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Eleição do Ferroviário tem 1ª disputa com mais de uma chapa em 92 anos e clima de confusão
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Eleição do Ferroviário tem 1ª disputa com mais de uma chapa em 92 anos e clima de confusão

Conforme apurado pelo Esportes O POVO, é possível que o pleito, previsto para o início de novembro, tenha até três chapas
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Tutuba, mascote do Ferroviário (Foto: FÁBIO LIMA)
Foto: FÁBIO LIMA Tutuba, mascote do Ferroviário

O Ferroviário se aproxima de uma encruzilhada que não encontra nenhum paralelo em seus 92 anos de existência. A locomotiva coral deixará o trilho único dos consensos e seguirá por um trilho em linhas concorrentes, de disputa: pela primeira vez em sua história quase centenária, o Tubarão da Barra caminha para ter mais de uma chapa na disputa para conduzir o clube.

Desde os "rachões" entre Matapasto e Jurubeba, times de trabalhadores que se uniram e deram origem ao clube coral, o espírito de disputa interno não era tão forte. Antes, os duelos eram em campo. Agora, serão políticos. As eleições para a executiva coral estão pré-agendadas para o início de novembro — ainda sem data firmada — e podem ter até três chapas, com a tendência de serem fechadas em duas. O Esportes O POVO apurou a movimentação dos grupos divulgados e planejados. 

O ex-diretor jurídico e também ex-vice-presidente do Conselho Deliberativo (até 2024), Rodger Raniery, foi o primeiro a divulgar a candidatura. Para disputar, pediu licença do cargo de Procurador Geral do Tribunal de Justiça Desportiva do Futebol Cearense (TJDF-CE) e lançou a chapa “Amor e Lealdade”, que reúne alguns nomes ligados à atual gestão.

Apesar da proximidade com o grupo do atual presidente Aderson Maia, que também estuda levantar uma terceira chapa — que seria a real continuidade, conforme apurou o Esportes O POVO —, o grupo refuta a classificação de situação, destacando divergências de visão. Ainda assim, não está descartada uma composição entre as duas frentes, especialmente por ambas serem favoráveis à implementação da Sociedade Anônima do Futebol (SAF), ainda não regularizada.

Quanto à mesma, foi dito ao Esportes O POVO que a expectativa é de que a venda seja consolidada à empresa Makes, do CEO Pedro Roxo, até o mês das eleições. Vale lembrar que a transação foi aceita em assembleia, ainda no mês de fevereiro, mas não teve a parte burocrática solucionada. Conforme apurado, as despesas do futebol vêm sendo divididas entre SAF e Associação.

Enquanto isso, a oposição se reorganizou. O professor Joel Oliveira, que inicialmente surgira como candidato isolado, uniu forças com o ex-presidente Newton Filho, que deixou o cargo em 2022, mas retornou por discordar do processo de implementação da SAF e do momento financeiro do clube, que está endividado.

Do acordo entre Joel e Newton, surgiu a chapa "Futuro, Orgulho e Tradição", que ainda não tem cargos definidos, mas tem entre os integrantes nomes conhecidos pelos torcedores como o atacante Edson Cariús, ídolo coral e ex-Fortaleza, além de Pedro Bruno, ex-vice de Aderson na atual gestão, afastado após divergências. Mesmo no cargo, Pedro chegou a indicar supostos vícios jurídicos na constituição da SAF, em entrevista ao Esportes O POVO, e agora é oposição.

A movimentação representa uma ruptura na cultura política coral. Desde a criação, em 1933, a sucessão no Ferroviário sempre se deu por consenso, inicialmente sob influência da Rede de Viação Cearense (RVC), quando líderes como o fundador Valdemar Caracas definiam os rumos.

Depois, já na Rede Ferroviária Federal, os engenheiros se revezavam na presidência em um processo de continuidade. Mesmo após a privatização da rede nos anos 1990, a prática seguiu: as disputas eram internas, mas as urnas nunca foram necessárias para decidir entre dois grupos.

Consoante o Artigo 33 do Estatuto Social, os candidatos deverão registrar suas chapas comparecendo à sede social do clube, com a assinatura de todos os seus integrantes, no prazo máximo de cinco dias contados da publicação do edital de convocação, ainda não divulgado. As chapas devem indicar os candidatos a presidente e a vice-presidente do conselho deliberativo e a mandatário e vice-mandatário da diretoria executiva.

Agora, caberá aos associados escolher que trilho seguir. Com as chaves da locomotiva coral em aberto, os passageiros associados das categorias remido, patrimonial, contribuinte e fundador poderão votar. No caso dos associados patrimoniais, será necessário comprovar no mínimo seis meses completos de presença no quadro social. No caso dos sócios-torcedores, será preciso comprovar no mínimo três anos ininterruptos de permanência no quadro.

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