A tradicional revista France Football entregou a Bola de Ouro ao compatriota Ousmane Dembélé ontem. O troféu entregue pela publicação simboliza o título de melhor jogador do mundo. O jogador do PSG disputou o prêmio, concretamente, contra a sensação do Barcelona, Lamine Yamal, de 18 anos.
O francês teve números melhores, 35 gols e 14 assistências em 53 jogos, contra 18 e 21 do espanhol, em uma partida a mais. Dembélé teve o mérito de ser protagonista do PSG "discreto" que foi, enfim, campeão da Liga dos Campeões. Além dos números brutos, o jogador teve uma temporada mais consistente que o atacante do Barcelona.
Dembélé também se destacou pela competência tática. O camisa 10 saiu da ponta para o centro do ataque, adaptando-se a uma função que jamais jogara na carreira e recebendo constantes elogios de seu treinador, Luis Enrique, em algo que poucos prestam atenção: o jogo sem bola.
"Creio que merece a Bola de Ouro sem nenhuma dúvida. Não só pelos títulos, não só pelos gols, mas por como pressionou durante toda a temporada, especialmente nessa final. Dembélé pressionou Sommer, Acerbi e qualquer defensor com uma intensidade que não os permitia ter tempo para pensar", disse o técnico da equipe francesa durante o Mundial de Clubes da Fifa, rememorando a decisão da Liga dos Campeões, uma goleada por 5 a 0 sobre a Inter de Milão.
Lamine Yamal, por sua vez, fez história ao chegar no top-2 da premiação com somente 18 anos. Prospectado como uma grande promessa desde a base, assumiu a responsabilidade de vestir a camisa 10 mais pesada da Europa e tomou o protagonismo do Barcelona na metade final da temporada.
Além das estatísticas, a qualidade e a plasticidade do jogo de Yamal credenciaram ele entre os melhores do mundo. Fortemente inspirado por Neymar, o atleta espanhol reúne um compilado de dribles desconsertantes, com a qualidade do passe lembrando os melhores meias do time catalão e uma finalização de perna esquerda que pode ser comparada a de um jovem Lionel Messi.
Em simultâneo a ser uma estrela do Barcelona, o jogador também é o principal nome da seleção espanhola, sendo uma das peças de maior importância do título da Eurocopa 2024 e um dos motivos pelos quais La Furia é uma das favoritas na Copa do Mundo de 2026. Mesmo sem a Bola de Ouro, o jogador recebeu, pela segunda vez, o prêmio Kopa, entregue ao melhor jogador sub-21 do mundo.
Na premiação feminina, o destaque ficou a cargo da espanhola Aitana Bonmatí, que levou a Bola de Ouro pela terceira vez consecutiva. Principal nome do Barcelona e da seleção espanhola, a meio-campista competiu com a compatriota Mariona Caldentey, que venceu a Liga dos Campeões com o Arsenal, da Inglaterra.
Assim como o Oscar, o prêmio da France Football também foi alvo de polêmicas pela montagem da lista, sendo a principal delas a posição do atacante Raphinha. Apontado por alguns como o protagonista do Barcelona e melhor jogador do mundo, o jogador brasileiro foi apenas o quinto colocado da lista.
A sua frente, fora os dois finalistas, ficaram Vitinha, do PSG, e Mohamed Salah, do Liverpool, terceiro e quarto colocados, respectivamente. O português, apesar de vencedor da Champions League, não teve o destaque individual para que galgasse posição tão alta, enquanto o egípcio foi brilhante no título da Premier League, mas mundano na Liga dos Campeões.
Raphinha, por sua vez, venceu todos os campeonatos nacionais com o Barcelona, dividiu o protagonismo da equipe com Lamine Yamal, foi artilheiro da Champions League e vice-artilheiro do Barcelona no ano, além de ser eleito pelo Sofascore como melhor jogador da Liga dos Campeões e da La Liga.
Outros atletas que tiveram suas posições questionadas foram Vinicius Júnior e Jude Bellingham, que ficaram em 16º e 23°, respectivamente. Torcedores apontam que as posições "baixas" são uma retaliação da revista em relação ao boicote praticado pelo Real Madrid desde a edição passada do evento, quando o clube espanhol não enviou seus atletas para a premiação em resposta a futura vitória do meia Rodri, do Manchester City.
A votação da France Football é feita por jornalistas. Primeiro, a equipe da revista seleciona quem julga ser os 30 melhores do mundo. Depois, 100 profissionais de países diferentes fazem um top-10 restrito aos nomes pré-selecionados, com pontuação atribuída por posição.