O Clássico-Rei de futsal dessa sexta-feira, 12, foi cancelado devido ao confronto entre as torcidas de ambas as equipes. O evento marcava o retorno do clássico com duas torcidas na modalidade e aconteceu no ginásio Paulo Sarasate, em Fortaleza (CE).
O Esportes O POVO entrou em contato com Edvando França, do Núcleo do Desporto e Defesa do Torcedor (Nudetor), do Ministério Público do Ceará (MPCE) para apurar sobre consequências da violência registrada. Segundo o promotor, as forças de segurança devem pensar em novas formas de agir em confrontos.
"Recebemos hoje o relatório da Polícia Militar e estamos decidindo, entre hoje e amanhã, quais serão as medidas tomadas. Vamos certamente tomar uma decisão mais enérgica, mas especialmente para o futsal, onde tem acontecido confrontos", disse. Segundo ele, o futebol também registra tais confrontos, mas fora do estádios. "Lá temos um controle maior, mas no futsal precisamos de outra forma de pensar. Seremos bem severos, para não voltar a acontecer", disse.
Um dos fatores para o maior controle em estádios é o sistema de reconhecimento facial, segundo avalia o promotor. A ferramenta é obrigatória na Arena Castelão, mas também foi instalada no estádio Presidente Vargas.
Edvando lamentou a ausência do equipamento no Paulo Sarasate e afirma que a tecnologia dispersa os confrontos violentos em equipamentos esportivos. "Infelizmente, o ginásio não tem biometria facial, então só foram identificadas e detidas quatro pessoas no local, mas há uma investigação em curso por vários órgãos para identificar mais pessoas", disse.
"Implementar a biometria nos ginásios é algo bem interessante porque a violência está migrando para lá. Se o estádio Presidente Vargas e a Arena Castelão já têm biometria e (isso) tem causado tranquilidade e não tem mais grandes confrontos, é viável colocar em todos os ginásios", conclui. Segundo ele, a tecnologia é algo necessário e o desejo é instalar "em todos os ginásios oficiais, seja o Paulo Sarasate, o CFO, a Arena Vozão ou qualquer outro que tenha partidas de futebol de salão".
Um ponto chave para entender o conflito no Clássico-Rei do futsal é dimensionar o esquema policial no local. "Precisamos de mais tempo para avaliar, pois vamos ver quantos policiais foram, de fato, enviados. Tenho que acompanhar e agir de forma responsável, para não virar uma caça às bruxas", complementou.
Apesar do embate entre torcidas e do limitado efetivo de agentes de segurança no evento, França teceu elogios à atuação da Polícia Militar durante o ocorrido. Segundo ele, as forças ostensivas foram cruciais para que o confronto não escalasse de tamanho.
"Mesmo que a quantidade de militares tenha sido pouca, o que é errado, claro, o importante é que os poucos que estavam lá agiram de forma muito dura também para evitar que acontecesse uma tragédia. A cena foi de pânico, é a verdade, mas o torcedor comum também não está acostumado com gás e tiros de balas de borracha, que é o que chamamos de munição não letal, que foi eficiente para os confrontos não evoluírem para homicídios. Foi muito boa a ação da polícia", afirma.
O promotor reiterou críticas sobre a quantidade de agentes no local. "Agora, o fato de ter ido poucos policiais é, sim, inadmissível. Uma coisa não tem nada a ver com a outra. Isso é o que a gente vai investigar. Se de fato tiver sido pouca, a gente vai comunicar o comando geral da Polícia Militar para adotarem providências urgentes".
Com informações de Rangel Diniz/Especial para O POVO