No segundo treino com todos os convocados da seleção brasileira na Inglaterra, o técnico Carlo Ancelotti teve uma atitude que chamou a atenção dos presentes no Sobha Realty Traning Center, o centro de treinamentos do Arsenal. Durante o intervalo entre duas atividades realizadas pelo elenco do Brasil nesta quarta-feira, 12, Carleto conversou por cerca de dois minutos com o atacante Vinicius Júnior. O foco são os amistosos contra Senegal e Tunísia nesta Data Fifa.
Tendo trabalhado juntos por quatro temporadas no Real Madrid, Ancelotti e Vinicius nutrem a maior estima um pelo outro. O italiano foi responsável por, primeiramente, colocar o brasileiro na lista dos melhores atletas do mundo, e em seguida, torná-lo de fato o melhor jogador do planeta, em eleição realizada pela Fifa no prêmio The Best de 2024.
O assunto da conversa não foi revelado, mas, baseado em uma entrevista concedida por Carleto à revista Placar, supõe-se que o tema possa ser o posicionamento do camisa 7 no ataque da seleção brasileira. Em conversa com a publicação nacional, o italiano falou sobre a possibilidade de o atleta atuar como um atacante mais centralizado.
"Acredito que um atacante centralizado como Vinicius tem qualidade para marcar muitos gols, tenho falado com ele: ‘Olha, quando você está como extremo, para marcar gols tem que driblar três, quatro vezes. Tocar sete, oito vezes na bola. E centralizado, como referência, é suficiente apenas um movimento ao tempo correto para marcar gol'", disse Ancelotti.
"Ele entendeu, gosta de jogar nessa posição. Podemos aproveitar um jogador que pode ajudar muito como extremo e também muito bem não como um atacante centralizado, porque não sou bobo, não é uma referência dentro da área, mas para atacar a área com espaço, onde é muito perigoso", complementou.
Jogar mais centralizado não seria uma novidade para Vinicius, uma vez que após a saída de Karim Benzema do Real Madrid, o brasileiro atuou como dupla de ataque de Jude Bellingham na temporada 2023-2024 e de Kylian Mbappé, em 2024-2025.
A capacidade e a rodagem de Vini para atuar no corredor central vem de complemento a proposta de Ancelotti para a seleção, que no momento se desenha um quarteto de ataque móvel, sem um atleta de referência.
Nas partidas onde o treinador utilizou uma equipe considerada titular, figuraram como homens de frente, além do camisa 7, Raphinha, Matheus Cunha e um revesamento entre Rodrygo e Estêvão. A ideia de usar o atual melhor do mundo pela Fifa como um atacante centralizado lembra o posicionamento de Dembélé, atual melhor do mundo pela France Football.
No PSG, o camisa 10 não é um nove trombador ou de referência, mas sim um jogador que flutua no entrelinhas do adversário, ataca a profundidade sempre que possível e costuma se associar bastante com os atletas de lado de campo.
A principal diferença entre o que Vinicius Júnior pode passar a executar na seleção o que Ousmane Dembélé já faz no PSG: baixar ao meio-campo e jogar de costas para o gol, auxiliando na construção. A ideia de Ancelotti, a princípio, é que Vinicius seja um "leitor de espaços".
Outro comparativo que pode ser aplicado para a função que o atleta brasileiro deverá exercer é o alemão Thomas Müller, ex-Bayern de Munique, que se autodeclara um "intérprete dos espaços". Em toda sua carreira, o atleta atuou na faixa central do campo, mas nunca exatamente como um meio-campista ou centroavante, mas sim um jogador que lia o momento exato de atacar os espaços e que estava sempre bem posicionado.