As rodadas vão passando, a tão aguardada reação por parte da torcida não acontece, e os números para o Fortaleza escapar do rebaixamento tornam-se cada vez mais difíceis. Ainda que o cenário da tabela esteja acessível e indique uma pontuação de corte menor que 45 — que costuma ser o número mágico para não correr risco de Z4 —, a projeção em percentual não é nada positiva.
De acordo com a estimativa feita pelo Departamento de Matemática da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o Fortaleza passou a ter, após a conclusão da 21ª rodada da Série A, 74,5% de chance de cair para a segunda divisão nacional. O percentual só não é pior que o do Sport-PE, lanterna da tabela, que possui 88% de probabilidade de rebaixamento.
Embora o Fortaleza tenha sido derrotado pelo Mirassol-SP, os resultados dos adversários diretos também foram negativos. Na rodada, nenhum dos times mais ameaçados conseguiu vencer: o Sport (20º) perdeu para o Palmeiras; o Juventude (18º) foi derrotado pelo Botafogo; o Vitória (17º) foi goleado por 8 a 0 pelo Flamengo; o Vasco (16º) caiu diante do Corinthians; e o Santos (15º) para o Bahia.
Desta forma, a diferença de pontuação do Fortaleza para o Vasco, que é o primeiro time fora da zona de rebaixamento, manteve-se em quatro pontos. No levantamento da UFMG, 42 pontos representam, no atual contexto, 15% de chance de queda — uma margem relativamente segura. Com 43 pontos, a probabilidade cai para 6%, enquanto com 44 o risco fica ainda menor: apenas 2%.
Sendo otimista e imaginando que 42 pontos sejam suficientes para escapar da queda à Série B, o Leão do Pici precisaria conquistar mais 27 pontos nos 18 jogos restantes. Em desempenho, isso significa vencer nove adversários — ou atrelar triunfos com empates. O problema é que, em 20 jogos no certame até agora, o Tricolor derrotou somente três rivais.
Além disso, nenhum outro time da Série A foi tão mal quanto o Fortaleza nas dez rodadas mais recentes. Considerando este recorte do torneio, o Leão do Pici amarga o pior aproveitamento, com apenas 18,5%, número que representa seis derrotas, dois empates e uma vitória em nove partidas disputadas.
No período em questão, o Tricolor foi comandado por dois treinadores: Renato Paiva, em sete ocasiões, e Vojvoda, em duas. O único triunfo ocorreu com o comandante português, diante do RB Bragantino-SP, na Arena Castelão. Nos seis duelos restantes, ele acumulou quatro reveses e dois empates — enquanto o técnico argentino, atualmente no Santos, perdeu ambos os jogos.
No ranking de desempenho das últimas dez rodadas, o RB Bragantino detém o segundo pior aproveitamento, com 23%, seguido por Sport, Fluminense e Atlético-MG, todos empatados com 29%. No topo da lista está o Palmeiras, com 83%, acompanhado do Flamengo (81%) e do Bahia (75%).
A matemática projeta de forma fria, mas o que importa, mesmo, é o que acontece em campo. Ainda só depende do Fortaleza.
Fonte: Departamento de Matemática da UFMG