"Fomos abandonados, nos deixaram à deriva". Ainda em choque pela noite de terror que viveram em Buenos Aires, os torcedores da Universidad de Chile culpam a polícia argentina de terem provocado o caos que começou nas arquibancadas do Estádio Libertadores de América.
O jogo entre Independiente e 'La U', na volta das oitavas de final da Copa Sul-Americana, se transformou em uma batalha campal entre as torcidas. Tudo começou quando um grupo de chilenos atirou pedras, assentos, garrafas e outros objetos em direção à parte inferior das arquibancadas, onde estava a torcida do Independiente.
As imagens de um torcedor que se jogou do andar de cima das tribunas ao ser encurralado viralizaram nas redes sociais. Ele se salvou porque um telhado amorteceu sua queda.
Tomás González não culpa somente as torcidas organizadas. Os policiais "nos deixaram abandonados. Na verdade, eles mesmos abriram as portas para que a torcida do Independiente entrasse pelo túnel para vir nos bater".
O saldo de um dos confrontos de torcida mais violentos dos últimos tempos: 19 feridos, três em estado grave, e mais de 100 detidos, segundo as autoridades. A partida foi cancelada — a segunda na temporada, após Colo-Colo x Fortaleza, em Santiago, pela Libertadores. O Tricolor do Pici terminou com a vitória, já que a invasão foi protagonizada por torcedores do clube chileno.
A Conmebol disse que decidirá as eventuais punições contra Independiente e Universidad de Chile só depois de reunir todos os relatórios dos incidentes, informou uma fonte da Confederação à AFP nesta quinta-feira, 21. O regulamento da Confederação estabelece multas, perda de pontos, fechamento de estádios, eliminação e até exclusão de torneios futuros.
"O caso foi encaminhado aos órgãos judiciais da Conmebol. Todas as informações dos fatos ocorridos dentro e fora do estádio estão sendo coletadas pelo Comitê Disciplinar", disse uma fonte da entidade que pediu anonimato, segundo a qual a investigação pode se estender por uma semana.
O presidente da Fifa, Gianni Infantino, pediu "punições exemplares" para os responsáveis pelos atos de violência ocorridos na Argentina.
"De todos na Fifa, nossos pensamentos estão com todas as vítimas inocentes e esperamos que as autoridades competentes apliquem punições exemplares aos responsáveis por esses atos terríveis", escreveu Infantino em uma publicação no Instagram.
O jogo entre argentinos e chilenos, que era disputado no Estádio Libertadores de América, no sul de Buenos Aires, foi cancelado depois dos confrontos violentos entre torcedores que terminaram com mais de 100 detidos, a maioria chilenos, e quase 20 feridos, segundo as autoridades.
Presidente do Chile, Gabriel Boric enviou o ministro do Interior, Álvaro Elizalde, para prestar auxílio a conterrâneos. "Vamos proteger os direitos dos nossos cidadãos sem prejudicar qualquer acusação que possa ser feita pela justiça", escreveu Boric no X, onde denunciou o "inaceitável linchamento de chilenos".
"Não há mortos por milagre", afirmou Michael Clark, presidente da Universidad de Chile, após visitar os feridos.