O mercado da bola do Ceará foi conservador e seguiu a mesma linha estratégica da montagem do elenco no início do ano, buscando jogadores jovens, com bom potencial físico e capacidade técnica. O foco principal ficou voltado para o setor ofensivo da equipe, no meio-campo e no ataque. O departamento de futebol do Vovô, porém, pode ter deixado uma “lacuna” em aberto: a lateral esquerda.
Foram cinco contratações ao todo pelo Alvinegro na janela do meio da temporada, sendo três atacantes (Lucca, Paulo Baya e Rodriguinho) e dois meio-campistas (Vina e Zanocelo). O número de reforços ficou dentro da média em relação aos outros times do Brasileirão. Mirassol, Vasco, Botafogo e Palmeiras, por exemplo, anunciaram o mesmo número de atletas para reforçar seus elencos.
Outros, como Flamengo-RJ, Bahia, Cruzeiro-MG, Atlético-MG e São Paulo, com quatro contratações, também foram comedidos em número — mas não em investimento financeiro. Equipes que lutam contra o rebaixamento, Fortaleza, Juventude-RS e Sport-PE anunciaram 11 nomes cada para reforçar o elenco, cenário que os coloca no topo da lista de movimentação no mercado.
Na avaliação dos dirigentes do Ceará, a primeira linha defensiva do time não necessitava de reforços. Dentro de campo, a mensagem foi diferente. A partir do momento em que Matheus Bahia se lesionou — titular absoluto e peça fundamental no esquema tático de Léo Condé —, a lateral esquerda do time ficou exposta. O reserva imediato, Nicolas, não passou confiança e, quando acionado, pouco conseguiu contribuir.
Não à toa, Condé chegou a preferiu utilizar Rafael Ramos, que é lateral-direito, improvisado na esquerda. O contexto ocorreu nas partidas contra o Bahia, pela semifinal da Copa do Nordeste, e diante do Grêmio-RS, pela 21ª rodada do Campeonato Brasileiro. No duelo em Salvador (BA), inclusive, o português sentiu câimbras, precisou ser substituído e viu Nicolas, nos acréscimos, falhar diretamente no gol da vitória do Tricolor.
Em coletiva, Léo Condé justificou a decisão, afirmando que a escolha por Rafael Ramos na esquerda ocorreu por questões táticas, já que o português tem maior poder de marcação. É verdade, mas ofensivamente o Vovô perde muita força. Quando precisa subir ao ataque, o lateral, que não é canhoto, tem sérias dificuldades para cruzar bolas ou atacar a linha de fundo — algo que Matheus Bahia faz bem.
A boa notícia é que Matheus Bahia, recuperado de uma lesão no joelho, deve reintegrar o elenco nos treinos desta semana. A expectativa é de que o lateral fique apto para atuar já contra o Vasco da Gama-RJ, no próximo domingo, dia 14, em São Januário, no Rio de Janeiro (RJ). Caso contrário, Condé terá de decidir, novamente, entre Rafael Ramos ou Nicolas.