O Fortaleza vive um momento conturbado não só dentro de campo, mas também fora dele. Ontem, o ex-presidente do clube e atual senador da República Eduardo Girão (Novo) criticou duramente a gestão da SAF tricolor, enquanto o CEO Marcelo Paz rebateu as declarações, acusando o político de oportunismo e de torcer contra o clube.
O atrito começou após entrevista de Girão ao programa "O POVO no Rádio", na Rádio O POVO CBN, na manhã de ontem. O ex-dirigente afirmou que o Fortaleza sofre com falta de humildade e excesso de soberba, além de questionar as contratações de “medalhões”, sem citar nomes. Segundo ele, a união do elenco se perdeu e isso teria desestabilizado o grupo na temporada.
Girão também demonstrou preocupação com a situação financeira do clube para o próximo ano, que se encaminha para ocorrer na Série B, alegando que o déficit pode chegar a R$ 100 milhões. Para o senador, a criação da SAF foi feita “de forma equivocada”, sem planejamento adequado.
“Eu me preocupo com essa dívida que pode chegar à casa dos R$ 100 milhões. Como é que vai ficar o Fortaleza no ano que vem? Muita gente vai ter que ser desempregada. Então tudo isso é um problema que a SAF construiu, com meu voto inclusive. O Fortaleza perdeu o timing de fazer a SAF e trazer investimentos para se segurar em momentos difíceis”, disse.
Horas depois, Marcelo Paz respondeu em vídeo ao O POVO, rebatendo as críticas. Disse que recebeu o clube de Girão sem ativos e com dívida de R$ 7 milhões, paga durante sua gestão, e que atualmente o Fortaleza possui elenco avaliado em 47 milhões de euros e patrimônio crescente, com o Centro de Excelência do Pici e expansão em Maracanaú.
O dirigente descreveu a atitude de Girão como oportunista e ainda revelou desavenças políticas entre os dois. Segundo ele, o ex-mandatário teria passado a “torcer contra o Fortaleza” após sua esposa, Jade Romero — hoje vice-governadora —, se candidatar por uma chapa de partido adversário (PT).
“Quando a Jade (Romero), minha esposa, foi candidata a um partido de oposição ao seu, você ficou com raiva e passou a torcer contra o Fortaleza. Ele me disse isso e disse para algumas pessoas. Depois que você entrou na política, você mudou demais, te disse isso. Lamento demais, não era isso que eu queria. Essa decepção deve ser a mesma decepção do pessoal que trabalha no seu gabinete, que é a maior rotatividade que tem, as pessoas não ficam muito tempo lá”, disse.