"No futebol existe o improvável, mas nunca o impossível”. A frase se encaixa com o que o Ceará protagonizou ontem, no Mineirão, contra o temido Cruzeiro. É verdade que o Cabuloso tinha todas as estatísticas e projeções a seu favor para o duelo, mas nada disso entrou em campo. Prevaleceu a força de um Vovô que, mesmo diante das adversidades, não abriu mão de lutar.
Não bastava o Alvinegro de Porangabuçu ter a dura missão de encarar o time que, até então, na Série A do Campeonato Brasileiro, era o líder da tabela, o melhor mandante, com sete vitórias e um empate em oito jogos, o segundo melhor ataque e a terceira melhor defesa. Ainda havia um ambiente hostil, no Mineirão completamente lotado, com mais de 50 mil pessoas empurrando a Raposa.
Do lado do Ceará, havia a desconfiança pelo momento ruim que a equipe atravessava: três derrotas seguidas no Brasileirão, uma delas de forma frustrante para o Mirassol, em plena Arena Castelão, na rodada passada. Além dos resultados em si, o desempenho em campo também estava abaixo. A pressão e o início de uma crise já rondavam Carlos de Alencar Pinto. Uma resposta precisava ser dada em campo. Mas logo contra o Cruzeiro?
Sim, logo contra o Cruzeiro, que acumulava 16 jogos de invencibilidade. O futebol é maravilhoso por isso: não importa o contexto, o elenco e nem a disparidade financeira, sempre haverá chance para os outros 11. E não foi sorte do Vovô, pelo contrário. O time cearense precisou superar um baque logo aos três minutos de jogo, quando o goleiro Bruno Ferreira falhou e deu de presente um gol para a Raposa.
Na jogada, o arqueiro se atrapalhou com a bola no pé, errou o passe para William Machado, e Kaio Jorge, artilheiro da competição, aproveitou e abriu o placar. Um início trágico para o Ceará, que precisou ter resiliência. Os momentos subsequentes foram de pressão do Cabuloso, intenso na marcação-pressão e com muita liberdade para articular lances ofensivos pelo meio e pelos lados do campo.
Somente a partir dos 35 minutos o Vovô conseguiu respirar. Em meio à baixa de concentração do Cruzeiro, o Alvinegro cresceu de rendimento. Assustou Cássio em finalização de fora da área, mas foi na bola aérea que encontrou o caminho do paraíso. O pequeno-gigante Galeano, com seus 1,69m de altura, subiu mais que todos da defesa celeste e empatou o jogo, em cabeçada após escanteio, aos 38 minutos.
Na etapa final, Condé até voltou com a mesma escalação, mas uma mudança que fez aos dez minutos mudou o rumo da partida. Fernandinho, quatro minutos após entrar no lugar de Pedro Henrique, fez jogada individual pela esquerda e acertou cruzamento perfeito para Galeano, que, novamente de cabeça, estufou as redes de Cássio. Uma virada que calou boa parte do Mineirão, enquanto torcedores do Vovô faziam um enorme barulho.
A partir disso, o Ceará precisou fazer um jogo de sustentação de pressão. A equipe alvinegra até chegou a marcar o terceiro, com Marcos Victor, porém o lance foi anulado por impedimento. Leonardo Jardim, técnico do Cruzeiro, acionou sua tropa no banco de reservas, entre eles Gabigol. De nada adiantou.
Na área do Vovô, havia um tal de William Machado, que teve uma atuação impecável na defesa. O zagueiro, que vem sendo um dos principais destaques do time nesta temporada, foi decisivo para que o placar não sofresse alteração. Como conjunto, a entrega do plantel alvinegro também foi fundamental, assim como a aplicação tática.
Uma vitória gigante e espetacular, que traz consequências muito positivas para o Ceará. Com a semana livre, o clima será leve, mas o foco deve manter-se alto. Afinal, no próximo domingo vem outra pedreira, que é o Flamengo, na Arena Castelão. E o Ceará já provou que não tem medo algum dos tidos gigantes.
Cruzeiro
4-4-2: Cássio; Fagner, Fabrício Bruno, Villalba e Kaiki (Bolasie); Lucas Romero, Lucas Silva (Matheus Henrique), Eduardo (Gabigol) e Matheus Pereira; Wanderson (Marquinhos) e Kaio Jorge. Téc: Leonardo Jardim
Ceará
4-3-3: Bruno Ferreira; Fabiano Souza, Marcos Victor, Willian Machado e Matheus Bahia; Richardson (Rafael Ramos), Dieguinho (Mugni) e Lourenço (Sobral); Galeano (Lucas Lima), Pedro Raul e Pedro Henrique (Fernandinho). Téc: Léo Condé
Local: Mineirão, em Belo Horizonte (MG)
Data: 27/7/2025
Árbitro: Raphael Claus-Fifa/SP
Assistentes: Danilo Ricardo Simon Manis-Fifa/SP e Luiz Alberto Andrini Nogueira/SP
Gols: 3min/1ºT - Kaio Jorge (CRU); 38min/1ºT e 14min/2ºT - Galeano (CEA)
Cartões amarelos: Pedro Henrique (CEA)
Público e renda: 52.802 presentes/R$ 3.286.100,58