 
            Há um elemento à parte que dá um tempero extra à partida entre Fortaleza e Santos na Vila Belmiro. Será o reencontro do time cearense com o técnico Juan Pablo Vojvoda. Os dois, que estiveram juntos por mais de quatro temporadas e romperam a relação em julho após uma série de resultados negativos, agora serão rivais pela primeira vez em um contexto de vida ou morte para ambos.
Um roteiro digno de filme de Hollywood. De um lado, estará o maior técnico da história do Fortaleza, o mais vitorioso e repleto de feitos marcantes, que pode, por ironia do destino, ser o responsável por dizimar grande parte da esperança que o clube ainda nutre em escapar do rebaixamento, situação que teve participação direta dele neste ano.
Vojvoda é venerado por grande parte dos torcedores do Fortaleza e dificilmente o resultado na Baixada Santista mudará isso, seja ele bom ou ruim. Em sua despedida dias após a confirmação da demissão do clube cearense, o Centro de Excelência Alcides Santos ficou tomado por tricolores, algo raro no futebol brasileiro atual, onde as relações entre técnico e torcedores estão cada vez mais frias e distantes pela alta rotatividade. Foi história de amor firme, que quebra a lógica das relações fluidas do futebol, assemelhando-se ao conceito de "amores líquidos" do filósofo polonês Zygmunt Bauman (1925–2017).
Em 2023, à época vivendo grande momento no Fortaleza, Vojvoda chegou a ser um carrasco do Santos. Na última rodada do Brasileirão daquele ano, o Leão visitou o Peixe, venceu na Vila Belmiro e decretou o rebaixamento do time à segunda divisão, algo inédito. Hoje, a missão do argentino é livrar o clube paulista do mesmo destino cruel — e consequentemente decretá-lo, de certa forma, ao Tricolor.
Apesar das boas lembranças com seu ex, o Leão vive um novo romance com outro argentino: Martín Palermo. Na 18ª posição, com cinco pontos a menos que o Santos, primeiro time fora da zona de rebaixamento, o Tricolor vê a partida como a mais importante de 2025. Não é à toa: vencer na Vila Belmiro desencadeia uma série de fatores positivos, tanto no contexto da tabela, como na questão anímica.
Uma eventual derrota, porém, coloca qualquer projeção em ruínas. Neste cenário negativo, o Tricolor do Pici fica com oito pontos de diferença para os clubes fora da zona de descenso, cenário pouco provável de ser revertido com a quantidade de jogos restantes – oito após o duelo com o Santos. Um empate também não resolve a vida do Fortaleza, mas causa menos danos.
Resta esperar para descobrir qual roteiro será entregue no próximo sábado, às 16 horas. No elenco desta trama, a certeza é de que Neymar não estará nem entre os figurantes. No Tricolor, Kuscevic, Lucero e Lucas Crispim estão disponíveis para integrar o plantel, sem nenhuma baixa em relação à escalação que derrotou o Flamengo na rodada passada.