Apatia e frustração: duas palavras resumem bem o que foi a temporada do Fortaleza. Após um ano anterior mágico, marcado por uma nova campanha histórica na Série A do Campeonato Brasileiro, em que o clube terminou em quarto lugar e garantiu classificação à Libertadores, o Tricolor do Pici viveu, em 2025, um pesadelo sem fim. Nenhuma boa lembrança ficou para os torcedores.
A empolgação com a chegada de nomes “de peso”, como Pol Fernández, ex-capitão do Boca Juniors, e David Luiz, ex-PSG, Chelsea e Flamengo, não durou muito. Os péssimos desempenhos em campo, as eliminações na Copa do Nordeste e na Copa do Brasil, além do vice no Campeonato Cearense — que devolveu a hegemonia estadual para o maior rival —, foram fortes indicativos de que o ano não terminaria bem.
E não terminou. No meio do caminho da crise, veio a queda de Juan Pablo Vojvoda, o maior e mais vitorioso treinador da história do clube. O argentino não resistiu à pressão e foi demitido após derrota no Clássico-Rei, em julho, desta vez pelo Brasileirão. Renato Paiva, escolhido como substituto, piorou um cenário que já estava devastado. Ficou na conta de um milagre, e Martín Palermo até tentou, mas o destino final estava selado: a Série B.
O início de 2025 do Fortaleza fugiu ao habitual. O clube optou por realizar a pré-temporada fora do país, nos Estados Unidos, em um resort localizado na Flórida, onde faria alguns amistosos contra times locais — inicialmente, a ideia era enfrentar o Santos e o Atlético Nacional-COL, mas ambos não participaram. Por lá, o Leão perdeu para o quase amador Miami United e venceu o Chicago Fire.
Na volta para o Brasil, o Tricolor até embalou uma sequência de seis vitórias consecutivas entre jogos do Cearense e da Copa do Nordeste. Nesse recorte, o triunfo mais simbólico aconteceu diante do Sport, em jogo que marcou o primeiro triunfo do time cearense na Ilha do Retiro. Tudo parecia dentro da normalidade, até que veio o primeiro Clássico-Rei do ano — e com ele a primeira derrota. A partir dali, as coisas começaram a desmoronar no Pici.
Nada mais deu certo. Após o revés para o Ceará, o Fortaleza também perdeu para o Altos-PI e para o Vitória na Copa do Nordeste. Na semifinal do Estadual, um confronto dramático diante do Ferroviário: empate sem gols no jogo de ida e, na volta, vitória conquistada nos acréscimos do segundo tempo, após péssima atuação em campo.
O grande baque aconteceu na decisão do Cearense, quando foi derrotado pelo Ceará no placar agregado. Na sequência, uma eliminação vexatória para o Retrô-PE na terceira fase da Copa do Brasil, em plena Arena Castelão. Na Lampions, o Tricolor caiu nas quartas de final para o Bahia, em jogo único disputado na Arena Fonte Nova, em Salvador (BA).
Foram tantas frustrações em 2025 que a participação do Fortaleza na Copa Libertadores ficou ofuscada. Mas o Leão não só jogou a fase de grupos, como avançou às oitavas de final. No Castelão, sofreu uma derrota acachapante contra o Racing-ARG, por 3 a 0 — que poderia ter sido muito mais larga, não fossem as defesas de João Ricardo — e perdeu para o clube argentino novamente no segundo duelo, em Buenos Aires.
Diante do Atlético Bucaramanga, da Colômbia, foram dois empates. Pesaram a favor do Tricolor os jogos contra o Colo-Colo. No Chile, uma invasão de campo protagonizada por torcedores locais obrigou o término antecipado da partida — posteriormente, o Leão foi declarado vencedor. Na capital cearense, goleada do Fortaleza por 4 a 0. Assim, o clube então comandado por Vojvoda passou em segundo lugar na chave.
Na etapa seguinte do certame, o Tricolor encarou o Vélez Sarsfield-ARG e encerrou sua participação no torneio continental. No confronto de ida, na Arena Castelão, empate sem gols. Na volta, o clube argentino venceu por 2 a 0 e eliminou o time cearense. A partir disso, o foco do Leão passou a ser totalmente voltado para o Campeonato Brasileiro.
As consequências de um ano ruim, marcado por contratações que não corresponderam em campo e pelo declínio de boa parte dos jogadores remanescentes de 2024, foram estampadas na Série A, principal competição do calendário do Fortaleza. A tal “virada de chave”, tão esperada entre os tricolores, não aconteceu no Campeonato Brasileiro.
Pelo contrário: o time se afundou ainda mais em crise, com resultados ruins e péssimas atuações dentro de campo. Entrou efetivamente na zona de rebaixamento na 11ª rodada e permaneceu nela por 26 jogos seguidos da competição. Nesse processo, Vojvoda foi demitido após mais de quatro anos no cargo. Renato Paiva durou apenas oito partidas no comando.
Na janela de transferências do segundo semestre, o departamento de futebol foi agressivo no mercado e trouxe vários nomes novos. Aliado a isso, também chegou o treinador Martín Palermo, que conseguiu o que parecia improvável: melhorar tática e tecnicamente o plantel. Conquistou resultados importantes e embalou uma sequência incrível de triunfos. Na penúltima rodada, o Leão saiu do Z-4.
Mas de nada adiantou a reação. No último jogo, contra o Botafogo, no Rio de Janeiro, derrota por 4 a 2. Em paralelo, os rivais diretos venceram, e o rebaixamento tricolor foi decretado, encerrando um longo período na elite nacional e finalizando um ano completamente melancólico para a torcida do Fortaleza.