jonatan. O dirigente destacou que outros atletas também devem sair e citou o colombiano Dylan Borrero, que está na mira de times colombianos, como exemplo.
Em contraponto, o Fortaleza não abre mão de manter determinados atletas, como Allanzinho, que ainda não se firmou, mas é visto internamente como alguém de grande potencial. Outros, como os meias Pochettino, Calebe e Kervin Andrade, também devem seguir no Leão. No mercado da bola, os olhares estão voltados para posições como volante, ponta e um centroavante.
Apesar de já contar com Lucero e Deyverson para a posição no setor ofensivo, Papellin explicou que a busca por outro camisa 9 parte de uma necessidade de ter um atacante com características diferentes, mais “brigador” e que dê “porrada em zagueiro”, referindo-se, com bom humor, à presença dentro da grande área.
“Nós precisamos de um cara com características diferentes. Lucero e Deyverson são jogadores técnicos, que saem mais da área. A gente precisa de um centroavante que brigue mais dentro da área, brigue com os zagueiros, segure a bola, leve porrada, dê porrada. Não temos esse perfil no nosso grupo. Temos dois bons atacantes, mas precisamos desse perfil”, contou.