Nem todo reencontro é só saudade. Às vezes, ele exige ajustes, conversas e disposição para ser diferente, ainda que os sentimentos dos torcedores permaneçam eufóricos. Aos 34 anos, Vinícius Góes, o Vina, está de volta ao Ceará e reencontrará o torcedor após mais de dois anos longe de Porangabuçu. Agora no campo, a emoção terá de virar razão.
Segundo apuração do repórter Horácio Neto, da rádio O POVO CBN, o atleta desembarca amanhã. A recepção já está garantida. Vina nunca deixou de se declarar ao clube e deixar claro a vontade pelo retorno. Acompanhou jogos no Castelão mesmo antes do acerto e reduziu a pedida salarial para firmar contrato até o fim de 2026. A resposta da arquibancada tende a ser afetuosa, mas a missão do camisa 29 vai além do simbolismo e da saudação ao passado.
Chega para competir por espaço em um time encaixado e não pode frear a evolução do Alvinegro sob o comando de Léo Condé, que pode — ou não — ajustar o time para o seu encaixe. O retorno vai exigir entrega na parte física e flexibilidade para ser introduzido nas ideias de jogo.
O técnico, conhecido por priorizar estabilidade e promover poucas mudanças, estrutura sua equipe num 4-3-3 de base fixa. Fez isso na campanha do acesso à Série A, em 2024, e segue com os ideais na surpreendente campanha na elite nacional. Os nomes se repetem na linha defensiva e no ataque. Pedro Raul, Galeano e o trio de meio formado por Sobral, Dieguinho e Mugni. Entre outros.
Este último, aliás, vem em queda de rendimento e pode abrir uma brecha para Vina, que tende a ser testado como meia-avançado, mais centralizado, atrás do atacante, papel que exerceu com brilho no passado.
Outra possibilidade tática seria o posicionamento como um atacante mais móvel, atuando solto, podendo cair pelos lados com liberdade de articulação, ou até como falso 9, função que chegou a fazer no próprio Ceará e na qual não rendeu o esperado. Essa última hipótese, no entanto, é remota, já que Pedro Raul tem status de titular incontestável e figura como um dos pilares do elenco alvinegro.
O sucesso da reintegração vai depender, antes de tudo, da disposição do atleta, não só em estar no clube, como mostrou, mas de estar em campo. Após passagens apagadas pelo Grêmio e pelo futebol da Arábia Saudita, Vina precisa demonstrar intensidade, foco e vontade.
Com 46 gols e 30 assistências em sua primeira passagem pelo Ceará, ele carrega no currículo o protagonismo da Copa do Nordeste de 2020, mas também o peso do rebaixamento de 2022.
Agora, inicia um novo capítulo, com o desafio de ser útil num cenário diferente: um Ceará disciplinado e consciente, mas que se moveu pouco no mercado e precisa agregar qualidade. Se conseguir entregar ritmo e se conectar com os companheiros, Vina pode voltar a se consolidar como uma lembrança feliz.