Uma das maiores rivalidades da América do Sul, o Clássico-Rei da próxima quinta-feira estará envolvido em muitos elementos importantes: do lado preto-e-branco, o mandante Ceará mira se aproximar do G-10 e, consequentemente, afundar seu principal adversário; do lado vermelho-azul-e-branco, o Fortaleza, que vive seu melhor momento na Série A 2025, luta por sua sobrevivência contra o rebaixamento.
Após uma fase de oscilação, marcada por quatro jogos sem vitórias — em que amargou três derrotas seguidas —, o Alvinegro de Porangabuçu superou o Fluminense na rodada passada, na Arena Castelão, resultado que deixa o time em clima mais leve para o clássico. Não só pelo triunfo em si, que foi muito importante para aliviar a pressão e gerar um distanciamento do Z-4, mas também pela ótima atuação do time em campo.
Pedro Raul, por exemplo, somava apenas um gol marcado nos 13 jogos anteriores, mas anotou um dos tentos da vitória por 2 a 0 sobre o Flu. Outros, como Galeano — que abriu o placar para o Vovô —, Fernando Sobral e Vina, também tiveram boa atuação, assim como a dupla de zaga formada pelos ótimos Marcos Victor e Willian Machado. Todos são peças importantes e chegam com a moral elevada.
Olhando para a tabela, o Alvinegro tem sete pontos de vantagem em relação ao Vitória, primeiro da zona de rebaixamento, e um triunfo no Clássico-Rei é fundamental para manter o cenário confortável. Caso conquiste os três pontos e alguns rivais tropecem, o Vovô pode passar a olhar com mais esperança para uma vaga na pré-Libertadores — há chance de o oitavo colocado garantir a classificação.
E, claro, além dos objetivos esportivos que o Ceará almeja, há a oportunidade de afundar o maior rival na zona de rebaixamento. Só esse fato já seria suficiente para o Vovô dar tudo de si nessa partida e escrever um novo capítulo na história de uma rivalidade mais que centenária entre os clubes. Mas não será fácil. O Fortaleza tem lutado e vem deixando claro que não se entregará.
No jogo de vida ou morte diante do Santos, em confronto direto pela zona de rebaixamento, o Leão do Pici jogou melhor e dominou boa parte dos 90 minutos, mas sofreu um gol infeliz e amargou o empate. O resultado, embora não seja o ideal, manteve os comandados de Martín Palermo com uma perspectiva real de que é possível, sim, escapar da Série B na próxima temporada.
Para isso, não há outra possibilidade no Clássico-Rei que não seja a vitória. É uma questão, acima de tudo, de sobrevivência para o Tricolor. Uma eventual derrota, combinada com um triunfo do Santos na rodada — que enfrenta o Palmeiras —, faria o Leão ficar a oito pontos de distância da saída do Z-4, contexto desanimador e pouco provável de se alcançar.
Se derrotar o maior rival e o Peixe perder, porém, o Fortaleza termina a rodada a apenas dois pontos do Santos — e pode superar o Vitória, caso o time baiano perca para o Internacional, no Barradão. A questão anímica também seria muito relevante: afinal, o Leão alcançaria a terceira partida de invencibilidade, tendo superado times como o Flamengo e o Ceará neste recorte.
Há, ainda, a questão moral para o Fortaleza e sua torcida, que não sabem o que é sorrir em um Clássico-Rei desde 2024. Nesse período, até então, Leão e Vovô se enfrentaram em oito ocasiões, e em nenhuma delas o escrete vermelho-azul-e-branco saiu vitorioso — foram quatro triunfos alvinegros e quatro empates.