Conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS), o estresse é um esgotamento físico e mental que atinge mais de 90% da população do mundo. Causado por diferentes fatores, esse esgotamento está ligado, principalmente, ao medo, e é uma forma do corpo avisar que está no limite do cansaço físico ou psicológico. Segundo a Associação Internacional de Manejo do Estresse (Isma - Brasil), o País é o segundo em população mais estressada do mundo com 30%, perdendo apenas para o Japão com 70% da população. De acordo com a instituição, o fator que mais causa estresse no brasileiro é o trabalho.
Devido à pandemia da Covid-19, parte dos trabalhadores migraram para o formato home office para dar continuidade às atribuições de forma mais segura. Contudo, a mudança ocasionou novas situações no cotidiano, como lidar com tarefas domésticas em paralelo com o expediente. O estresse já comum só com as atividades do trabalho ganhou ainda mais o medo de adoecer, de perder o emprego e de estar em confinamento.
De acordo com psicóloga especializada em psicoterapia, psicodiagnóstico e gestão de pessoas Sther Oliveira, os principais sintomas para identificar se uma pessoa estar sofrendo de estresse são cansaço físico, insônia, aumento da pressão arterial e diminuição do libido. Ainda destacam-se a dificuldade para se concentrar em algo que antes não tinha, falta de ar, palpitação no coração, mau humor diário, irritabilidade constante e sentimento de tristeza e cansaço.
"O estresse traz palpitações no coração, falta de ânimo para levantar da cama, para ir trabalhar, a energia do corpo cai e, a partir disso, o estresse pode ocasionar outras doenças de forma rápida, como ansiedade ou depressão", exemplifica Sther.
Com os novos formatos de trabalho, surgem também as novas sensações intensificando o estresse do trabalhador durante o expediente. Entre os motivos estão: o medo de não conseguir entregar as demandas no prazo solicitado, não corresponder ao que a empresa espera, está sempre disponível na hora que a empresa solicitar, não receber um feedback ou receber ele de forma negativa.
Dicas para não entrar em parafuso
1. Crie uma rotina. É importante criar horários de trabalho, de intervalo, de refeições, ter momentos de lazer e descanso. No confinamento, o lazer pode ser preparar um café, um almoço, fazer yoga, assistir tv ou ler um livro. "Quando percebemos os primeiros sinais que algo está fora do nosso normal, além de procurar ajuda profissional, é importante estabelecer uma rotina de trabalho e atividades diárias. O cérebro gosta e se adapta melhor a uma rotina seja ela qual for", explica a psicanalista Vera Machado.
2. Faça exercícios. Movimentar é uma ótima maneira de combater o estresse, a ansiedade e a depressão. Com as atividades, é possível produzir hormônios que trazem satisfação e prazer por meio da liberação da endorfina. Esta melhora a autoestima e a qualidade do sono. Qualquer exercício que gere movimento diminui o estresse. As atividades podem ser desde musculação até yoga ou pilates.
3. Tenha uma boa alimentação. Uma alimentação adequada e saudável melhora o humor, combate a depressão e afasta o estresse diário.
4. Leia livros. Escolha livros com os quais você se identifica. A leitura reduz a pressão arterial e os batimentos cardíacos. Você respira mais devagar quando está lendo e isso relaxa os vasos sanguíneos, fazendo com que o sangue flua mais facilmente.
5. Faça terapia. É uma oportunidade para você se expressar, colocar suas angústias e dores, pois é um espaço no qual você vai ter um momento só seu, de não julgamento, de ser respeitado, escutado e acolhido.
Fontes: psicóloga especializada em psicoterapia, psicodiagnóstico e gestão de pessoas Sther Oliveira e a psicanalista Vera Machado
Os mais estressados do mundo
Uma pesquisa realizada pela Associação Internacional de Manejo do Estresse (Isma - Brasil), em 2017, aponta os cinco países mais estressados do mundo. Em primeiro lugar, vem o Japão com 70% da população sofrendo de nível de estresse no trabalho, conhecido como Síndrome de Burnout. Em segundo lugar, vem o Brasil, com 30%, seguido pela China com 24%, Estados Unidos com 20% e Alemanha com 17%.
