O presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Samir Xaud, foi alvo de operação de busca e apreensão da Polícia Federal (PF), nesta quarta-feira, 30, em investigação de suposta compra de votos nas eleições municipais de 2024, em Roraima. Além dele, a deputada federal roraimense, Helena Lima, e esposo dela, o empresário Renildo Lima, também foram alvos.
A Operação Caixa Preta, como foi nomeada, tem por objetivo investigar suspeitas de crimes eleitorais praticados em Roraima. Segundo apuração do portal g1, agentes da PF estiveram na sede da CBF e na casa de Xaud, no Rio de Janeiro. A Justiça também bloqueou R$ 10 milhões nas contas dos investigados.
Em nota, a CBF informou que “os agentes federais estiveram em sua sede entre 6h24min e 6h52min desta quarta-feira, 30”. Ainda na nota, a entidade ressaltou que “a operação não tem qualquer relação com a CBF ou com o futebol brasileiro” e que “Samir Xaud não é o centro das apurações”.
Ainda conforme a matéria, as investigações se iniciaram após a prisão de Renildo, em setembro de 2024. Na ocasião, o empresário foi encontrado, próximo à data do primeiro turno das eleições municipais daquele ano, com R$ 500 mil — sendo que parte do dinheiro foi encontrado em sua cueca.
Samir e Helena são do mesmo partido, o Movimento Democrático Brasileiro (MDB), e do mesmo grupo político em Roraima. O atual presidente da CBF chegou a ser candidato a deputado federal pelo partido em 2018 e 2022, mas não foi eleito. Atualmente, Xaud é o primeiro suplente do partido à Assembleia Legislativa do Estado de Roraima.
Na última segunda-feira, 28, Samir Xaud, se encontrou com o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, em Brasília (DF). Segundo o portal Metrópoles, na ocasião, ambos discutiram um acordo de cooperação entre a PF e a CBF sobre: Integridade do esporte; Combate à manipulação de resultados; Segurança do Mundial Feminino de 2027 no Brasil; e Segurança de grandes eventos em geral.
“Queremos fortalecer o combate à manipulação, com todos os órgãos que participam desse monitoramento. Queremos dar uma lisura a mais no futebol e acabar de vez com essa questão, que prejudica bastante o esporte no Brasil e no mundo. O que estiver ao nosso alcance, como instituição, vamos fazer para combater ainda mais rigorosamente a manipulação de resultados”, disse Xaud em entrevista ao Metrópoles.
O médico Samir Xaud assumiu a presidencia da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) no dia 25 de maio deste ano, após a destituição de Ednaldo Rodrigues. Presidente eleito da Federação Roraimense de Futebol, Samir foi escolhido após se apresentar como candidato único ao cargo.
O dirigente chegou à presidencia da entidade apesar da oposição de 21 clubes, entre os quais estão Flamengo e Corinthians, que boicotaram sua candidatura, lançada após a queda de Ednaldo. O Fortaleza e o Ceará também chegara a se manifestar contra o pleito com escolha única.
Xaud é filho do presidente da Federação Roraimense de Futebol, Zeca Xaud, que dirigiu a entidade por décadas.
Dois meses após assumir a CBF, Xaud vira alvo de operação
A paz na Confederação Brasileira de Futebol (CBF) durou pouco. Dois meses após assumir a presidência da entidade, Samir Xaud tornou-se alvo da Operação Caixa Preta, que investiga suspeitas de crimes eleitorais em Roraima, onde o médico de 41 anos atuava como vice-presidente da Federação de Futebol.
Embora seja um nome pouco conhecido nacionalmente, Samir faz parte de uma família tradicional no meio do futebol em Roraima, já que seu pai, Zeca Xaud, é presidente da Federação de Futebol de lá há 42 anos, desde 1983. A chegada do dirigente à CBF, claro, aconteceu envolta em polêmicas e questionamentos. Não à toa, diversos clubes fizeram oposição.
O nome de Samir ganhou destaque após o então presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, ser deposto do cargo, em decisão tomada por desembargadores da 21ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. O médico tornou-se o preferido entre as federações, sendo apoiado por 25 das 27 possíveis — inviabilizando a existência de oposição.
No dia da votação, que ocorreu em 25 de maio, 21 equipes questionaram o processo eleitoral e não foram votar. Havia, entre os clubes em questão, uma série de reivindicações, dentre elas a de que as federações tivessem menos poder de decisão. Flamengo e Corinthians estiveram entre os times que não compareceram, assim como o Fortaleza.
Em um de seus primeiros atos como presidente da CBF, Samir Xaud recepcionou o técnico italiano Carlo Ancelotti, que assumiu a seleção brasileira — em um movimento concretizado ainda na gestão de Ednaldo Rodrigues, que usava a contratação como cartada para se manter no cargo. O dirigente também acompanhou de perto a primeira convocação do treinador italiano, à época para os jogos contra o Equador e o Paraguai, pelas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2026.
Assim, com pouco mais de dois meses no posto, Samir tornou-se alvo de operação de busca e apreensão da Polícia Federal (PF), no âmbito eleitoral.
A CBF tem longa lista de presidentes afastados e até presos. Nos últimos sete mandatos, cinco foram tirados do poder. O mais emblemático foi Ricardo Teixeira, grande manda-chuva do futebol nacional. Ele acabou sendo até banido do futebol pela Fifa, em caso de suborno.
Sucessor de Teixeira, José Maria Marin — que faleceu neste ano — chegou a ser preso em 2015. Marco Polo Del Nero comandou a entidade até 2017, mas também foi banido sob acusação de corrupção. Mais recentemente, Rogério Caboclo e Ednaldo Rodrigues foram afastados da entidade. O primeiro foi acusado de assédios morais e sexuais. O segundo, de assédio e ainda de abuso de poder.