Em 2025, ambas as laterais do Fortaleza lembravam avenidas da cidade de mesmo nome. No horário de pico, o trânsito emperrava, virava repetição monótona e sem qualquer espaço para ultrapassagens aos que buscavam chegar a um cruzamento. Não importava o condutor, eles não conseguiam progredir. Ainda assim, as vias eram perigosas na volta, com pouca presença.
No triunfo sobre o Vitória-BA, que marcou a estreia do técnico Palermo, os corredores pareceram mais vivos no Castelão, com os condutores se entendendo melhor. Bruno Pacheco, pela esquerda, marcou gol. Mancuso, pela direita, deu assistência. A ideia é que o novo trabalho possa conseguir executar uma proposta que o ex-comandante do clube, Renato Paiva, dizia buscar, mas não materializou: um time forte pelos lados, com tráfego liberado para ultrapassagens.
Mancuso foi crucial no lance do primeiro gol: após dominar a bola, corria para a finalização antes de ser “antecipado” por Breno Lopes, que chutou e acertou o alvo. A breve irritação deu lugar ao abraço, num gesto que mostrou entrega, algo que parecia faltar ao argentino em 2025. Pacheco conseguiu ir bem defensivamente e aparecer na área para anotar o segundo gol, sendo o destaque do jogo.
O êxito tem peso pelo fato de os jogadores não viverem seus melhores momentos. Pacheco, preferido da torcida, vinha sofrendo com uma tendinite crônica no joelho, que reduziu sua constância. Mesmo assim, voltou à titularidade diante de concorrentes que não agradaram.
Sob o comando de Juan Pablo Vojvoda, Diogo Barbosa era constante entre os titulares. Com Paiva, Weverson ganhou espaço e Pacheco chegou a figurar como última opção. Agora, encontra um modelo que potencializa seu equilíbrio, já que a via é de mão dupla e a primeira meta, antes de subir para o ataque, é preencher a defesa.
Mancuso atravessava uma descida íngrime e tenta mudar a rota para subir a ladeira. Criticado pela fragilidade defensiva e pela perda de presença no ataque, o que contrasta com a temporada passada, em que era quase um armador do time. Ante o Vitória, recuperou confiança e precisará de constância na sequência.
A engrenagem funcionou. Palermo redesenhou a estrutura para sustentar as subidas. Com Pierre posicionado entre os zagueiros, o time ganhou equilíbrio e permitiu que os laterais avançassem sem expor a defesa. Essa dinâmica, com os pontas caindo por dentro, deu largura e velocidade ao Tricolor.
Na luta contra a queda, com 74% de chance de descenso, o Leão achou uma nova rota, que aposta em transformar os acostamentos do campo em pistas abertas para o ataque responsável, algo que o novo treinador também conseguiu fazer no Olímpia.
Para os atletas, o desafio será manter o ritmo e evitar que a partida tenha sido um lampejo. Palermo terá a missão de garantir que essas vias sigam com fluxos organizados. O próximo desafio é grande, ante o Palmeiras, fora de casa, no próximo sábado, 20.