Para continuar na elite nacional na próxima temporada, é certo que o Fortaleza terá de protagonizar uma daquelas arrancadas que até o torcedor mais otimista não acredita. Algo tão improvável que, quando alcançado, fica marcado para sempre. Embora com 95% de chance de rebaixamento, a matemática ainda permite ao Leão sonhar e a história mostra que o improvável nem sempre é impossível. O Fluminense de 2009 é a meta.
Há 16 anos, o clube carioca contrariou qualquer projeção lógica. O Tricolor das Laranjeiras chegou a ter 99% de chance de queda e ficou várias rodadas na lanterna do Brasileirão — em 24 rodadas, a equipe tinha somado apenas 18 pontos, a mesma quantidade do Fortaleza nesta temporada. Apesar do cenário muito complicado, o Flu tinha um fio de esperança nas sete partidas finais: para escapar, precisaria vencer seis vezes e empatar uma.
Não havia margem de erro. Naquela ocasião, a torcida abraçou o time, que correspondeu em campo. De forma surpreendente, o Tricolor, então comandado pelo técnico Cuca e com nomes de peso como Fred e Conca, embalou incríveis seis triunfos consecutivos, contra Atlético-MG, Cruzeiro, Palmeiras, Atlético-PR, Sport e Vitória. Mas ainda havia a última e decisiva rodada.
E o duelo foi diante do Coritiba, em confronto direto na luta contra o rebaixamento. Um dos dois times amargaria a queda — a disputa também contava com o Botafogo, que venceu o Palmeiras e se livrou. Naquela ocasião, o Fluminense, por ter um ponto a mais que o Coxa, tinha a vantagem do empate para se manter na primeira divisão. Em um Couto Pereira (PR) completamente lotado, o duelo foi emocionante.
Os dois gols da partida aconteceram no primeiro tempo: Marquinhos abriu o placar para o Flu, aos 26 minutos, enquanto Pereira empatou para o Coxa. Na etapa final, os donos da casa pressionaram, mas não conseguiram a virada — após o apito final, torcedores alviverdes invadiram o gramado e transformaram o local em uma zona de guerra. Melhor para o Tricolor, que se salvou de um desfecho que parecia inevitável.
Agora, 16 anos depois, o Fortaleza terá de fazer algo semelhante. Com 31 pontos, o Leão do Pici precisa vencer pelo menos quatro das últimas cinco partidas que tem no Brasileirão deste ano, algo visto por muitos como improvável. Não fosse por detalhes e falhas próprias nos jogos recentes, o time, que acumula quatro empates seguidos, poderia estar vivendo outra situação no certame.
Mas não há mais tempo para lamentar. O que resta ao Fortaleza é viver cada um dos jogos restantes como finais, honrando a torcida que tanto se frustrou em 2025. A primeira batalha acontece amanhã, na Arena Fonte Nova, contra o Bahia, o melhor mandante da atual edição do Campeonato Brasileiro. Não será fácil. Nem impossível.