O ano de 2025 ficará marcado na memória do torcedor do Ceará como um enigma difícil de decifrar. O que começou como uma temporada de afirmação e calmaria em Porangabuçu transformou-se, de forma abrupta, em um cenário de frustração e queda, alterando drasticamente os rumos da instituição.
O início do ciclo era promissor. Após um 2024 brilhante, coroado com o retorno à Série A e a estabilidade sob a batuta de Léo Condé, o elenco parecia em constante evolução. A diretoria optou por contratações pontuais e estratégicas, respeitando a realidade financeira do momento. Reforços como Willian Machado, Dieguinho, Galeano e Pedro Raul chegaram para encorpar o grupo e logo provaram seu valor.
No Campeonato Cearense, o Vovô entrou em campo com a missão de defender o título e buscar a hegemonia estadual. À época, Ceará e Fortaleza dividiam o topo do ranking de troféus com 46 conquistas cada.
Entretanto, o Alvinegro demonstrou superioridade técnica e mental: após vencer o primeiro duelo da final por 1 a 0, com gol de Sobral, garantiu o bicampeonato no confronto decisivo. O empate em 1 a 1, selado por um tento salvador de Pedro Raul, assegurou a taça e o topo isolado do Estado.
Nas competições de mata-mata, os êxitos não foram tão contundentes. Na Copa do Nordeste, o sonho do título encerrou-se diante do Bahia, que viria a se sagrar o grande campeão regional. Já na Copa do Brasil, a equipe cearense despediu-se nas oitavas de final após enfrentar o poderio do Palmeiras.
Apesar dessas eliminações, a verdadeira bússola da temporada era o Brasileirão. O primeiro turno deu indícios de uma permanência tranquila. O Vovô conquistou resultados expressivos, especialmente para um recém-chegado à elite.
Na retina do torcedor, permanecem a vitória histórica contra o Cruzeiro em um Mineirão lotado — quando a Raposa liderava o certame — e o empate aguerrido no Castelão ante o Flamengo, oponente que viria a erguer o troféu nacional.
A trajetória de calmaria, contudo, desandou na segunda metade da competição. Ao perceber o desgaste físico do elenco, a diretoria alvinegra buscou reforços na janela de transferências: Zanocelo, Vina, Rodriguinho, Lucca e Paulo Baya desembarcaram em Fortaleza. Desses, todavia, apenas o volante se destacou.
As demais peças não contribuíram de forma efetiva. O caso mais emblemático foi o de Vina. O meia, que retornou com status de ídolo máximo, acabou marcado negativamente pela expulsão precoce diante do Internacional, em um embate direto que poderia ter selado a permanência da equipe na Série A.
A derrocada final ocorreu em um encerramento de tabela impiedoso. Nas últimas quatro rodadas, o Ceará somou apenas um ponto em 12 possíveis contra Mirassol, Cruzeiro, Flamengo e Palmeiras. O desenlace foi cruel: na rodada derradeira, sob o olhar de um Castelão lotado, o Alvinegro, que passou o campeonato inteiro fora do Z-4, entrou na zona de degola nos últimos minutos e teve o rebaixamento confirmado.
O descenso custou o cargo de Léo Condé. Para liderar a retomada em 2026, a diretoria anunciou o técnico Mozart, profissional com vasta experiência na Série B e dois acessos recentes no currículo. A esperança da torcida é que a "sinfonia" volte a soar em sintonia, conduzindo o Ceará novamente ao seleto grupo das maiores potências do Brasil.
Sucesso na base, frustração no feminino e no futsal, promessa no vôlei
O Ceará não se resume a futebol masculino e a camisa alvinegra também despontou em outras modalidades. O principal destaque veio das categorias de base. No sub-20, o grande destaque foi uma conquista inédita. Após eliminar o Fortaleza na semifinal, sagrou-se campeão da Copa do Nordeste , batendo o Bahia na decisão.
O vôlei feminino é outro destaque. Na temporada 2024-2025 da Superliga B, o time bateu na trave, sendo eliminado nas quartas diante do São Caetano, deixando o acesso escapar. Já em 2025-2026, o Alvinegro é terceiro colocado com três vitórias em quatro jogos.
No futebol feminino, o ano foi frustrante. O time acabou desperdiçando a oportunidade do tri no Campeonato Cearense, perdendo nos pênaltis para o Fortaleza na decisão. No Brasileirão A-3, foi eliminado pelo Atlético Piauiense nas quartas de final. Na Copa do Brasil, caiu na primeira fase da competição.
Já no futsal, as expectativas foram frustradas. O time caiu nas quartas de final para o Traipu-AL, eventual vice-campeão. No Cearense, o Vovô foi eliminado nas quartas de final para Russas.