No importante e decisivo Clássico-Rei desta quinta-feira, dia 6, haverá um duelo inédito de pranchetas na beira do campo: Léo Condé e Martín Palermo, treinadores de Ceará e Fortaleza, respectivamente. Os dois possuem estilos táticos parecidos, com um jogo mais reativo do que propositivo, porém com execuções diferentes.
Léo Condé já é um nome consolidado em Porangabuçu. O treinador chegou ao Vovô na temporada passada e esteve à frente do time que conseguiu o acesso à elite nacional. Neste ano, manteve o bom trabalho no clube, com a conquista do título estadual, a chegada à semifinal do Nordestão, à terceira fase da Copa do Brasil e uma campanha sem sustos no Brasileirão.
Taticamente, Condé monta o Ceará no esquema 4-3-3 e não costuma variar a formação. Em campo, a equipe se sente confortável ao atuar sem a bola, impondo uma marcação no campo do adversário para pressionar a construção e forçar erros. Os pontas e os laterais são peças fundamentais na fase ofensiva, por onde o Vovô faz a maioria dos seus avanços.
Com Pedro Raul na área, o Alvinegro busca muitos cruzamentos por jogo, algo que nem sempre funciona. A recente entrada de Vina no time titular tornou as articulações pelo meio-campo mais eficazes. O Vovô de Condé tenta ser objetivo, mas também peca, em muitas situações, por ser muito previsível — não à toa, tem o sétimo pior ataque do torneio.
A defesa é o grande trunfo na campanha. Os zagueiros Marcos Victor e Willian Machado são destaques absolutos e muito consistentes. O goleiro Bruno Ferreira é outro que costuma ter atuações importantes. Na Série A, o Vovô tem o quinto melhor sistema defensivo, com 29 gols sofridos.
Martín Palermo chegou ao Fortaleza com uma missão complicada: organizar taticamente o time e transformar isso em resultados em campo. O Leão ainda oscilou com o argentino no comando, mas melhorou muito em relação ao que os dois treinadores anteriores — Juan Pablo Vojvoda e Renato Paiva — conseguiram extrair nesta temporada.
Em seu discurso inicial, Palermo enfatizou que o primeiro objetivo era organizar defensivamente o Fortaleza. Nos sete primeiros jogos à frente do clube, o comandante não conseguiu repetir a escalação. Foi na vitória contra o Flamengo, por 1 a 0, que ele finalmente definiu um time base para dar sequência.
O modelo principal de Palermo é baseado no 4-3-3, embora tenha testado outras formações no comando do Leão, como o 4-4-2. Taticamente, a ideia é marcar em bloco baixo para atrair o adversário e, ao retomar a posse, acionar os pontas por meio de bolas longas — sobretudo Breno Lopes, que tem sido peça fundamental na estratégia.
A ideia funcionou muito bem contra Flamengo e Santos, duas das melhores atuações do Fortaleza com Palermo. É inegável que o Tricolor do Pici se tornou, com o técnico argentino, mais competitivo, com um modelo claro de jogo.