As laterais, que vinham servindo como vias de apoio para o novo estilo de jogo do Fortaleza, estarão interditadas contra o São Paulo, nesta quinta-feira, 2. O técnico Martín Palermo havia encontrado ali a fluidez para montar os ataques do Tricolor, com saídas rápidas, ultrapassagens e segurança, mas Bruno Pacheco e Eros Mancuso vão cumprir suspensão automática ante o Soberano.
Agora, o treinador argentino terá de repensar caminhos em um terreno perigoso, posto que as mesmas vias de apoio já foram avenidas espaçadas na temporada. Eram um grande problema, ainda sob o comando de Renato Paiva e até mesmo de Juan Pablo Vojvoda. Palermo terá de achar desvios no Castelão: uma nova formação, mudança na mentalidade ou recuperar atletas pouco quistos pela torcida.
Pela esquerda, a tendência é que Diogo Barbosa assuma a vaga de Pacheco, que voltou a ser incontestável com a nova comissão. Diogo foi utilizado na reta final da partida ante o Sport-PE, quando o camisa 6 sentiu dores, mas enfrenta resistência da torcida. Ainda assim, surge como alternativa mais natural em relação a Weverton, que sequer tem sido relacionado por Palermo.
No lado direito, o quadro é mais complexo. Tinga está se recuperando de lesão e é dúvida. O retorno de Emanuel Brítez, que cumpriu suspensão, pode abrir caminho para uma postura mais cautelosa.
Embora viesse atuando como zagueiro e tenda a não avançar tanto quanto Mancuso — que participou, direta ou indiretamente, de três dos últimos quatro gols do time —, o argentino pode oferecer equilíbrio diante de um São Paulo que gosta de explorar o flanco esquerdo, com Enzo Díaz e Ferreirinha.
Há ainda a possibilidade de Palermo alterar o desenho tático. O treinador pode escalar três zagueiros — Brítez, Gazal e Ávila (ou Kuscevic na vaga de um dos dois primeiros) —, abrindo espaço para alas de maior mobilidade. Nesse cenário, Pikachu pode ser adiantado pela direita, enquanto Diogo ficaria responsável pelo outro lado. Lucas Crispim também aparece como opção para ocupar uma das alas, reforçando a articulação.
O modelo espelharia a estratégia da LDU, que superou o São Paulo em dois jogos pela Libertadores com um 3-5-2 compacto e veloz nos contra-ataques. Outra alternativa menos provável seria utilizar quatro zagueiros de origem, com Brítez e Gastón Ávila improvisados nas laterais, tendo Kuscevic e Lucas Gazal no miolo de zaga.
Essa ideia, no entanto, parece distante: Palermo manteve Ávila como zagueiro em todos os três jogos à frente do Leão, e a última experiência tricolor com quatro centrais de origem terminou em derrota para o Ceará no Clássico-Rei, episódio que encerrou a passagem de Vojvoda no escrete vermelho-azul-e-branco.
Palermo terá de decidir se aposta na manutenção de sua proposta ofensiva pelos lados ou se adapta o time às circunstâncias para segurar um adversário que sabe explorar bem as beiradas do campo, mas, ao mesmo tempo, cede contra-ataques.