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Fisiculturismo ganha adeptos e tenta superar preconceitos em Fortaleza
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Fisiculturismo ganha adeptos e tenta superar preconceitos em Fortaleza

Apesar do estigma sobre o uso de suplementos, modalidade cresce na Capital. Estrutura para disputa de campeonatos, entretanto, ainda é amadora
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FORTALEZA, CE, BRASIL, 07.10.2021: Aumento da prática de fisiculturismo em Fortaleza. Personagem Marcel Costa que tem a prática do exercicio se exercitando na academia que treina. Marcel posa nas posas classicas do fisiculturismo (Thais Mesquita/OPOVO) (Foto: Thais Mesquita)
Foto: Thais Mesquita FORTALEZA, CE, BRASIL, 07.10.2021: Aumento da prática de fisiculturismo em Fortaleza. Personagem Marcel Costa que tem a prática do exercicio se exercitando na academia que treina. Marcel posa nas posas classicas do fisiculturismo (Thais Mesquita/OPOVO)

Mílon de Crotona é tido como um dos primeiros fisiculturistas da humanidade. Segundo o mito, o greco era capaz de carregar um boi de quatro anos nas costas e comia 57 mil calorias diárias (55 mil a mais que uma pessoa comum). Exercícios físicos intensos e uma dieta rigorosa fazem parte do dia a dia de quem procura ir ao limite da musculatura humana no fisiculturismo. Apesar do esporte ser cada vez mais praticado nas academias de Fortaleza, ele sofre com o preconceito e a falta de profissionalização dos atletas.

Segundo o administrador da Sportgym (academia referência em fisiculturismo em Fortaleza), Cássio Normando, o número de atletas que começaram a praticar o esporte em um ano cresceu cerca de 50% na academia. A expectativa de Cássio é que haja mais adesão à prática futuramente.

O policial militar Daniel Maia, de 34 anos, atleta e treinador fisiculturista, acredita
que o fisiculturismo hoje já é mais difundido do que a época em que ele começou. “Posso falar que em meados de 2017, período que iniciei no fisiculturismo, já havia uma crescente no esporte. Tínhamos alguns atletas de potencial e anualmente havia campeonatos a nível estadual. Porém, hoje, vejo que o número de adeptos (atletas, treinadores e público) aumentou significativamente. Acredito que atualmente todo mundo tem um amigo fisiculturista nas redes sociais”, comenta Daniel.

Um desses novos adeptos é o engenheiro civil Marcel Costa, de 42 anos, que gosta do esporte desde a adolescência, mas, após o período de isolamento social devido à pandemia de Covid-19, começou a se dedicar integralmente ao fisiculturismo.

“Sempre gostei de praticar esportes e de estar bem fisicamente. Com 15 anos, quando conheci um fisiculturista, me interessei pela prática, mas nunca entrei de forma dedicada. Depois de quebrar o pé e passar por uma pandemia em que engordei muito, não me senti bem com meu corpo e procurei voltar para os exercícios e fazer dieta. Mesmo assim, quando malhava, me perguntava o que me faltava e por que nunca estava satisfeito. Com incentivo de um grande amigo, que já pratica o esporte, e da minha nutricionista, passei a enxergar a possibilidade de evoluir mais meu corpo e de disputar um campeonato”, conta Marcel.

De acordo com Daniel, o preconceito contra quem pratica a modalidade é comum e não envolve somente a polêmica do uso dos anabolizantes esteroides, mas também a associação a violência, falta de capacidade intelectual e discriminação do porte físico de homens e mulheres. A nutricionista clínica e esportiva Rackel Lacerda explica que o uso de substâncias que favorecem o anabolismo estão presentes na vida de um atleta fisiculturista, porém, há também um acompanhamento por profissionais de saúde como médicos, fisioterapeutas, nutricionistas e educadores físicos.

“Anabolizante não faz nenhum milagre. Se o treino é zero, se a dieta é zero, o resultado também será zero. Algumas pessoas não pensam na alimentação quando entram em uma academia, já vão logo pensando no que irão tomar. O anabolizante é um multiplicador e não o soro do Capitão América. O fisiculturismo sofre muito preconceito por causa disso, mas outros esportes usam também”, elucida Rackel.

Segundo a legislação brasileira (Lei nº 9.965), a comercialização livre de anabolizantes esteróides é crime contra a saúde pública. A maioria das substâncias podem ser adquiridas mediante a apresentação da cópia carbonada de receita emitida por médico ou dentista devidamente registrados nos respectivos conselhos profissionais.

Apesar de muito praticado, o fisiculturismo não conta com torneios profissionais em Fortaleza. Para Daniel, quem compete no nível amador o faz por amor e gratidão ao esporte. “Os campeonatos não remuneram, os atletas pagam caro para competir e mostrar seu trabalho, pagam para ‘dar show’ e saem de lá de mãos vazias ou apenas com um troféu”, afirma o treinador.

Nesse sábado, 2, aconteceu o campeonato amador Muscle Contest Fortaleza. Marcel Costa foi um dos vencedores e comentou a sensação de disputar seu primeiro torneio. “Já me senti um vencedor antes mesmo de subir no palco, pelo condicionamento físico que conquistei. Realizar um sonho foi incrível, eu realmente me diverti, talvez por ser a primeira competição. Ganhar a categoria Men 's Physique 40+ foi a constatação que com dedicação e disciplina realmente você consegue o que quer”, expressa Marcel.

Serviço

Sportgym

Endereço: avenida Rui Barbosa, 2827

Horários: Segunda a sexta-feiras de 6h às 22 horas; sábado de 8h às 16 horas; domingo de 9h às 13 horas

 

Dicas de Daniel Maia para quem deseja começar no fisiculturismo

  • Priorizar estudos e profissão, não tentar viver do esporte
  • Investir muito tempo e dinheiro com suplementos, academia e dieta
  • Ter pessoas próximas que apoiem seu sonho
  • Ter paciência e ser constante, os resultados não são imediatos
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