Com a derrota sofrida para o Vitória-BA na noite de ontem, por 1 a 0, no Barradão, em Salvador (BA), o Ceará encerra sua sequência fora de casa com o copo meio cheio, meio vazio. Afinal, na rodada anterior venceu o São Paulo no Morumbi. A discussão que se reacendeu sobre o Vovô brigar "por algo a mais" na Série A após superar o clube paulista, enfraqueceu.
E enfraqueceu porque o próprio Ceará não se permite alcançar coisas maiores. É um time que está onde seu futebol o levou: no meio da tabela da Série A, no 11º lugar, a quatro pontos do G-8, a seis da zona do rebaixamento. É um reflexo da campanha oscilante de uma equipe que consegue o que não era tão provável, como vencer o São Paulo fora de casa, e logo em seguida perde para um Vitória em crise.
Nas últimas dez partidas que o time baiano disputou no Brasileirão, havia vencido somente uma vez. Eram três derrotas consecutivas antes de encarar o Vovô no Barradão, que contou com um público tímido. O Ceará, por sua vez, afastou a fase oscilante com o triunfo sobre o São Paulo e foi para Salvador com a possibilidade de se consolidar de vez na briga pelo G-8.
Não conseguiu — muito por demérito de si. Nos primeiros 20 minutos de jogo, o Vitória, que tratava a partida como uma "final de Copa do Mundo", conforme disse o técnico do time, Jair Ventura, se lançou ao ataque e encurralou o Alvinegro. O Vovô, em ritmo bem abaixo, aceitou a pressão e não soube controlar as ações do adversário.
De tanto martelar, o Vitória abriu o placar com Zé Marcos, aos 18 minutos, que finalizou após escanteio. Vale ressaltar que, dos últimos 13 jogos disputados na Série A, o sistema defensivo do Ceará foi vazado em dez. Com a vantagem no placar, o Leão passou a atuar da forma preferida de Jair Ventura: todo fechado na defesa e buscando contra-ataques. O Vovô, com a posse da bola, foi nulo.
Na segunda etapa, o Vovô cresceu de produção e melhorou bastante. Algumas alterações feitas por Léo Condé, como Zanocelo e Vina, tornaram a dinâmica do meio-campo mais rápida e objetiva. O escrete cearense criou, pressionou e teve oportunidades. Esbarrou, entretanto, em sua própria incompetência nas finalizações.
Pedro Raul poderia ter marcado, mas desperdiçou ao chutar, na marca do pênalti, por cima da baliza. Zanocelo, de fora da área, obrigou Lucas Arcanjo a fazer boa defesa. Aylon, de bicicleta, quase fez um gol de placa, mas a bola carimbou a trave. No último lance, Willian Machado, totalmente livre, errou uma cabeçada. Derrota amarga de um time que não embala.