Um é mais conhecido por ser insistente e causar alergias. O outro tem mais fama por ser o vetor das arboviroses, como dengue, zika e a chikungunya. O Culex (muriçoca, pernilongo, borrachudo!) e o aedes aegypti têm várias diferenças em seus hábitos e características físicas.
Apesar de um estar mais associado com doenças do que o outro, o combate aos dois insetos é importante, principalmente em períodos chuvosos. Confira diferenças básicas entre as duas dores de cabeça aladas.
Características físicas
O Aedes Aegypti tem o corpo menor do que o Culex. Geralmente, a coloração do seu corpo é escura, quase preta. As pernas, cabeça e torso têm listras brancas características da espécie, que tornam mais fácil identificá-la a olho nu, principalmente em insetos adultos.
O Culex tem a cor mais amarronzada e pode parecer mais claro que o Aedes Aegypti. Ele atinge um tamanho maior que a outra espécie e não tem manchas rajadas no corpo. O mosquito tem ainda um dorso com escamas amareladas.
Os dois mosquitos têm aparelho bucal sugador. Ao encostar na pele, substâncias anestésicas e anticoagulantes são liberadas para que a sucção seja mais fácil e indolor. Apenas após a alimentação é que o ser humano sente a reação alérgica da picada — aquela dorzinha e coceirinha.
Comportamento
As fêmeas das duas espécies são hematófagas, ou seja, se alimentam do sangue humano. Elas precisam do sangue para a produção de ovos e perpetuação de suas respectivas espécies. Ao mesmo tempo, os machos podem se alimentar de seiva de plantas.
Os mosquitos Culex têm um zumbido que pode ser ouvido pelos seres humanos. O que produz o som é a batida de suas asas. O Aedes Aegypti, pelo contrário, é um mosquito mais "ninja" — silencioso, porém mortal.
O início da manhã e o fim da tarde são os momentos preferidos de atuação do Aedes Aegypti. A fêmea que tenta se alimentar de sangue costuma ser oportunista, rondando as pessoas próximas até conseguir picá-las.
O Culex costuma descansar durante o dia, longe da luz solar, e procurar alimento durante a noite. Ele tem um voo mais lento do que o Aedes e costuma picar pessoas enquanto elas dormem. Ou seja, é mais fácil de ser morto por um tapão bem mirado.
Proliferação
O Aedes Aegypti prefere águas paradas e limpas para fazer a postura de ovos. Enquanto isso, o Culex gosta de recipientes com água suja, com bastante matéria orgânica.
Como uma vantagem evolutiva, a fêmea do Aedes Aegypti consegue pôr ovos em vários recipientes diferentes. Enquanto isso, o Culex coloca todos os ovos juntos em um só local.
Caso não tenha água no momento da postura, os ovos do Aedes Aegypti conseguem sobreviver ao ambiente seco por até um ano. Assim que entram em contato com a água, a qualquer momento, podem começar o processo de eclosão.
Os dois mosquitos colocam cerca de 200 ovos e chegam à idade adulta no período de sete a nove dias.
Prevenção
Vedar reservatórios de água, como caixas d'água ou cacimbas, é importante para evitar que os mosquitos consigam colocar ovos.
Descarte adequado de lixo por meio da coleta seletiva, sem criar pontos de acúmulo na vizinhança, ajuda a manter longe locais de infestação desses e de outros insetos.
Limpar frequentemente vasos de planta, tigela de água para pets, suporte para garrafões, lajes e ralos faz com que o mosquito tenha menos oportunidades de se proliferar dentro das residências.
Fontes: Atualpa Soares, presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Ceará, e Fernando Dias, pesquisador da Fiocruz Ceará