Em meio às três derrotas consecutivas no Brasileirão e à pressão pela chegada de reforços, os chefes do departamento de futebol do Ceará concederam entrevista coletiva ontem, em Porangabuçu, para passar o momento a limpo. Haroldo Martins, CEO da pasta, e Lucas Drubscky, executivo, revelaram 12 tentativas por reforços, prometeram contratações, admitiram o mau momento e explicaram por que não há negociação em andamento com o meia-atacante Vina.
Com a cobrança da torcida para que novos nomes integrem o elenco comandado por Léo Condé, Haroldo relembrou — sem citar nomes — que havia acordo encaminhado pelo atacante Fabinho, do América-MG, que acabou se lesionando. O dirigente afirmou que há tratativa em andamento para compra de um atleta, mas evitou falar em quantidades e posições de reforços.
"É muito claro que o Ceará tem limitações financeiras. Isso não é muleta, é uma realidade. Mas a gente vai fazer tudo que tiver para fazer para suprir, porque isso não pode servir de desculpa", alertou.
Drubscky relatou que o departamento de futebol já havia mapeado as carências do elenco há "dois ou três" meses e que houve tentativas de contratações ainda durante a pausa do calendário nacional em razão do Mundial de Clubes, mas sem desfecho positivo para o Alvinegro. O executivo assumiu que o Vovô fez uma dúzia de investidas sem sucesso no mercado da bola para a atual janela de transferências.
"Está uma situação chata, estamos incomodados. Claro que nós estamos incomodados. A gente queria ter todos os jogadores há um mês, 40 dias. Não conseguimos até agora. Estamos atrás e não vamos parar enquanto não preenchermos as lacunas que temos dentro do nosso elenco", afirmou.
Apesar da posição mais discreta da dupla, o presidente do Ceará, João Paulo Silva, já tinha revelado a busca por um volante, um ponta e um centroavante. A carência no setor ofensivo — sobretudo após as saídas de Recalde, Lelê, Martínez e João Victor — faz o torcedor alvinegro pedir pelo retorno de Vina, que defendeu o clube entre 2020 e 2023 e está livre após passagem pela Arábia Saudita. Haroldo Martins disse que o meia está "sempre em pauta", mas que alguns critérios são avaliados.
"Não tem ninguém aqui com nada pessoal contra o Vina. A questão é de entendimento de construção do elenco, das necessidades técnicas. Se as coisas se encaixarem nesse sentido, pode acontecer. Se não, não acontece", ponderou.
A aparição pública dos chefes do futebol do Ceará aconteceu um dia depois da derrota para o Mirassol, por 2 a 0, no Castelão — o terceiro revés seguido na Série A. O time marcou apenas um gol nas cinco partidas mais recentes e terá uma dura sequência pela frente, contra Cruzeiro-MG, Flamengo-RJ e Palmeiras-SP — os três primeiros colocados.
"Eu entendo perfeitamente a insatisfação da torcida nesse momento. Além de gestor, eu sou torcedor desse clube e compartilho do sentimento. Ontem (quarta-feira, 23), eu fiquei puto, estava todo mundo puto quando termina o jogo daquele jeito ali", disse Haroldo Martins, apontando que o Mirassol fez apenas duas finalizações e converteu ambas.
Apesar da sequência negativa na competição, o Vovô ainda está na 12ª posição, com quatro pontos de vantagem para a zona de rebaixamento. O CEO do futebol cravou que não há problemas internos e mostrou confiança em uma recuperação.
"Turbulência não derruba avião. Balança, mas não derruba. A gente está num momento de turbulência, daqui a pouco vai sair desse momento", projetou Haroldo.
"A gente não está com vestiário ruim, não tem relação ruim de treinador com elenco e nem do elenco com comissão técnica ou direção. Está tudo funcionando. A gente está num momento tecnicamente ruim, as coisas não estão acontecendo em campo. Tudo que for necessário fazer para que isso volte a acontecer, vai ser feito, seja com reforço ou soluções técnicas", prometeu.
Executivo do Ceará explica conversas para renovação com Mugni
Executivo de futebol do Ceará, Lucas Drubscky concedeu entrevista coletiva ao lado do CEO de futebol, Haroldo Martins, na tarde desta quinta-feira, 24, em Porangabuçu. Questionado sobre a situação do meia Lucas Mugni, o dirigente afirmou que o clube tem interesse em manter o argentino, mas não garantiu sua renovação para 2026 — o atual vínculo do atleta com o Vovô vai até dezembro.
"O Ceará tem interesse em permanecer com ele, sim. Conversas estão em andamento para uma renovação que pode acontecer ou não. Não é porque o jogador está aqui que haverá renovação, isso não só com ele, mas com qualquer outro. Às vezes o jogador pode cumprir o contrato e seguir caminhos separados", disse.
Na sequência, o profissional destacou a identificação do jogador com o time e salientou que o acordo "tem que ser bom para as duas partes". Mugni está no Alvinegro desde o começo da temporada passada. Ao todo, já são 76 jogos, seis gols e 18 assistências com a camisa da equipe cearense.
"É um jogador que está identificado com o clube, que gosta daqui, que a gente já um certo momento entende que também quer permanecer aqui. O Ceará quer que permaneça, mas, óbvio, as duas partes têm que se entender e tem que ser bom para duas partes. Acordo que é bom para uma parte só não é um bom acordo", comentou Drubscky.
Por fim, Lucas ressaltou o trabalho da diretoria de futebol desde 2024. Ainda na fala, ele acrescentou que a renovação com Mugni pode ser benéfica ao clube, porém "não a qualquer custo".
"A gente, graças a Deus, tem conseguido fazer bons acordos, seja de contratações, de vendas, de compra, de empréstimo, enfim, qualquer que seja. Essa renovação dele vai ser como qualquer outro que a gente fez aqui. A gente entende que uma permanência dele pode ser um bem para o Ceará, mas óbvio que não a qualquer custo, não a qualquer preço", finalizou.