O roteiro da derrota para o São Paulo se repetiu na noite passada, desta vez diante do Vasco da Gama-RJ. O Fortaleza, que havia renovado parte das esperanças da torcida na luta contra o rebaixamento após vencer o Juventude-RS, fora de casa, voltou a tropeçar na Arena Castelão contra um time com um jogador a menos e perdeu para o Cruzmaltino por 2 a 0 — resultado que complicou, e muito, sua situação no Z-4 da Série A.
Não só pelo revés em si, mas também pela rodada, já que o Santos-SP, primeiro time fora da zona de rebaixamento, venceu o rival Corinthians-SP e abriu sete pontos de diferença para o Leão do Pici. Agora, os próximos desafios são complicados: Cruzeiro-MG, Flamengo-RJ e o próprio Peixe.
Sobre o jogo, o Fortaleza, apoiado por mais de 27 mil torcedores, iniciou a partida sufocando o Vasco. Logo aos dois minutos, Breno Lopes recebeu ótimo lançamento de Brítez, saiu cara a cara com Léo Jardim, mas tentou encobrir o goleiro e acabou errando a finalização. O lance inflamou os tricolores na arquibancada.
Em meio à pressão imposta, o Fortaleza conseguiu chegar novamente com perigo aos cinco minutos, desta vez em jogada protagonizada por Guzmán. O meio-campista colombiano avançou pela esquerda, se livrou do marcador e deu um passe na medida para Eros Mancuso. Era só empurrar para o fundo da rede, mas o lateral argentino acabou furando no momento do chute.
Após esse recorte inicial de superioridade do Leão, o Vasco acalmou os ânimos e equilibrou o confronto. A equipe carioca passou a controlar as ações, mantendo a posse de bola — algo muito característico do técnico Fernando Diniz. Naturalmente, o ritmo do jogo deixou de ser tão frenético e ficou mais tático, com o Tricolor tentando pressionar a saída do Cruzmaltino com marcação alta.
Aos 39 minutos, veio lance crucial: Hugo Moura, volante do Vasco, foi expulso após falta em Guzmán — inicialmente, o árbitro deu amarelo, mas mudou a decisão com revisão no VAR. Com um a mais em campo, a tendência era de que o cenário do jogo ficasse totalmente favorável ao Fortaleza. Não foi o que aconteceu.
O excesso de vontade fez o Fortaleza se desorganizar. Os comandados de Martín Palermo, ao tentarem pressionar o Cruzmaltino em busca do gol, esqueceram que o adversário ainda estava vivo. Em um dos avanços ofensivos, o Leão perdeu a bola e, com apenas Kuscevic no campo defensivo, viu Rayan partir com velocidade em contra-ataque. Não deu outra: gol do jovem atleta vascaíno, que mudou totalmente o clima no Castelão.
Na segunda etapa, a dinâmica do embate se estabeleceu de forma natural, com o Fortaleza postado todo no ataque, enquanto o Vasco, já sem força na transição, tentava se defender. E é inegável: o Leão encurralou o rival e criou uma montanha de chances de gol. Em algumas jogadas, esbarrou na própria incompetência; em outras, no arqueiro Léo Jardim, com larga margem o melhor em campo.
Na área técnica, Palermo fez tudo o que poderia para tornar o Tricolor o mais ofensivo possível. Colocou Bareiro — que entrou bem, mas acabou expulso no apito final —, Deyverson e até Moisés, que não jogava há seis meses. Depois, Pikachu também entrou. Foram mais de 45 minutos de “bombardeio” de bolas em direção à meta vascaína. Não faltou vontade nem tentativas. Mas faltou gol.
O Vasco, depois de tanto cambalear nas cordas do ringue, deu uma de Rocky Balboa e, com um golpe fulminante, destruiu o Fortaleza. Para piorar, em uma lei do ex, o gol foi marcado por David, que defendeu o Leão entre 2020 e 2021. Novamente, um tento sofrido em contra-ataque.
Para fechar a noite, Bareiro foi expulso, a torcida do Vasco gritou "olé" em provocação e, após o apito final, jogadores dos dois times se envolveram em uma confusão generalizada, com tentativas de agressões das duas partes. Derrota de um clube que não consegue ser consistente — e, sem consistência, o caminho é mesmo a Série B.
Fortaleza
4-4-2: Brenno; Mancuso, Brítez, Kuscevic e Gastón Ávila (Deyverson); Lucas Sasha, Rodrigo (Rossetto), Gúzman (Moisés), Pochettino (Pikachu); Lucero (Bareiro) e Breno Lopes. Téc: Martín Palermo
Vasco
4-4-2: Léo Jardim; Tchê Tchê (Mateus Carvalho), Cuesta, Robert Renan e Lucas Piton (Victor Luís); Hugo Moura, Barros e Coutinho (Puma Rodríguez); Andrés Gómez (David), Rayan e Nuno Moreira (Matheus França). Téc: Fernando Diniz
Local: Arena Castelão, em Fortaleza (CE)
Árbitro: Wilton Pereira Sampaio/GO
Assistentes: Bruno Raphael Pires/GO e Francisco Chaves Bezerra/PE
VAR: Rodrigo Guarizo Ferreira/SP
Gols: Rayan (48’ 1T) e David (36’ 2T)
Cartões amarelos: Brítez, Kuscevic, Gastón Ávila e Bareiro (2x) (Fortaleza); Coutinho (Vasco)
Cartão vermelho: Bareiro, Kuscevic e Pablo Roberto (Fortaleza); Hugo Moura (Vasco)
Público total: 27.658
Renda bruta: R$ 627.898,00