Depois de seis meses, o Fortaleza enfim deixou a incômoda zona de rebaixamento. A missão ainda não foi concluída, mas o Tricolor deu mais um passo rumo ao improvável, empurrado por mais de 50 mil torcedores, ao vencer o Corinthians por 2 a 1, ontem, em uma Arena Castelão pulsante, pela penúltima rodada do Brasileirão.
Os 11 em campo se multiplicaram. Não só pela postura aguerrida de disputar cada bola, como tem sido rotina nesta arrancada histórica, mas pelo grito e pela vibração das arquibancadas a cada lance. Os argentinos Pochettino e Herrera marcaram os gols do triunfo, mas a defesa milagrosa de Brenno no apagar das luzes assegurou os três pontos, que levaram o Leão aos 43, agora na 16ª posição — ultrapassando Internacional e Vitória.
Desde a chegada da delegação ao Gigante da Boa Vista, o clima era de final. Mais uma noite decisiva, novamente diante do Corinthians, a exemplo da semifinal da Sul-Americana de 2023. O ambiente era de confiança, mas cautela. A torcida entendeu a relevância que teria desde o apito inicial, apoiando do início ao fim.
O time de Martín Palermo, como de costume, respondeu: logo aos sete minutos, Herrera recebeu bola na ponta direita, cruzou rasteiro e achou Pochettino livre na área. O camisa 7, autor do gol da vitória sobre o Atlético-MG, voltou a balançar as redes, abrindo o caminho tricolor.
Dieguinho, pela ponta direita do ataque corintiano, dava trabalho para a marcação de Diogo Barbosa. O espaço entrelinhas, nas costas de Matheus Pereira e Lucas Sasha, era explorado pelo Timão, sobretudo com as chegadas de Breno Bidon. Na área, Gui Negão era acompanhado de perto pela dupla defensiva argentina. Brítez e Ávila tiveram atuação de alto nível, com muitos cortes e disposição de sobra.
A primeira etapa terminou com ânimos exaltados pela atuação do árbitro Sávio Pereira Sampaio, sobretudo pelos cartões amarelos para jogadores do Fortaleza, e com alerta ligado pelas finalizações perigosas de Dieguinho. Àquela altura, Brenno já tinha aparecido para fazer boas defesas.
Na volta do intervalo, Palermo sacou Bareiro e Breno Lopes, montando uma nova configuração no ataque: Matheus Rossetto fazia a função centralizada na armação, retornado para preencher espaços, com Pochettino e Herrera nos lados. Deyverson ficava mais à frente, responsável por disputar os lançamentos e dar sequência às jogadas.
Aos 12 minutos, Rossetto apareceu para dar passe em profundidade para Herrera, que não conseguiu dominar. Mas o camisa 80 contou com a sorte, já que a defesa corintiana se atrapalhou para cortar, e a bola voltou para o argentino: belo toque de cavadinha, com categoria, na saída de Hugo Souza para fazer o Castelão explodir em vibração.
O Corinthians teve maior presença ofensiva com o 2 a 0 no placar, e o Fortaleza tentava explorar os contra-ataques, pecando no último passe. A cada bola cortada, tiro de meta conquistado ou lateral a favor, os atletas do Leão — titulares e reservas — vibravam, levantando a torcida.
O gol de André, aos 24 minutos, não diminuiu o ímpeto. A reta final foi de apreensão e angústia para os tricolores, que viam uma combinação favorável para deixar a zona de rebaixamento, com derrotas de Vitória e Internacional. O cenário não se complicou aos 44 minutos por um lance que ficará na memória dos torcedores: Romero recebeu cruzamento, mergulhou para testar firme e Brenno fez a defesa que valeu como um gol e garantiu a vitória.
O apito final foi a senha para uma grande festa no Castelão, com os jogadores festejando e Brenno se emocionando. Mas ainda resta mais um passo para concretizar a permanência na Série A para 2026: o duelo contra o Botafogo, no próximo domingo, 7, às 16 horas, no Estádio Nilton Santos, no Rio de Janeiro, pela última rodada. São quatro vitórias consecutivas. Mais uma garante o sonho que chegou a parecer impossível.
Fortaleza
4-3-3: Brenno; Mancuso, Brítez, Gastón Ávila e Diogo Barbosa; Matheus Pereira (Pierre), Lucas Sasha e Pochettino (Moisés); Herrera (Yago Pikachu), Bareiro (Deyverson) e Breno Lopes (Matheus Rossetto). Téc: Palermo
Corinthians
3-4-3: Hugo Souza; André Ramalho (Raniele), Cacá (José Martínez) e Gustavo Henrique; André, Maycon, Breno Bidon (Talles Magno) e Matheus Bidu; Vitinho (Kayke), Gui Negão (Romero) e Dieguinho. Téc: Dorival Júnior
Local: Arena Castelão, em Fortaleza (CE)
Data: 3/12/2025
Árbitro: Savio Pereira Sampaio/DF
Assistentes: Victor Hugo Imazu dos Santos-Fifa/PR e Daniel Henrique da Silva Andrade/DF
Gols: 7min/1ºT - Pochettino e 12/min2ºT - Herrera (FOR); 24min/2ºT - André (COR)
Cartões amarelos: Bareiro, Herrera, Matheus Pereira, Brítez e Deyverson (FOR); Gustavo Henrique (COR)
Público e renda: 56.014 presentes/R$ 1.433.088,00