As buscas do Fortaleza no mercado da bola, por jogadores menos badalados e com mais foco na potencialização das carências do elenco, trazem um contraste com a estratégia adotada pelo clube no início da temporada, quando optou por um caminho diferente, com atletas mais experientes, currículo vasto e nomes de "peso" — ideia que, na prática, acabou sendo um total fracasso dentro e fora de campo.
As duas principais contratações para 2025, por exemplo, nem estão mais no Pici. David Luiz, zagueiro com passagens por PSG-FRA, Chelsea-ING, Arsenal-ING e Flamengo-RJ, chegou ao Leão sob enormes expectativas e com a missão de elevar o patamar do time em relação à disputa de grandes títulos. Foi o mesmo caso do argentino Pol Fernández, ex-capitão do Boca Juniors.
Nenhum dos dois correspondeu ao que se esperava. O volante chegou a ser vaiado pela torcida do Fortaleza em algumas ocasiões na Arena Castelão. O zagueiro, embora não tenha tido nenhum atrito com os tricolores, ficou marcado pelos péssimos resultados e atuações abaixo da crítica. Os dois rescindiram de forma amigável neste meio de temporada e deram continuidade à carreira em outros clubes.
Diogo Barbosa, campeão da Libertadores, Copa do Brasil e Série A, foi outro contratado no início do ano dentro desta ideia de perfil "vencedor" do departamento de futebol. O lateral segue no Leão, mas com enormes contestações da torcida — ele, assim como Pol, também já foi vaiado em alguns jogos na Capital.
Em entrevista à Rádio Bandeirantes, Marcelo Paz, CEO da SAF do Tricolor, apontou a busca por jogadores experientes e multicampeões como um dos fatores — não o único — que contribuíram para o baixo desempenho do clube no primeiro semestre do ano. Ele defendeu que a decisão foi tomada pelo anseio de conquistar algo maior, motivada especialmente pelo vice na Copa Sul-Americana, em 2023.
"É sim um dos fatores que contribuíram para a gente não ter um semestre bom. O semestre foi ruim. Mas tem uma justificativa: foi uma escolha muito coletiva dentro do clube. Passou pelo aval do (técnico Juan Pablo) Vojvoda, da diretoria de futebol, da gestão do clube, e o torcedor do Fortaleza tinha um desejo. Os torcedores diziam assim: 'Nós precisamos de um título maior'. Nós batemos na trave na Sul-Americana, nós ficamos em quarto no Brasileirão, ganhamos Cearense, Copa do Nordeste e a gente queria algo maior", explicou.
Naturalmente, em meio a uma necessária reformulação no elenco, o Fortaleza voltou a ter como foco no mercado para um perfil com o qual conseguiu ter sucesso em anos anteriores: jogadores jovens, fora do radar dos grandes times, em ligas menos atrativas, mas com grande potencial de retorno técnico e até financeiro. É o caso do volante Matheus Pereira, que estava na segunda divisão espanhola e é o principal destaque atual do Leão.
Outros, como o atacante Herrera, vindo do Argentinos Juniors, o meia colombiano Yeison Guzmán, ex-Torpedo Moscou-RUS, e o paraguaio Adam Bareiro, ex-River Plate, também se encaixam nesta ideia. É uma tentativa de revitalizar o plantel e dar mais opções para o técnico Renato Paiva quanto às variações táticas e de características de jogadores em campo.