De acordo a psiquiatra de adultos e da infância pelo Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Vera Garcia, de cada dez trabalhadores, três pelos menos sofrem da chamada Síndrome de Burnout, esgotamento mental intenso causado por pressões no ambiente profissional. Os principais estressores: 89% desequilíbrio entre esforço e recompensa; 78% falta de tempo (longa jornada) e 63% relacionamentos interpessoais. No Brasil, os entrevistados relataram sofrer com as longas jornadas, sobrecarga de tarefas e a tensão no ambiente corporativo.
Fonte: Ministério da Saúde (MS), ISMA-BR e Vera Garcia, psiquiatra de Adultos e da Infância pelo Instituto de Psiquiatria da UFRJ, com MBA de Gestão em Saúde pela FGV.
Refúgio por meio do artesanato
No cotidiano da analista de Tecnologia da Informação (TI) Cléo Oliveira, 42, lidar com o home office demorou um certo tempo. O contato remoto em virtude da pandemia da Covid-19 foi desafiador. A falta de uma rotina organizada por ela logo no início dessa nova configuração de trabalho ocasionou situações de estresse diário. Entretanto, a inclusão do artesanato por meio do macramê, técnica de tecelagem manual, na rotina foi a saída para relaxar e amenizar o sentimento de esgotamento físico e mental.
"O macramê ajuda muito. Qualquer tipo de artesanato traz você para o "agora". Faz você ficar concentrada e sua única preocupação é estar ali e fazer aquela peça. Isso ajuda a relaxar. Com a cabeça ocupada, você não pensa em mil e uma besteiras e não se envolve mais do que o normal. E diante da pandemia, já ameniza os sentimentos de estresse do dia a dia", percebe a analista.
Segundo a analista, entre os sintomas que aparecem quando ela está estressada, o principal é a sensibilidade ao extremo. "Qualquer coisa faz você rir, qualquer coisa faz você chorar", diz. Para ela, a instabilidade gera um conjunto de medo derivados pelo trabalho e pela incerteza de como as coisas vão acontecer. "Todo estresse gera uma ansiedade do cenário do futuro, daquilo que você vai fazer."
Para administrar o tempo de trabalho com a produção dos macramês, Cléo produz fora dos horários do expediente. "Sempre faço à noite ou no final de semana. E uma das vantagens é que eu faço para meu próprio uso. Os macramês que eu faço são para suporte de plantas, mas com o confinamento intensifiquei expandindo para bolsas e cortinas. Além disso, o retorno das pessoas sobre os macramês também é muito prazeroso", pontua.
Os impactos na saúde do corpo
Pele
Entre os problemas mais comuns estão o aparecimento de problemas como eczema e psoríase, geralmente causados pelo aumento nos níveis de cortisol, hormônio ligado ao estresse que provoca uma resposta inflamatória do organismo. Vermelhidão, coceira e descamação da pele são alguns dos sintomas do eczema. A psoríase também causa manchas vermelhas e coceira, além de ressecamento. O cortisol também pode causar o agravamento da acne em indivíduos que tenham predisposição a esse problema.
Cabelos
O estresse pode levar ao aumento da oleosidade dos cabelos e desencadear problemas como a dermatite seborreica, uma doença crônica que pode afetar tanto o couro cabeludo quanto a pele. Enquanto algumas pessoas notam aumento de oleosidade nos cabelos, o estresse também pode levar ao ressecamento dos fios, aumentar a quantidade de fios grisalhos em pessoas que têm essa predisposição, provocar o afinamento dos fios, deixando os cabelos mais ralos, e até mesmo causar sua queda.
Estômago
Quando sentido por períodos prolongados ou de forma muito aguda, o estresse tem a capacidade de mudar o nível de acidez do estômago, o que pode causar azia, má digestão, gastrite e, em casos mais graves, a formação de úlceras.
Músculos
Um dos principais sintomas do estresse é a tensão muscular, que se manifesta principalmente na região do pescoço, ombros e costas. O estresse pode causar torcicolos, dores lombares e, em casos em que é mais acentuado, até mesmo dores de cabeça, desencadeadas pela tensão nos músculos das costas e pescoço.
Fonte: o farmacêutico Adriano Ribeiro, da rede de farmácias Extrafarma