O roteiro perfeito estava ali: no último minuto de jogo, a defesa do Bahia falha e Vina, identificado com a torcida e contratado para ser – novamente – protagonista, fica cara a cara com o goleiro Ronaldo. Era a bola que poderia ser o gol da vitória do Ceará, mas o desfecho foi diferente. A finalização do meia, em cima do arqueiro do Tricolor, sacramentou o empate em 1 a 1 na Arena Castelão.
O olhar incrédulo consigo mesmo do camisa 29 foi o mesmo de vários alvinegros presentes no estádio. Ele poderia ter se consagrado como o herói da partida, ovacionado pelos torcedores. A realidade foi um Vina caminhando para o vestiário cabisbaixo após o apito final do juiz. Não há como fugir de que o peso do resultado final cai nos ombros do meia.
E, mais uma vez, os alvinegros saem do Castelão com um sentimento de frustração. Afinal, o Vovô não tem conseguido ser o mesmo mandante imponente do início da Série A do Campeonato Brasileiro e atravessa uma fase bem ruim atuando nesta condição. Nos últimos sete jogos na capital cearense, os comandados de Léo Condé venceram apenas um, além de quatro derrotas e dois empates.
Não só em seus domínios, mas o momento geral do Ceará também não é positivo. A equipe acumula dois triunfos nos últimos 12 confrontos que teve – destes jogos, somente um ocorreu em paralelo ao Brasileirão, que foi a semifinal da Copa do Nordeste, em que perdeu exatamente para o Bahia. Foram seis reveses e quatro empates neste período em questão.
Contra o Esquadrão, o Alvinegro teve alguns desfalques relevantes. Entre as ausências, cinco vinham sendo titulares: o zagueiro Marcos Victor, os laterais Matheus Bahia e Fabiano Souza, o volante Richardson e o centroavante Pedro Raul, artilheiro do time na temporada. Dentro de campo, Condé fez mudanças e o desempenho do Alvinegro, no geral do primeiro tempo, foi positivo.
Paulo Baya e Lourenço foram os grandes destaques ofensivos do Ceará nos 45 minutos iniciais. O ponta foi o principal responsável por dar velocidade às transições da equipe. O meia, por sua vez, articulou jogadas e deu suporte defensivo na fase sem bola – foi dos pés dele, inclusive, que Aylon recebeu ótimo lançamento e sofreu pênalti, já nos acréscimos.
O próprio Lourenço assumiu a responsabilidade na marca da cal. Com um requinte de emoção, o meia viu Ronaldo defender sua cobrança, mas no rebote não desperdiçou de cabeça. Na volta do segundo tempo, o Vovô manteve a estratégia de pressionar a saída de bola do Bahia, com intensidade e objetividade. Aos 10 minutos, em uma desatenção defensiva, sofreu o empate.
A partir do gol do Bahia, o Alvinegro perdeu força. Condé mexeu no time: colocou Vina, o estreante Zanocelo, Pedro Henrique, Fernandinho e Lucas Lima. Mesmo tendo dois centroavantes no banco, Lucca e Guilherme, o treinador preferiu terminar o jogo com três jogadores de velocidade no ataque, ideia que, na prática, não teve grande efeito.
Quando o 1 a 1 parecia certo, Vina teve a grande oportunidade. A zaga do Bahia falhou na intermediária e o camisa 29 ficou totalmente livre, só ele e o goleiro Ronaldo. Dentre as várias opções que tinha para concluir o lance, executou da pior forma possível, finalizando em cima do arqueiro. Empate amargo.
Ceará
4-3-3: Bruno Ferreira; Rafael Ramos, Marllon, Willian Machado e Nicolas; Dieguinho (Lucas Lima), Fernando Sobral (Zanocelo) e Lourenço (Vina); Galeano, Paulo Baya (Fernandinho) e Aylon (Pedro Henrique). Téc: Léo Condé
Bahia
4-3-3: Ronaldo, Arias, Gabriel Xavier, Ramos Mingo e Luciano Juba; Acevedo (Rezende), Jean Lucas e Everton Ribeiro (Rodrigo Nestor); Michel Araújo (Kayky), Sanabria (Iago) e Willian José (Tiago). Técnico:Rogério Ceni
Local: Arena Castelão, em Fortaleza/CE
Árbitro: Lucas Casagrande/PR
Assistentes: Bruno Boschilia/PR e Schumacher Marques Gomes/PB
VAR: Paulo Renato Moreira da Silva Coelho/RJ
Gols: Lourenço (46’ 1T) e Willian José (10’ 2T)
Cartões amarelos: Fernando Sobral, Aylon e Fernandinho (Ceará)/ Tiago (Bahia)
Público total: 24873
Renda bruta: R$ 383.002,00