Cada vez mais "em casa", o atacante Pedro Henrique conversou de forma exclusiva com o Esportes O POVO na sexta-feira, 10, no CT de Porangabuçu. Bem articulado, o camisa 7 do Ceará comentou sobre os gols decisivos recentes, a proposta que recebeu para deixar o clube e a adaptação a Fortaleza, além de destacar a força do grupo comandado por Léo Condé.
Para o jogador de 35 anos, o time vem subindo de rendimento após a chegada dos reforços na janela de transferências. Ainda de acordo com ele, outro detalhe importante para o êxito em campo é a união do vestiário.
"Os reforços, sem dúvida nenhuma, foram bem-vindos e na hora certa, porque causa uma competitividade interna maior e quem sai ganhando isso é o clube. Em diversas situações, alguém entrou e pôde decidir (...) Também foi pontual recuperar jogadores que já estavam com lesão ou falta de confiança. A gente é muito parceiro no vestiário e não é só na forma de falar, a gente realmente é. Já participei de vestiários onde não tinha essa união que tem aqui. Isso faz uma grande diferença", comentou.
Pedro Henrique destacou ainda a boa adaptação a Fortaleza e revelou o motivo de aceitar a proposta do Ceará no início da temporada. Experiente, ele atuou por 10 anos no futebol do exterior e passou por Internacional e Corinthians antes de desembarcar na capital cearense.
"Todos que passaram aqui, inclusive o Lisca, sempre deram boas referências do clube. De cidade nem se fala, até amigos e jogadores que atuam no rival também falavam sobre a cidade. Porém, o Ceará, com a ligação do do Lucas Drubscky (executivo do clube) para meu agente e depois a nossa conversa, era o que eu precisava escutar naquele momento. Tinha outras situações de times grandes no Brasil, porém a maneira que foi tratada essa minha vinda pra cá era o que eu precisava."
Apesar de ter vivido boa chegada ao clube, Pedro Henrique acabou se lesionando pouco antes da final do Campeonato Cearense, vencida pelo Vovô diante do maior rival, Fortaleza.
"Um momento muito difícil, porque eu vivia um momento bom, a final do campeonato é a cereja do bolo, né? Foi bem cruel ficar fora, só eu sei o quanto foi difícil, mas todo momento ruim te transforma pra estar mais forte que o outro momento. Os meninos tiveram um papel importante, o grupo respondeu bem, quem jogou foi bem, lembro da chegada do Pedro Raul naquele momento. Foi difícil, mas fiquei muito feliz, me senti campeão com os meninos."
Na sequência, o atacante ainda comentou sobre a possibilidade de ter trocado de clube na última janela de transferências. Em junho, o Vovô recusou uma proposta do Athletico-PR pelo atleta. PH, como é chamado pelos companheiros, balançou as redes três vezes nos últimos cinco duelos disputados.
"A falta de gols tira um pouco da confiança e chegou a proposta nesse exato momento, mexe um pouco com a tua organização de vida. Conversei muito com a minha família, com meus agentes, com o clube, obviamente. Foi importante a gente ter feito aquilo ali porque o pós de tudo isso faz com que eu retomasse 100% o foco aqui. Pode ter atrapalhado um pouco? Pode. Mesmo sendo um jogador experiente, mexe com a gente. Pela minha idade, pelo momento que eu vivo, tenho que ter muita assertividade nas decisões, mas a gente tomou a decisão certa naquele momento", disse.
Vivendo alta na temporada com a camisa alvinegra, Pedro Henrique soma 34 jogos, oito gols e uma assistência pelo Vovô na temporada. Ele tem contrato com o clube de Porangabuçu até o fim de 2026.
PH defende melhor remuneração aos árbitros e faz alerta sobre redes sociais
Para além do seu momento no Ceará, Pedro Henrique comentou acerca de tópicos relevantes e que vêm sendo discutidos nas últimas semanas no cenário do futebol brasileiro. Entre eles, a arbitragem. Para o atacante, é necessária que ocorra melhor remuneração e profissionalizações dos árbitros.
"Acho que a fala do Marlon (Grêmio) tem que ser concentrada principalmente no que ele disse da profissionalização, de ter um carinho especial, de remunerar bem, fazer com que eles também possam ser cobrados porque também estão sendo valorizados", afirmou.
Em contraponto, ele elogiou a evolução na área de gestão de clubes no País, citando exemplos de investimento. "O futebol brasileiro, comparado a si mesmo, evoluiu em muitos sentidos. Olha os públicos, o investimento que tem, as equipes brasileiras agora compram jogadores da Premier League. Isso não acontecia antes. E não são só investimentos por dinheiro, é por organização."
Para finalizar, PH ressaltou a importância da saúde mental no cotidiano do atleta profissional de futebol e revelou que, quando não vive boa fase, evita olhar as redes sociais.
"O mundo digital deixa tudo muito instantâneo. Acaba o jogo, tu pode pegar teu telefone e já entender qual o termômetro que está vivendo. Quando tu não está legal, não está jogando bem, evita. Tudo é muito passional hoje em dia, não só o torcedor, como toda a mídia no geral. Te jogam muito pro alto, desnecessariamente, e quando tu está mal te jogam muito lá embaixo", disse.